Portugueses tinham 1,4 milhões de euros em notas estragadas. O Banco de Portugal resolveu o assunto e o dinheiro voltou a valer

Agência Lusa , PF
7 mai, 16:39
Dinheiro. Foto: AP

Notas irreconhecíveis não valem para compensação

O Banco de Portugal (BdP) recuperou quase 29 mil notas, tendo restituído 1,4 milhões de euros a cidadãos que tinham notas degradadas, segundo o Relatório de Emissão Monetária de 2023.

O BdP tem um serviço responsável por valorizar notas e moedas degradadas (por exemplo, em fogos, inundações ou terem estado enterradas). Após a valorização, é entregue aos detentores um valor.

No relatório de 2023, o BdP diz que o ano passado valorizou 28.768 notas e devolveu aos seus apresentantes 1,4 milhões de euros. Em 2022, o valor tinha sido de 1,6 milhões de euros.

Qualquer cidadão que tenha notas destruídas ou mutiladas (estragadas por humidade, queimadas, comidas por animais, entre outros motivos) pode enviá-las para o Banco de Portugal para que sejam valorizadas. Para que uma nota de euro possa ser valorizada, mais de 50% da superfície da nota tem de poder ser reconstituída, para ser possível garantir a sua autenticidade pelos elementos de segurança (no caso das notas de escudo eram 75%).

Se for possível valorizar a nota degradada, esta é destruída e é dado aos cidadãos o montante equivalente.

Já se as notas forem irreconhecíveis, são dadas como perdidas, destruídas e a proprietário não recebe qualquer compensação.

Todos os casos de notas destruídas que chegam ao Banco de Portugal para serem valorizadas são declarados à Unidade de Informação Financeira da Polícia Judiciária (PJ) e ao Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), para prevenir eventuais crimes.

Quando foi a crise bancária de 2008 e houve receio do colapso dos bancos e de perda de poupanças, muitas pessoas levantaram dinheiro e guardaram em casa. Uns anos depois, foram buscar as notas guardadas e perceberam que estavam destruídas. Em 2022, na ilha de São Jorge (Açores), o receio de que a erupção vulcânica destruísse as habitações (como aconteceu nas Canárias, em Espanha) levou a que muitas pessoas fossem buscar dinheiro guardado em casa para depositarem no banco. Então, perceberam o estado das notas e muitas recorreram ao Banco de Portugal para as valorizar.

Além de notas destruídas ou mutiladas entregues por cidadãos, o Banco de Portugal também valoriza notas tintadas, por exemplo, por disparos acidentais nas caixas automáticas de distribuição de notas (vulgo multibanco) ou nas malas de transporte de dinheiro. As malas que as empresas de transporte de valores usam para transportar notas têm dispositivos inteligentes que neutralizam as notas quando alguma mobilização estranha acontece, pintando-as com tinta.

Esta área do Banco de Portugal também valoriza moedas, apesar de estas serem muito mais resistentes, sendo também preciso atestar a sua genuinidade e verificar se o dano não foi intencional.

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