O debate entre os candidatos da Iniciativa Liberal e da CDU confirmou o previsível confronto ideológico, com Paulo Raimundo e Rui Rocha a discordarem de todos os temas em cima da mesa, da saúde à justiça
O regresso das parcerias público-privadas (PPPs) e a precariedade dos salários foram os temas que marcaram o debate entre Paulo Raimundo (CDU) e Rui Rocha (Iniciativa Liberal), transmitido esta quarta-feira pela RTP3. Os líderes dos dois partidos de polos opostos discordaram nas soluções para os problemas em todas as áreas, desde a justiça à saúde.
Começando pela justiça, enquanto o líder da Iniciativa Liberal (IL) defende um modelo de remunerações competitivas, com “uma componente variável indexada a objetivos”, o que mereceu a discordância do líder do PCP, que fala num “choque salarial”.
“Não há nenhuma relação entre produtividade e os salários, o Rui Rocha deve ter uma opinião diferente, […] se houvesse, os salários seriam muito mais altos”, apontou Paulo Raimundo, lembrando que a CDU propõe um aumento mínimo de 150 euros para cada trabalhador em 2024 e frisando que a medida é exequível se os grandes grupos económicos baixarem os seus lucros.
Também na saúde não houve entendimento. Enquanto Rui Rocha defende "o regresso imediato" das PPPs, nomeadamente no Hospital de Braga, círculo eleitoral pelo qual concorre às legislativas, Paulo Raimundo considera que a solução passa por "criar as condições para fixar os médicos e outros profissionais de saúde" no SNS e assim tornar a carreira mais atrativa.
Na reta final do debate, Rui Rocha foi questionado sobre se a IL exigirá fazer parte do Governo para uma eventual coligação pós-eleitoral com o PSD ou se prevê apoiar uma maioria de direita sem exigir pastas. Na resposta, Rui Rocha foi perentório: “Estamos preparados para governar, para transformar o país, os cargos não são o mais importante”.
À mesma questão, Paulo Raimundo afirmou que a CDU quer “fazer parte e com mais força” de uma eventual maioria de esquerda que se venha a formar na Assembleia da República. “A CDU e os seus deputados lá estarão e com mais força para condicionar os caminhos de futuro, para inverter o muito de errado que se fez nestes dois anos de maioria absoluta”, vincou.