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Managing director da Transearch Portugal

Um bom líder gera riqueza e merece ser pago por isso

28 jun, 11:00

A elasticidade das fronteiras profissionais é hoje inquestionável e impossível de travar. O mercado de trabalho ganhou uma dimensão global e com isso elevámos a fasquia do talento para novos patamares geográficos e económicos.

Contratar os melhores implica, entre outras coisas, pagar salários competitivos, logo, elevados.

Não nos enganemos, sendo Portugal um país extremamente apetecível do ponto de vista do clima, da segurança e do acolhimento, não serão essas questões – apenas – a conquistar um líder de dimensão internacional.

Muitas vezes, a melhor forma de compreendermos o mundo é olharmos para dentro. Vamos pensar em como tantos talentos portugueses se auto exportam, tendo estes, para além das atrações atrás referidas, condicionantes tão mais fortes como as raízes familiares, os amigos e a sensação de pertença. Mas partem os nossos melhores porque, entre outras coisas, as condições salariais permitem que planeiem e construam uma carreira que além de bem-sucedida pode ser mais estimulante - e mais curta em termos de investimento extremo de tempo e de energia.

Os líderes não são pagos acima dos seus colaboradores por razões fúteis. Carregam uma mochila de responsabilidades que deixaria muitos sem dormir noites a fio.

Mais, a sua experiência, visão estratégica e coragem acarretam custos físicos e emocionais que apenas a eles serão cobrados. Estão, portanto, sob permanente escrutínio e avaliação, o que faz com que caminhem sob linhas finas e escorregadias.

A maior parte das organizações escolhe um líder com base no seu desempenho anterior. O seu saber trará, naturalmente, à companhia uma mais-valia que é também económica. Ou seja, de forma pragmática, o ordenado de um líder deve ser visto como um investimento de elevado retorno.

É importante não descurar a questão da formação. O líder

está permanentemente sentado no “banco” da escola, pelo que ele próprio faz um investimento financeiro no aperfeiçoamento das suas capacidades, seja através de um MBA ou de formações específicas de liderança. Traduzindo: os mais bem preparados devem ser distinguidos por esse esforço adicional.

A capacidade de entender o presente e ter visão de futuro, num mercado em constante mudança e com novos desafios diários, nomeadamente no que toca à tecnologia, são determinantes para comandar o barco da organização.  As empresas devem estar dispostas a pagar por essa visão única e inovadora, na certeza de que isso potenciará resultados e gerará riqueza.

Não menos importante é a capacidade de um bom líder para motivar e inspirar os seus colaboradores. Essa receita revela-se quase sempre poderosa no aumento dos resultados, sem necessidade de aumento de recursos. Trata-se de repensar métodos de trabalho e de aperfeiçoar técnicas de valorização dos quadros, contribuindo, simultaneamente, para um ambiente de trabalho mais harmonioso e estimulante.

Muitas organizações criam prémios para aqueles que contribuem para o incremento dos resultados. Vale a pena pensar no salário de um bom líder como um prémio mais do que merecido. Que tem de ser tão mais competitivo quanto maiores forem as suas credenciais e mais elevada a procura por profissionais da sua área de negócio.

Muito se fala na fuga dos nossos talentos, fenómeno que em nada contribui para o crescimento das empresas e para desenvolvimento económico do País. Devemos olhar para o ordenado de um bom líder como travão para essa realidade. Quem gera riqueza não pode ser visto como uma despesa e sim como um criador de valor.

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