Pulsómetro

Indicador de sentimento nas redes sociais. Não é uma sondagem, mas um reflexo de opiniões interpretadas por um modelo tecnológico. A atualização das percentagens é feita até 18 horas após a hora prevista para o início do respetivo debate. Projeto em fase experimental da Augusta Labs e da CNN Portugal. Saiba mais aqui

Do "laboratório" ao "parque infantil", debate entre Ruis deixa a nu diferenças claras entre livres e liberais

Sem números concretos em cima da mesa, mas com uma “divergência muito grande” entre todos os temas, apenas uma coisa une os líderes do Livre e da Iniciativa Liberal: o nome dos líderes.

Até podem partilhar um eleitorado semelhante - jovens e formados - mas as diferenças entre o Livre e a Iniciativa Liberal eram já conhecidas, mas ficaram ainda mais notórias depois do debate desta quarta-feira: dos impostos, à semana de quatro dias de trabalho, da saúde à habitação, não houve um ponto de concordância entre Rui Tavares e Rui Rocha, ou, citando ambos, o cientista que faz “investigador que faz testes em laboratório” e o “miúdo no parque infantil”.

Os impostos foram o primeiro tema em cima da mesa e a discórdia começou de imediato. E foi aqui que o próprio Rui Rocha se apressou a dizer que há uma “divergência muito grande” entre os dois partidos.

Mas se Rui Rocha já afinou um número a apresentar nos debates para justificar o custo do choque fiscal que propõe - 5 mil milhões de euros -, Rui Tavares não arriscou a atirar um número, ficou-se pelas “dezenas ou centenas de milhões de euros e não milhares de milhões de euros” dos outros partidos. Ainda com a economia como tema de fundo, Rui Tavares acusou a IL de ter “uma visão arco-íris” e de não querer ter um Estado ativo e de no seu programa eleitoral dizer que “o Estado investidor e estratega não existe, são os privados que o fazem”. Rui Rocha devolveu e trouxe o Partido Socialista à baila: “A visão do PS e do Rui Tavares é manter tudo na mesma”.

O Partido Socialista apenas voltou a ser tema no final do debate, quando Rui Tavares assegurou que o “Livre não está disponível para dar a mão ao PS” e que as “maiorias absolutas são indesejáveis” e que o objetivo é uma “maioria corrente”, com temas de “ambiente, educação, questões de futuro”.

No que toca à saúde, o Rui Tavares deixou a porta aberta aos privados, mas alertou para a facilidade com que essa porta pode deixar entrar uma “concorrência desleal” no setor. No programa eleitoral, o Livre não defende a renovação das PPP, defende o financiamento adequado e abre a porta à prestação de cuidados de saúde privados no apoio à saúde pública, mas diz que é  fácil os privados fazerem “concorrência desleal” com o público. E volta a defender o SNS, que “está a lutar com uma venda nos olhos e as mãos atrás das costas”. “Não nos revemos nem na situação do PS, que corre tudo bem, nem na outra que diz para destruir a casa. Há soluções para as coisas, como reparar a casa”, exemplifica.

Veja quem ganhou o debate aqui

Já Rui Rocha puxa da cartola do radicalismo e diz que são os privados que podem fazer a diferença ao estado atual do setor da saúde. O presidente da IL defendeu que os privados têm ainda mais para dar “alterando ainda mais radicalmente o sistema”, e voltou a dar o exemplo do tempo de espera para ortopedia no Garcia de Orta, um argumento já usado noutro debate. Rui Rocha defendeu também que o utente deve poder escolher se quer ser assistido no público ou no privado, ideia rejeitada por Rui Tavares

.“Sabemos que um rico e um pobre entra com um cara diferente num restaurante. Num restaurante é lamentável, num hospital é inaceitável. Quero que todos os portugueses entrem de cara levantada no hospital, que sabem que não saem de lá falidos”, exemplificou o porta-voz do Livre. 

Apesar de os dois partidos serem defensores da semana de quatro dias, os moldes em como este sistema deve funcionar é mais uma linha (grande) que separa a Iniciativa Liberal do Livre, com Rui Rocha a acusar Rui Tavares de querer aplicar o modelo com “imposições legais”. E apesar de os dois partidos defenderam mudanças na habitação, mais uma vez, divergem em como tal deve acontecer. Ainda assim, houve tempo para Rui Rocha citar André Ventura ao descrever o IMI como o “imposto mais estúpido do mundo”.

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Sobre o Pulsómetro

Este produto tecnológico baseia-se na análise de opiniões de portugueses manifestadas em várias redes sociais: Twitter, Facebook, Instagram, Reddit e Youtube. São consideradas apenas opiniões relativas à performance comparativa dos candidatos presentes em cada debate e são anulados comentários repetidos, ou contraditórios por parte da mesma conta das redes sociais, assim como utilizados vários mecanismos de prevenção contra "bots". As opiniões são interpretadas através de um LLM (“large language model”, um modelo de linguagem natural) capaz de realizar uma análise de sentimento às várias interações identificadas. Através deste processo, extrai-se informação que permite formular uma aproximação à opinião pública portuguesa nestes fóruns. A atualização das percentagens é feita até 18 horas após a hora prevista para o início do respetivo debate. O modelo utilizado é desprovido de inclinações políticas, garantindo imparcialidade na interpretação dos dados. Os dados não são nem sugerem uma aproximação a sondagens ou intenções de voto dos portugueses nas eleições legislativas, são sim uma análise à opinião expressada nas redes sociais face a cada um dos debates sob análise. Este projeto tecnológico, inédito no espaço mediático português, é lançado em fase experimental. Foi desenvolvido em parceria entre a Augusta Labs e a CNN Portugal, garantindo a transparência da informação e visando medir indicadores de sentimento no decurso da campanha eleitoral para as eleições legislativas de 2024.



PERGUNTAS E RESPOSTAS

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O que é um LLM?
Um LLM, ou Modelo de Linguagem de Grande Dimensão, é uma forma avançada de inteligência artificial desenhada para compreender, gerar e trabalhar com texto humano de forma fluente. Estes modelos possuem uma capacidade bastante desenvolvida de analisar sentimentos e interpretar dados. Ao examinar grandes volumes de texto, um LLM  pode identificar padrões e nuances que indicam sentimentos positivos, negativos ou neutros, possibilitando-lhe avaliar a tonalidade emocional de um texto, sendo esta funcionalidade particularmente útil na monitorização de redes sociais.

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