Pulsómetro

Indicador de sentimento nas redes sociais. Não é uma sondagem, mas um reflexo de opiniões interpretadas por um modelo tecnológico. A atualização das percentagens é feita até 18 horas após a hora prevista para o início do respetivo debate. Projeto em fase experimental da Augusta Labs e da CNN Portugal. Saiba mais aqui

Nem as "divergências" sobre a guerra da Ucrânia separam Raimundo e Tavares de um eventual acordo à esquerda

Os dois candidatos consideram que o PS precisa deles para aplicar as "soluções necessárias" para o país e, nesse sentido, colocam de lado as divergências que os separam para abrir espaço a "um debate profícuo"

Apesar de discordarem em matérias como o conflito na Ucrânia, Paulo Raimundo (CDU) e Rui Tavares (Livre) estão disponíveis para ajudar a criar uma maioria à esquerda, contra a "instabilidade" da extrema-direita.

Isso mesmo ficou claro no frente a frente desta terça-feira, transmitido pela CNN Portugal, no qual os dois candidatos se posicionaram contra o voto útil aclamado por Pedro Nuno Santos, com Paulo Raimundo a argumentar que o PS, sozinho, não aplica "as soluções necessárias" para o país, mesmo "quando tinha tudo na mão", referindo-se à maioria absoluta e à folga financeira.

Já Rui Tavares deixou claro que as posições que distinguem o Livre do PCP em matéria da adesão à União Europeia (UE) e do conflito da Ucrânia não serão um entrave a um eventual entendimento à esquerda, afirmando mesmo que há espaço para "um debate profícuo" nessas questões. É que o PCP, diz, ao contrário dos restantes, tem "posições coerentes".

"O PCP e o LIVRE têm posições divergentes sobre a UE, mas [o PCP] tem posições coerentes, e infelizmente isto não é geral na politica portuguesa. Mesmo à esquerda, há partidos que são seguidistas em relação à UE no sentido em que, o que Bruxelas decidir, está decidido, e vão atrás, e há outros que ou são omissos ou oscilantes em relação à sua posição sobre a UE. Aqui acho que podemos ter um debate profícuo", afirma Rui Tavares.

Uma das questões que separa a CDU do Livre é precisamente a guerra na Ucrânia, que marcou este debate. Paulo Raimundo aproveitou para clarificar a posição do PCP sobre esta matéria, afirmando que o partido está "preocupado" desde 2014 com o que se passa na Ucrânia. "Eu estranharia que uma força que exige a paz desde 2014 até agora fosse penalizada por querer a paz", argumenta.

"A nossa posição no dia 24 de fevereiro foi chamar a atenção para três questões: a guerra não começou naquele dia, há antecedentes que não se pode deixar de ter em conta, e que os intervenientes na guerra não eram apenas os diretamente envolvidos, Ucrânia e Rússia, e que o que era exigido aos Estados, à UE, e a todos nós, era caminhar para obrigar os intervenientes a sentaram-se à mesa para encontrar o caminho de paz. A solução encontrada foi outra: foi pôr mais bombas na guerra, e as consequências estão à vista", sustenta Paulo Raimundo.

Rui Tavares, europeísta convicto, explica que o Livre é "contra todos os imperialismos, quer o dos Estados Unidos, quer o da Rússia". "A única hipótese que os europeus têm de conseguir fazer face a esta fase de grande instabilidade internacional é terem união contra os imperialismos", argumenta.

Veja quem ganhou o debate

Mas até neste tema Rui Tavares encontra um ponto em comum com o candidato da CDU. "Há uma coisa em que eu concordo com Paulo Raimundo: a guerra não começou em fevereiro de 2022, começou antes. A Ucrânia é um dos dois únicos países no mundo – o outro é o Cazaquistão – que entregou o seu arsenal nuclear. Fê-lo em meados dos anos 90, em troca de garantias de respeito pela sua integridade territorial e soberania. A partir do dia 31 de dez de 1999, quando Vladimir Putin assumiu o poder na Rússia, a Ucrânia nunca mais teve sossego."

No debate, os dois candidatos foram depois confrontados com a proposta do Chega sobre o direito à greve e à filiação partidária das forças policiais. Este foi mais um ponto de convergência entre ambos, com Paulo Raimundo a afirmar que as forças de segurança devem ter "acesso ao direito à greve", embora sejam profissionais com "uma grande responsabilidade" e um "grande sentido de Estado", pelo que, diz, "serão os primeiros a defender e fazer cumprir a Constituição da República". Sem responder diretamente à proposta do Chega, considerando-a "uma questão não central", Paulo Raimundo sublinha a proposta da CDU, que visa a fusão da GNR e da PSP numa "única força policial".

Já Rui Tavares considera que, "com serviços mínimos e com enquadramento legal, o direito à greve pode ser um direito reconhecido" às forças de segurança, mas manifesta-se contra a partidarização da polícias.

O terceiro tema em destaque neste frente a frente foi a valorização da Cultura, com os dois candidatos a insistirem na alocação de pelo menos 1% do Orçamento do Estado para este setor, começando desde logo pelo combate à precariedade dos artistas.

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Sobre o Pulsómetro

Este produto tecnológico baseia-se na análise de opiniões de portugueses manifestadas em várias redes sociais: Twitter, Facebook, Instagram, Reddit e Youtube. São consideradas apenas opiniões relativas à performance comparativa dos candidatos presentes em cada debate e são anulados comentários repetidos, ou contraditórios por parte da mesma conta das redes sociais, assim como utilizados vários mecanismos de prevenção contra "bots". As opiniões são interpretadas através de um LLM (“large language model”, um modelo de linguagem natural) capaz de realizar uma análise de sentimento às várias interações identificadas. Através deste processo, extrai-se informação que permite formular uma aproximação à opinião pública portuguesa nestes fóruns. A atualização das percentagens é feita até 18 horas após a hora prevista para o início do respetivo debate. O modelo utilizado é desprovido de inclinações políticas, garantindo imparcialidade na interpretação dos dados. Os dados não são nem sugerem uma aproximação a sondagens ou intenções de voto dos portugueses nas eleições legislativas, são sim uma análise à opinião expressada nas redes sociais face a cada um dos debates sob análise. Este projeto tecnológico, inédito no espaço mediático português, é lançado em fase experimental. Foi desenvolvido em parceria entre a Augusta Labs e a CNN Portugal, garantindo a transparência da informação e visando medir indicadores de sentimento no decurso da campanha eleitoral para as eleições legislativas de 2024.



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O que é um LLM?
Um LLM, ou Modelo de Linguagem de Grande Dimensão, é uma forma avançada de inteligência artificial desenhada para compreender, gerar e trabalhar com texto humano de forma fluente. Estes modelos possuem uma capacidade bastante desenvolvida de analisar sentimentos e interpretar dados. Ao examinar grandes volumes de texto, um LLM  pode identificar padrões e nuances que indicam sentimentos positivos, negativos ou neutros, possibilitando-lhe avaliar a tonalidade emocional de um texto, sendo esta funcionalidade particularmente útil na monitorização de redes sociais.

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