Pulsómetro

Indicador de sentimento nas redes sociais. Não é uma sondagem, mas um reflexo de opiniões interpretadas por um modelo tecnológico. A atualização das percentagens é feita até 18 horas após a hora prevista para o início do respetivo debate. Projeto em fase experimental da Augusta Labs e da CNN Portugal. Saiba mais aqui

Um debate que não foi um frente a frente, mas um lado a lado. Mortágua e Tavares dançaram o tango a piscar o olho ao PS

Divergem “na forma como fazemos as coisas”, mas, no fundo, ambos querem o mesmo: derrotar a direita, evitar maiorias absolutas e trazer um “futuro” de esquerda ao país. Mariana Mortágua e Rui Tavares protagonizaram o debate da cordialidade

“Acabamos com um acordo”. E assim terminou o debate desta quinta-feira entre Mariana Mortágua e Rui Tavares, marcado pelas escassas divergências e pela dificuldade em discordar, tendo havido até alguma cerimónia a fazer uma crítica, que muitas vezes veio antecedida de um elogio, quase como na tentativa de mostrar um entendimento que poderá ser benéfica para um governo socialista estável.

Só mesmo no tema da habitação é que os dois partidos entraram em choque, naquele que foi, na verdade, um confronto bem amortecido por ambas as partes.  “A diferença [está] no método e maneira como fazemos as coisas”, disse Rui Tavares. Tanto o Bloco de Esquerda como o Livre defendem limitações na compra de imóveis por não residentes, mas de formas distintas: Mariana Mortágua quer uma proibição, Rui Tavares que uma sobretaxa dissuasora. Se, por um lado, Rui Tavares diz que proibir pode estar a ferir um “direito europeu”, Mariana Mortágua diz que “um multimilionário do Dubai paga com prazer uma sobretaxa”. Mas nem assim a chama acendeu no debate.

O projeto-piloto com implementação faseada de um rendimento básico incondicional proposto pelo Livre foi ainda criticado por Mariana Mortágua, que destacou que, caso o rendimento básico incondicional seja criado, e dando como exemplo uma prestação valor de duzentos euros por pessoa, o custo seria de 28 mil milhões de euros, “que é mais do que são as contribuições para a Segurança Social”.

A coodenadora do Bloco de Esquerda apenas quis saber o quão incondicional seria, questão à qual não obteve resposta, levou apenas com um “experimente-se”, uma ideia muito defendida por Rui Tavares: experimentar antes de legislar, tal como, disse, está a acontecer com a semana se quatro dias de trabalho, que os dois defendem. 

“Partilhamos a semana de quatro dias”, apressou-se a dizer Mariana Mortágua, mostrando mais um ponto de concordância com o Livre, defendendo que “a redução das horas de trabalho é uma das formas de reter jovens em Portugal”.

Confrontados com as semelhanças nas propostas e objetivos dos dois partidos, Rui Tavares rejeitou que o BE e o Livre estejam “a disputar o eleitorado de esquerda”, dizendo até que “seria bem mau se os partidos de esquerda apenas estivessem a  disputar eleitorado uns aos outros” e que, no fundo, “toda a esquerda tem de crescer”.

Quando a emigração jovem passou a ser tema de conversa, eis que a concordância voltou: “O Rui dizia com toda a razão”, disse Mariana Mortágua. E os dois colocaram os melhores salários como fator central para reter os jovens e acabar com a precariedade que os leva a procurar alternativas laborais noutros países.

Veja quem ganhou o debate aqui

Tema foi também o caso da avó de Mariana Mortágua, depois de ter sido levantada uma dúvida por Luís Montenegro no debate transmitido pela TVI e pela CNN Portugal. Novamente questionada sobre o assunto, a coordenadora do Bloco de Esquerda não esclareceu totalmente a questão: "A minha avó sentiu esse sobressalto e não foi a única", disse, rejeitando discutir "questões particulares".

O debate terminou com a questão da NATO e Mariana Mortágua voltou a defender a saída de Portugal da Aliança Democrática. E foi por isso mesmo que levou à Constituição Portuguesa para o debate. “O Bloco de Esquerda apoia a autodeterminação dos povos, apoiamos o direito à defesa da Ucrânia e o apoio à Ucrânia”, disse Mortágua, mas quanto à NATO, “sabemos o contexto histórico”, dizendo que a entrada foi uma decisão dos tempos de Salazar. “A NATO estava em morte cerebral, surge depois da guerra da Ucrânia de outra forma”, citando Emmanuel Macron, mas adiantou que “não apaga o que diz a Constituição Portuguesa”. 

Rui Tavares defendeu que, dependendo do resultado das eleições presidenciais norte-americanas, “a NATO ainda é capaz de se auto dissolver antes de avançarmos com outro processo de revisão constitucional”. 

“A questão está muito mais na União Europeia”, defendendo a construção de uma comunidade europeia de defesa e usar os artigos do Tratado de Lisboa que já permitem à UE ter políticas em matéria de cooperação na Defesa, porque a UE não é um bloco de política militar, é muito mais do que isso”, defendeu o porta-voz do Livre, acrescentando que “o projeto europeu deve avançar para que a Europa tenha autonomia estratégica”, diz, atirando: “se desistimos da Europa, então os Macrons vão dominar”.

Powered by:

Sobre o Pulsómetro

Este produto tecnológico baseia-se na análise de opiniões de portugueses manifestadas em várias redes sociais: Twitter, Facebook, Instagram, Reddit e Youtube. São consideradas apenas opiniões relativas à performance comparativa dos candidatos presentes em cada debate e são anulados comentários repetidos, ou contraditórios por parte da mesma conta das redes sociais, assim como utilizados vários mecanismos de prevenção contra "bots". As opiniões são interpretadas através de um LLM (“large language model”, um modelo de linguagem natural) capaz de realizar uma análise de sentimento às várias interações identificadas. Através deste processo, extrai-se informação que permite formular uma aproximação à opinião pública portuguesa nestes fóruns. A atualização das percentagens é feita até 18 horas após a hora prevista para o início do respetivo debate. O modelo utilizado é desprovido de inclinações políticas, garantindo imparcialidade na interpretação dos dados. Os dados não são nem sugerem uma aproximação a sondagens ou intenções de voto dos portugueses nas eleições legislativas, são sim uma análise à opinião expressada nas redes sociais face a cada um dos debates sob análise. Este projeto tecnológico, inédito no espaço mediático português, é lançado em fase experimental. Foi desenvolvido em parceria entre a Augusta Labs e a CNN Portugal, garantindo a transparência da informação e visando medir indicadores de sentimento no decurso da campanha eleitoral para as eleições legislativas de 2024.



PERGUNTAS E RESPOSTAS

Onde são recolhidos os dados utilizados pelo pulsómetro?
Os dados recolhidos estão presentes nas redes sociais - Twitter, Instagram, Facebook, Reddit e YouTube. Não são considerados comentários e/ou interações em páginas afiliadas a partidos ou de de pessoas publicamente afiliadas a algum partido.

Que tipo de páginas estão excluídas?
Páginas como as oficiais de partidos, páginas de membros afiliados a qualquer partido ou páginas de comentadores com uma posição partidária especificada.

Que tipo de páginas estão incluídas?
Páginas como as contas de canais de televisão/plataformas de media não afiliadas a nenhum partido ou publicações de qualquer utilizador não pertencente a nenhum partido em específico.

Como são recolhidos os dados utilizados pelo pulsómetro?
Os comentários utilizados pelo pulsómetro são extraídos em massa das contas das redes sociais filtradas pelos critérios anteriormente descritos.

De que forma são analisados os dados?
Os dados são analisados através de um LLM (tecnologia por trás do ChatGPT), que procura semanticamente qualquer palavra associada a um partido/candidato (exemplo: PS, Partido Socialista, Pedro Nuno Santos, PNS ou derivadas) e tem a capacidade de interpretar o sentimento como sendo positivo, neutro ou negativo face a qualquer um dos candidatos. O modelo tem a capacidade de detetar ironia e elimina comentários que expressam opiniões contraditórias classificando-as como neutras. O modelo não sabe qual a posição política de cada partido nem tem opinião sobre a mesma, sendo a pesquisa meramente semântica e de sentimento da população.

O que é um LLM?
Um LLM, ou Modelo de Linguagem de Grande Dimensão, é uma forma avançada de inteligência artificial desenhada para compreender, gerar e trabalhar com texto humano de forma fluente. Estes modelos possuem uma capacidade bastante desenvolvida de analisar sentimentos e interpretar dados. Ao examinar grandes volumes de texto, um LLM  pode identificar padrões e nuances que indicam sentimentos positivos, negativos ou neutros, possibilitando-lhe avaliar a tonalidade emocional de um texto, sendo esta funcionalidade particularmente útil na monitorização de redes sociais.

Como impedimos Bots de terem impacto no resultado?
O Pulsómetro tem subjacente um sistema de controlo contra bots, capaz de analisar cada conta individual que realiza um comentário e compreender se estamos/ou não a encarar um bot. Estes critérios não serão revelados de modo a mitigar possíveis estratégias para contornar estes filtros por parte de interessados em adulterar os resultados.

Como impedimos as pessoas de adulterar o resultado?
Além do “controlo antibot”, por cada análise efetuada (cada debate individual) os comentários de cada conta são contabilizados apenas uma vez e um utilizador é classificado como neutro se fizer dois comentários simétricos/contraditórios sobre o mesmo debate.