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Para chegar à presidência do Conselho Europeu, António Costa tem de ultrapassar vários obstáculos e o silêncio de Pedro Sánchez: "Não sei se é um aliado muito firme", diz Paulo Portas

23 jun, 22:25

As medidas para a habitação apresentadas por Luís Montenegro, as eleições no Reino Unido e em França, a situação nos Estados Unidos e o futuro perante os novos desenvolvimentos na Rússia são alguns do temas abordados no "Global" desta semana

Paulo Portas olha para a candidatura de António Costa ao Conselho Europeu "com realismo": "Há quem pense: é tuga está ganho, mas as coisas não são bem assim", avisa o comentador no "Global", a sua rubrica semanal no Jornal Nacional da TVI. "Há obstáculos que têm de ser superados."

Antes de mais, as "negociações entre aqueles 27 estados, primeiros-ministros e às vezes presidentes implicam que todos sintam que os seus interesses nacionas ou comuns em relação à Europa estão servidos, implica que os partidos europeus se ponham de acordam, que algumas sensiblidades e queziíias do passado sejam superadas". Não é fácil: "Quem estava à espera que tudo se resolvesse obviamente teve uma deceção."

Na próxima terça-feira reúnem-se os negociadores dos democratas-cristãso, socialiastas e liberais e "essa é a primeira oportunidade para ver se há acordo em relação aos quatro cargos - não apenas o de presidente de Conselho Europeu", explica Portas. "Aquilo que mais convém a António Costa é que haja um acordo para as quatro figuras. "Se houver um impasse, isso abre o jogo e tem de recomeçar do zero." Depois, no final da semana, há Conselho Europeu.

"Não será bom sinal se não houver acordo, dá um sinal de divisão. Mas se houver acordo é preciso convencer os que não estão nas negociações, e aí eu diria que a personalidade mais sensível nessa matéia é a primeira-ministra de Itália, Giorgia Meloni", antevê.

Outros obstáculos a vencer: "uma parte da Europa (norte, leste, escandiavos) acha que António Costa não é abertamente a favor da Ucânia na União Europeia", por isso, mais dia menos dia, o português vai ter esclarecê-los; e "depois apareceu quem levantasse o tema judicial (nomeadamente a Itália)".

Neste momento, a hipótese que Portas considera mais plausivel é que "Costa fará a metade do mandato, ficando em aberto que fará a segunda metade".

No entanto, deixa um alerta: sobre este tema Pedro S´znchez, chefe do governo espanhol tem-se mantido em silêncio: "Não sei se é um aliado muito firme de António Costa".

"Não é matando o mercado que se resolve o problema da habitação"

Paulo Portas aplaudiu as medida sobre habitação apresentadas pelo Governo de Luís Montenego: "Num parlamento onde é muito difícil aprovar o que quer que seja foram dados alguns passos contra a ideologia e a favor da economia", disse. "A ver se tratamos da questão da habitação em Portugal de forma inteligente, racional, pragmática e sobrtudo produtiva."

Para o comentador, "temos um primeiro défice de construção, e não é possível querer um mercado com uma oferta larga e competitiva e depois andar a reduzir ano após ano o nível de construção". Além disso, "temos um défice de habitação pública nas grandes cidades" e, por fim, "temos um número de prorprietários muitíssimo superior à média europeia" porque as pessoas só arrendam casa se não conseguirem comprar.

Na sua opinião, "ainda bem" que o programa Mais Habitação, implementado pelo anterior governo socialista, foi desmantelado. "A contribuição do alojamento local foi ao ar, também caiu o arrendamento forçado, e algumas normas excessivas de excesso de poder do condomínio sobre o proprietário também poderão vir a cair": "É preciso desfazer o que estava errado, sinceramente acho que não é matando o mercado que se resolve o problema da habitação", diz.

França: "Preparem-se para coisa que não é boa"

"Preparem-se para coisa que não é boa", diz Paulo Portas a propósito das eleições legislativas em França, cuja primeira volta acontece a 30 de junho. Considerando que "a dissolução de Macron foi um erro", o comentador explica que "é muito difícil mudar o eleitorado em quatro seamanas, e a tendência do eleitorado neste momento é para castigar Macron".

Não excluindo a hipotese do partido de Le Pen conseguir a maioria absoluta, Portas sublinha que tudo "aponta para um país ingovernável". "E se o for será por duas pessoas que pensam o contrário em relação a quase tudo: Macron e o candidato a primeiro ministro da Frente Nacional."

Mais orçamento para a defesa: "Desde a guerra da Ucrânia, trancas à porta"

Antes da guerra da Ucrânia, só nove países da NATO tinham 2% do seu PIB dedicado à defesa e "o resto fazia mais ou menos de conta". "Desde a guerra da Ucrânia, trancas à porta" e são já 23 países da NATO que estão nos 2%. "É impressionante o que mudou: os países que fizeram rearmamento e rearmamento a sério são todos os do leste, todos os nórdicos, todos os bálticos e a Alemanha". Com destaque para a Polónia, obviamente, que aplica 4,5% do seu PIB na defesa: "Imaginem o medo que não vai na Polónia de um conflito com a Rússia". Portugal está nos 1,5%: "Tem de melhorar", diz Portas.

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