Da "magia fiscal" da IL ao "serviço de acesso a lista de espera" do PS: o frente a frente de Pedro Nuno Santos e Rui Rocha

5 fev, 22:33

 

 

Pedro Nuno Santos e Rui Rocha confrontaram-se esta noite na SIC, naquele que foi o primeiro debate rumo às eleições legislativas de 10 de março. Ambos se posicionaram em lados opostos da visão para o modelo económico do país e fizeram-no através de acusações de parte a parte

O debate entre Pedro Nuno Santos e Rui Rocha, transmitido pela SIC, ficou marcado pelas divergências entre ambos quanto ao modelo económico e a carga fiscal para o país. De um lado, o líder do Partido Socialista (PS) acusa a Iniciativa Liberal (IL) de "acreditar na magia fiscal" ao defender uma "redução drástica dos impostos" acreditando que a assim a economia começaria "a florescer". Por outro lado, Rui Rocha acusa Pedro Nuno Santos de apresentar constantemente "uma ideia de país fantástico", sublinhando as taxas de desemprego jovem e de emigração para comprovar o contrário.

"A diferença entre mim e o doutor Rui Rocha é que o doutor Rui Rocha sabe que não vai governar, e eu estou preocupado com as contas que tenho de pagar no dia 11", declara Pedro Nuno Santos, sublinhando que os custos das medidas fiscais apresentadas pela IL ascendem aos nove mil milhões de euros - o que, no seu entender, "é um rombo nas contas públicas que infelizmente a prazo pode resultar em austeridade e não resolve nenhum problema".

Do outro lado, Rui Rocha abana a cabeça e garante que as contas de Pedro Nuno Santos "estão erradas", "são falsas". Na verdade, diz, serão necessários "quatro a cinco mil milhões" para aplicar as respetivas medidas. "Em 2024, o Estado tem uma despesa de 123 mil milhões. Se o Estado tiver de reduzir 3 a 4% do que é a sua despesa atual para aliviar as famílias, chegou o momento de o fazer", defende Rui Rocha.

O líder da IL enumera depois as medidas propostas pela IL, dividindo-as entre "soluções para as pessoas" e "soluções paras as empresas". Para as primeiras, a IL defende "menos impostos, mais salários", exemplificando com "um caso muito simples": "Alguém que ganhe hoje 1.800 euros brutos, com a proposta de 15% de IRS da IL, passaria a levar para casa, ao final de um ano, dois mil euros líquidos."

Para as empresas, os liberais defendem um "licenciamento mais rápido", a eliminação ou redução das "taxas e taxinhas", nomeadamente do IMT e do IVA na construção, respetivamente. Em comparação, acusa o PS de só apresentar "mais do mesmo".

"Com Pedro Nuno Santos, os jovens podem subir pelo seu trabalho, mas têm de ir para o estrangeiro. Com a IL, ficam em portugal porque têm condições para crescer pelo seu trabalho", compara, posicionando-se assim do lado oposto de Pedro Nuno Santos.

Veja quem ganhou o debate aqui

Pedro Nuno Santos retoma o "rombo" dos nove mil milhões de euros que seriam necessários para aplicar as medidas fiscais da IL, defendendo-se das acusações de Rui Rocha de que os seus números estão "errados": "Desculpe lá: só no IRS são 3.500 milhões, só no IRC entre 1.500 a 2.000 mil milhões, é uma brutalidade. Como é que a IL quer compensar? Cortando no Estado social, cortando nos serviços públicos, cortando na escola pública, porque é a única maneira, porque os senhores ainda não fazem magia."

"As propostas da IL ficam bem nos cartazes, mas não são exequíveis", critica Pedro Nuno Santos. "Eu não tenho medo das ideias da IL, infelizmente acho é que a AD é capaz de aceitar algumas, isso sim é problemático", acrescenta.

Questionado sobre as PPP na saúde, Pedro Nuno Santos garante que no PS “não há nenhum dogma" sobre essa matéria. "Temos de ser responsáveis, não aventureiros nem radicais", diz, numa crítica clara à Iniciativa Liberal, apontando que "a solução não pode ser desistir do SNS". "O SNS tem problemas, há problemas de organização, há problemas de gestão. Há trabalho para fazer aí", reconhece. "Ao fim destes anos todos, temos um SNS com problemas, mas que está a produzir mais, mais cirurgias, mais consultas, temos uma sociedade que está a envelhecer, temos de o reformar, não é desistir dele", defende o líder dos socialistas.

Rui Rocha demarca-se das acusações de Pedro Nuno de que a IL é um partido "aventureiro" e "radical" do ponto de vista económico, respondendo que "radical é ter idosos em centros de saúde pela noite dentro deitados em mantas à espera para marcar consulta e grávidas a bater à porta de urgências fechadas". "Radicalismo é trazer para Portugal soluções que funcionam noutros países europeus", defende, para de seguida acrescentar: "Perguntem a Pedro Nuno Santos por que é que insistem em continuar a defender um modelo que não funciona."

“O que temos hoje em dia é um serviço de acesso a lista de espera, não à saúde”, diz Rui Rocha, dando o exemplo dos mais de 800 dias de espera por uma cirurgia de ortopedia no Hospital Garcia de Orta.

O líder da IL lembra depois a gestão de Pedro Nuno Santos na habitação, sob o Governo de António Costa, para acusar o antigo ministro de ter sido "incompetente" e de ter "falhado" nessa e noutras matérias da sua responsabilidade: "Pedro Nuno Santos foi incompetente e falhou na habitação, na ferrovia e na TAP. Prometeu que devolveria 3,2 mil milhões de euros e nem um cêntimo foi devolvido."

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