O Psicólogo Responde: O que pode causar um ataque de pânico?
Ataque de pânico

O Psicólogo Responde: O que pode causar um ataque de pânico?

O Psicólogo Responde é uma rubrica sobre saúde mental para ler todas as semanas. Tem comentários ou sugestões? Escreva para opsicologoresponde@cnnportugal.pt

Filipe Moreira
Psicólogo e membro da Delegação Regional Norte da Ordem dos Psicólogos Portugueses

Para saber as causas de um ataque de pânico é essencial compreender primeiro o que é um ataque de pânico, já que o desconhecido pode ser tão ou mais ameaçador quanto o próprio sintoma. O ataque de pânico é uma experiência intensa e repentina de medo ou desconforto extremo que desencadeia um vasto número de sintomas físicos e emocionais. Essas sensações físicas são interpretadas de forma catastrófica (por exemplo, a perceção das palpitações como indício de enfarte agudo do miocárdio), o que leva a um aumento significativo do medo e, consequentemente, ao aumento da intensidade dos sintomas. Note-se que o ataque de pânico não é uma perturbação, mas sim um sintoma que pode vir a desenvolver para uma perturbação de pânico, essa sim considerada uma psicopatologia.

Importa realçar que o ataque de pânico carece de uma subjetividade muito grande de sintomas, o que pode dificultar ainda mais a sua compreensão que, na maioria das vezes, leva a uma descredibilização e desvalorização da experiência sentida. Estes comportamentos podem resultar na internalização por parte da pessoa resultando numa perceção de que esta experiência é muito mais ameaçadora do que realmente o é. Algumas frases como “deixa lá, isso é da tua cabeça”, “tem calma”, “deixa-te dessas coisas”, entre outras, apenas irão fortalecer o medo súbito de um novo ataque e levar a pessoa a um constrangimento interno de sufoco existencial. Apesar da subjetividade mencionada, alguns sintomas são mais comuns, como por exemplo, batimento cardíaco acelerado, sensação de falta de ar ou sufocamento, tremores, sudorese excessiva, náuseas, sensação de estar fora do seu corpo, medo de perder o controlo e enlouquecer e até a sensação de desmaio, que reforça o medo irreal de perder o controlo. Durante um ataque de pânico é frequente que se faça uma respiração rápida e superficial, o que implica um grande esforço físico, um aumento da concentração de oxigénio no organismo e diminuição de dióxido de carbono. Este desequilíbrio leva ao aparecimento dos sintomas referidos, nomeadamente da sensação de falta de ar e hiperventilação.

Relativamente às causas, estas não são totalmente compreendidas, mas existem vários fatores que podem contribuir para o seu desenvolvimento. Isso inclui predisposição genética, desequilíbrios químicos cerebrais, momentos de

grande stress, mudanças na vida e determinadas condições médicas. O ataque de pânico pode ocorrer em situações de alta ansiedade ou em momentos sem causa aparente, mesmo durante o sono. Começam, habitualmente, de forma abrupta e podem durar desde alguns minutos, cerca de quinze, até uma hora. Podem também ser desencadeados por situações específicas ou fobias e estar associados a outras perturbações de saúde psicológica, como a depressão, perturbações de ansiedade e perturbações de Stress Pós-traumático, entre outras. Salienta-se que, em alguns casos, a causa exata de um ataque de pânico pode não ser clara e pode ocorrer espontaneamente ou sem qualquer gatilho aparente. Ou seja, vários tipos de estímulos podem desencadear ataques de pânico, desde os externos, como a situação em que a pessoa vivenciou anteriormente um ataque (por exemplo, num elevador, num centro comercial, na autoestrada), aos internos (pensamentos, sensações corporais, imagens).

Ter ataques de pânico pode ser realmente muito incapacitante, pelo facto de viver com um medo constante de estes sintomas repetirem.

É importante passar a mensagem que, embora sejam muito assustadores, os ataques de pânico não representam uma ameaça na vida da pessoa. E embora as causas não sejam completamente compreendidas, a psicoterapia e ajuda especializada podem ajudar no controlo dos sintomas, de modo a permitir reduzir a frequência e intensidade dos ataques, aliando desta forma o bem-estar a uma perspetiva segura de futuro.

Sugestões

  • O ataque de pânico é um sintoma e não uma perturbação.
     
  • Deve-se procurar um local fresco e calmo.
     
  • Estudos revelam uma melhoria significativa dos sintomas quando se pratica uma atividade física regular.
     
  • Inspirar profundamente e expirar lentamente durante uns minutos. As técnicas de controlo respiratório ajudam a respirar de forma lenta e profunda, evitando a alta intensidade dos sintomas dos ataques de pânico.
     
  • Procura manter a calma e o pensamento positivo, acreditando que os sintomas e desconforto vão passar em breve.
     
  • O tratamento passa, essencialmente, pela psicoterapia e, muitas vezes, à combinação com psicofarmacologia.
     
  • É fundamental recorrer ao tratamento o mais cedo possível e manter o plano terapêutico de modo a prevenir as recaídas.
     

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