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Indicador de sentimento nas redes sociais. Não é uma sondagem, mas um reflexo de opiniões interpretadas por um modelo tecnológico. A atualização das percentagens é feita até 18 horas após a hora prevista para o início do respetivo debate. Projeto em fase experimental da Augusta Labs e da CNN Portugal. Saiba mais aqui

Mariana, "obcecada pelo Estado", e Montenegro, "extremista" que se reuniu com "a oligarquia de Putin": o frente a frente entre Bloco e AD

A coordenadora do Bloco de Esquerda e o líder do PSD discordaram de todos os temas que estiveram em cima da mesa de debate na TVI. O frente a frente entre ambos ficou marcado pela troca de acusações, que até envolveu o nome de Putin

Saúde, Habitação e salários. Mariana Mortágua e Luís Montenegro discordaram nos três temas que estiveram em debate no frente a frente desta terça-feira, na TVI. Enquanto Montenegro acusa a coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) de ser “obcecada com o Estado”, Mariana Mortágua critica o programa (ou, no caso, a falta dele) da Aliança Democrática (AD), descrevendo-o mesmo como “uma cópia do programa extremista da IL e até do Chega”.

“É um programa que quer uma saúde mais cara e pior para as pessoas”, critica Mariana Mortágua, apontando como exemplo o cheque-cirurgia proposto pela AD que, lembra, já existe “há dez anos” e “não resolveu nenhum problema na saúde”. Pelo contrário, diz, “as filas de espera só aumentaram”, inclusive no privado. “Se todos os doentes fossem enviados para o privado,  privado não teria resposta, e o que ia acontecer eram filas de espera no privado. A não ser que o privado fosse contratar médicos ao SNS”, argumenta.

Em resposta, Luís Montenegro lamenta que Mariana Mortágua “tenha tão pouca esperança no SNS”. “Eu confio muito no SNS e acho que vale a pena salvá-lo daquilo que foi uma caminhada de designação que tem o seu cunho e a sua contribuição”, diz, apontando o dedo à coordenadora do Bloco, lembrando a geringonça entre o PS, o BE e o PCP.

Mais do que problemas estruturais, Montenegro diz que o SNS atravessa agora “uma situação de urgência”, para a qual garante ter respostas, desde logo aprovando um programa de emergência logo nos primeiros 60 dias de governo. Neste período, concretiza, a AD compromete-se  a atribuir um médico de família a todos os portugueses, “em complementaridade” com o privado e social. Já em relação ao cheque-cirurgias, Montenegro diz que esse voucher “será endossado ao doente no próprio dia” em que ultrapassar o tempo máximo de filas de espera, que ambiciona pôr fim em 2024 ou 2025.

Mariana Mortágua contra-ataca, afirmando que as pessoas “não confiam” nos vales de cirurgias e lembra as conclusões do Tribunal de Contas para justificar os riscos das PPP. “O PSD quer entregar a saúde a quem quer burlar a saúde”, acusa.

Perante a insistência da coordenadora do Bloco no tema da saúde, Montenegro diz que Mortágua parece estar a posicionar-se já como “candidata a ministra de Saúde de Pedro Nuno Santos” e acusa-a de viver “obcecada com o Estado”. O líder dos sociais-democratas sublinha que os hospitais, uma vez em regime de PPP, apresentaram melhores resultados. “O Bloco fala de um país que não existe”, critica.

Veja quem ganhou o debate aqui

A reunião entre PSD e Putin e a "nova Venezuela" de Mortágua

Também na habitação não houve consenso entre os dois candidatos. O Bloco de Esquerda volta a defender tetos máximos nas rendas e critica as taxas de juro, enquanto a AD defende uma atuação sobre a oferta e sobre a procura. “Menos burocracia, regras mais ágeis e menos fiscalidade”, enumera Montenegro.

Para Mariana Mortágua, as propostas da AD para a habitação mais não são do que “uma política de especulação e selva no arrendamento” e critica ainda o facto de a coligação não apresentar qualquer proposta para o crédito à habitação. A coordenadora do Bloco acusa depois o PSD de ter ido à Rússia para “negociar com a oligarquia de Putin” para vender vistos Gold, sublinhando que é por essa razão que os custos do imobiliário estão tão elevados.

Em resposta, Montenegro diz que o que o Bloco de Esquerda ambiciona é transformar Portugal numa “nova Venezuela ou Cuba”. Já para Mariana Mortágua, “não há nada mais extremista ou radical do que uma renda de 1.500 euros por um T1”.

Ainda sobre o tema da habitação, Montenegro argumenta que “não há investimento possível na baixa de Lisboa para fazer construções a custo controlado”, sublinhando que a requalificação desse edificado comporta um custo que “não é comportável” para os investidores.

O "engodo" da AD nos salários e a "folga à classe média" nos impostos

Da habitação, o debate prossegue para o tema dos salários. Mariana Mortágua critica a proposta da AD sobre o pagamento de um 15.º mês de salário isento de impostos para os trabalhadores que cumprirem os objetivos de produtividade, descrevendo-o mesmo como “um engodo”. “Se é preciso subir os salários, porque não sobem? Porque é que se engana as pessoas?”, questiona a coordenadora bloquista, acusando a AD de só ter uma “única forma” de gerir a economia: “dar dinheiro público a grandes empresas.”

O líder do PSD, por sua vez, critica a carga fiscal, argumentando que “os impostos elevados comprimem a capacidade do país de criar riqueza e pagar melhores salários”. “Temos de dar folga à classe média” com uma baixa do IRS, defende Montenegro

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Sobre o Pulsómetro

Este produto tecnológico baseia-se na análise de opiniões de portugueses manifestadas em várias redes sociais: Twitter, Facebook, Instagram, Reddit e Youtube. São consideradas apenas opiniões relativas à performance comparativa dos candidatos presentes em cada debate e são anulados comentários repetidos, ou contraditórios por parte da mesma conta das redes sociais, assim como utilizados vários mecanismos de prevenção contra "bots". As opiniões são interpretadas através de um LLM (“large language model”, um modelo de linguagem natural) capaz de realizar uma análise de sentimento às várias interações identificadas. Através deste processo, extrai-se informação que permite formular uma aproximação à opinião pública portuguesa nestes fóruns. A atualização das percentagens é feita até 18 horas após a hora prevista para o início do respetivo debate. O modelo utilizado é desprovido de inclinações políticas, garantindo imparcialidade na interpretação dos dados. Os dados não são nem sugerem uma aproximação a sondagens ou intenções de voto dos portugueses nas eleições legislativas, são sim uma análise à opinião expressada nas redes sociais face a cada um dos debates sob análise. Este projeto tecnológico, inédito no espaço mediático português, é lançado em fase experimental. Foi desenvolvido em parceria entre a Augusta Labs e a CNN Portugal, garantindo a transparência da informação e visando medir indicadores de sentimento no decurso da campanha eleitoral para as eleições legislativas de 2024.



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O que é um LLM?
Um LLM, ou Modelo de Linguagem de Grande Dimensão, é uma forma avançada de inteligência artificial desenhada para compreender, gerar e trabalhar com texto humano de forma fluente. Estes modelos possuem uma capacidade bastante desenvolvida de analisar sentimentos e interpretar dados. Ao examinar grandes volumes de texto, um LLM  pode identificar padrões e nuances que indicam sentimentos positivos, negativos ou neutros, possibilitando-lhe avaliar a tonalidade emocional de um texto, sendo esta funcionalidade particularmente útil na monitorização de redes sociais.

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