Pulsómetro

Indicador de sentimento nas redes sociais. Não é uma sondagem, mas um reflexo de opiniões interpretadas por um modelo tecnológico. A atualização das percentagens é feita até 18 horas após a hora prevista para o início do respetivo debate. Projeto em fase experimental da Augusta Labs e da CNN Portugal. Saiba mais aqui

Mortágua quer limitar o mercado, Rocha quer limitar o Estado. Neste debate foi assim para tudo: habitação, empresas estratégicas, impostos e saúde

Líderes da Iniciativa Liberal e do Bloco de Esquerda tentaram desconstruir os programas um do outro

Procuraram ambos encontrar as causas para a crise na habitação em Portugal. Para Mariana Mortágua, a culpa é clara: “é o mercado a funcionar”. Para aumentar a oferta, o Bloco de Esquerda quer que a nova construção tenha 25% dedicada a habitação acessível.

A bloquista reforçou que "não há nenhuma regra que impeça as construtoras de construir". Defendeu antes que estas empresas encontraram "formas mais rentáveis" de desenvolver a sua atividade, virando-se para "o luxo e a construção de hotéis".

O liberal Rui Rocha insistiu que a culpa não está nos estrangeiros. E que, para aumentar a oferta de casas em Portugal, tem outros caminhos: "queremos que as casas vazias do Estado estejam ao serviço dos portugueses", assim como a redução dos prazos e regras de licenciamento.

Rocha lembrou que a proposta do Bloco para impedir a venda de casas a residentes não habituais não seria possível ao abrigo dos tratados europeus. Mortágua encontrou a solução: se Malta e Dinamarca têm exceções, Portugal também poderia.

Controlo estatal de empresas estratégicas: contas muito diferentes

Uma das propostas do Bloco passa por usar a Caixa Geral de Depósitos para aplicar juros mais baixos e suportar os créditos à habitação. Mortágua lembrou os lucros do banco público, "à custa das margens bancárias e dos juros nos créditos à habitação". Assim, a medida bloquista poderia ter "um efeito de arrastamento de mercado".

Rui Rocha, em contraste, vincou que quer privatizar a CGD, para evitar ter o "Estado a dar ordens a bancos para descomprometer o mercado daquilo que são as suas regras". O Estado, disse, devia focar-se antes na saúde, na educação ou na justiça.

A CGD foi o mote para outra proposta do Bloco, de "nacionalização" de empresas estratégicas para o país. "Controlo público", rematou Mortágua. Para Rui Rocha, este plano teria um custo de “30 mil milhões”.

Veja quem ganhou o debate

Número desmentido por Mortágua, que vincou que no programa eleitoral do partido estão apenas uma posição de controlo dos CTT que custa 60 milhões de euros, 60 milhões para a gestão global de sistema da REN e outros 450 para uma posição de controlo desta última empresa.

“São menos de metade do que a borla de 2,2 mil milhões de euros que o Dr. Rui Rocha quer dar à banca, cortando metade dos impostos”, atirou Mortágua, para falar de IRC.

IRC e IRS: as desvantagens

E foi com impostos que o debate avançou. "Queremos baixar o IRC para que empresas grandes se fixem em Portugal, tragam tecnologia, produtividade e salários mais baixos para os portugueses", disse Rui Rocha. Falou num custo de “cinco mil milhões de euros”.

"Há 1.500 milhões de euros que automaticamente regressam", justificou, porque "passa a estar no bolso dos portugueses e não no bolso do Estado".

"Fiquei surpreendida por saber que a IL quer desviar uma parte dos impostos para mais impostos indiretos", atacou Mortágua, após um "momento de propaganda e comício" do adversário.

No IRS, Mortágua disse que a proposta do IL, que custa 3.500 milhões de euros, é "inconstitucional", ao eliminar a progressividade. Rocha respondeu que é "falso", porque há "isenções que garantem a progressividade".

(Rui Valido)

Saúde: “anestesiada” ou a “passar cheques ao privado”?

Rui Rocha argumentou que foi devido a um "enviesamento ideológico" que se deu uma reversão das parcerias público-privadas na saúde, com um forte papel do Bloco de Esquerda.

"O BE anestesia na saúde e bloqueia a economia, traz prejuízo aos portugueses", resumiu.

Na resposta, Mortágua lembrou que a presidente do "maior grupo privado de saúde" foi à apresentação do programa eleitoral da IL para "anunciar ao mundo que a saúde é o grande negócio do século XXI".

"A IL tem uma regra 2 por 1: por cada dois profissionais de saúde que se reforma, entra um. E quer entregar o dinheiro ao privado, para ficarmos com um sistema mais caro, como é o alemão", atirou, resumindo a IL como um partido que “passa cheques ao privado”.

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Sobre o Pulsómetro

Este produto tecnológico baseia-se na análise de opiniões de portugueses manifestadas em várias redes sociais: Twitter, Facebook, Instagram, Reddit e Youtube. São consideradas apenas opiniões relativas à performance comparativa dos candidatos presentes em cada debate e são anulados comentários repetidos, ou contraditórios por parte da mesma conta das redes sociais, assim como utilizados vários mecanismos de prevenção contra "bots". As opiniões são interpretadas através de um LLM (“large language model”, um modelo de linguagem natural) capaz de realizar uma análise de sentimento às várias interações identificadas. Através deste processo, extrai-se informação que permite formular uma aproximação à opinião pública portuguesa nestes fóruns. A atualização das percentagens é feita até 18 horas após a hora prevista para o início do respetivo debate. O modelo utilizado é desprovido de inclinações políticas, garantindo imparcialidade na interpretação dos dados. Os dados não são nem sugerem uma aproximação a sondagens ou intenções de voto dos portugueses nas eleições legislativas, são sim uma análise à opinião expressada nas redes sociais face a cada um dos debates sob análise. Este projeto tecnológico, inédito no espaço mediático português, é lançado em fase experimental. Foi desenvolvido em parceria entre a Augusta Labs e a CNN Portugal, garantindo a transparência da informação e visando medir indicadores de sentimento no decurso da campanha eleitoral para as eleições legislativas de 2024.



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O que é um LLM?
Um LLM, ou Modelo de Linguagem de Grande Dimensão, é uma forma avançada de inteligência artificial desenhada para compreender, gerar e trabalhar com texto humano de forma fluente. Estes modelos possuem uma capacidade bastante desenvolvida de analisar sentimentos e interpretar dados. Ao examinar grandes volumes de texto, um LLM  pode identificar padrões e nuances que indicam sentimentos positivos, negativos ou neutros, possibilitando-lhe avaliar a tonalidade emocional de um texto, sendo esta funcionalidade particularmente útil na monitorização de redes sociais.

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