Um dos líderes do Hamas é cidadão britânico e vive num dos bairros de Londres com mais judeus

23 out 2023, 16:30
Bandeira do Hamas (Adel Hana/AP)

Casa de um dos responsáveis pela política externa do grupo foi comprada com acesso a um programa de apoio à habitação criado pelo governo britânico

Tem nacionalidade britânica, vive em Londres desde os anos 90, a partir de onde tem uma atividade contínua ligada ao Hamas. Mohamed Qassem Sawalha, de 62 anos, é um dos principais rostos da política externa do grupo pró-Palestina, e vive há vários anos num dos locais com mais judeus no Reino Unido, de acordo com uma investigação do The Times.

A operar bem longe do Médio Oriente, este responsável esteve em duas das mais recentes delegações do Hamas que foram a Moscovo. Em 2017 foi à capital russa com o número dois do grupo, Mousa Abu Marzook, e em 2019 visitou a Rússia para se encontrar com o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Mikhail Bogdanov.

Desde 2021 que Qassem Sawalha foi obrigado a adotar uma vida mais discreta, depois de o governo britânico ter classificado todo o Hamas, incluindo o seu braço político, como uma “organização terrorista”. O responsável vive agora entre Istambul e Londres, mas é na capital do Reino Unido que mantém a família, incluindo a mulher, Sawsan.

Foi também na cidade inglesa que chegou a diretor da mesquita de Finsbury Park, onde também esteve o imã Abu Hamza, conhecido pelo seu radicalismo, e que foi mesmo condenado a uma pena de prisão perpétua nos Estados Unidos, por atos relacionados com terrorismo.

Os advogados de Qassem Sawalha responderam ao The Times que o seu cliente é “um cidadão britânico que respeita a lei”, garantindo ainda que muitas das acusações que lhe são feitas são "falsas".

Mas a polémica residência deste homem no Reino Unido não termina aqui: o The Times refere que o responsável pela política externa do Hamas comprou a casa que tem atualmente na zona de Barnet por 366 mil euros, em 2021, beneficiando de um desconto de 140 mil euros concedido pelo programa Right to Buy (Direito a Comprar), que estimula o acesso à habitação e que, neste caso, permitiu ao homem comprar uma habitação pública por um preço bem mais barato.

Depois da reportagem do jornal britânico o autarca do distrito de Barnet anunciou que está em contacto com a polícia e que já foi aberta uma investigação para rever o caso.

Isto apesar de as autoridades britânicas terem sido avisadas pelo grupo UK Lawyers for Israel das ligações de Qassem Sawalha ao Hamas em 2020. Essa denúncia chegou até à Scotland Yard, que não viu motivos para agir.

Mas a sinalização de ligações ao Hamas é muito anterior. Em 2004 o Departamento de Justiça dos Estados Unidos alertou que Qassem Sawalha trabalhava para o grupo pró-Palestina, com quem mantinha conversações secretas para “revitalizar as ações terroristas em Israel e ajudar à lavagem de dinheiro para apoiar a organização em Gaza e na Cisjordânia”. Isto já três anos depois de o governo do Reino Unido ter classificado o ramo militar do Hamas como “organização terrorista”.

Algumas das últimas informações do Estado israelita apontavam Qassem Sawalha como “representante do Hamas no Reino Unido”, depois de ter estado à frente da política externa do grupo entre 2013 e 2017.

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