Depois do Sapateiro Ventura, Pedro Nuno Santos acabou na igreja. Ajuda divina para ganhar? "Preciso é do voto do povo"

6 mar, 22:02

Empenhado no voto útil, em especial dos idosos e das mulheres, Pedro Nuno Santos volta à rua. Em Torres Vedras, há desencantados com o PS. E quem saiba se umas andas podiam dar jeito para subir o resultado socialista. Depois de um comício em Lisboa marcado por incidentes, a caravana socialista parece ter perdido alguma da sua força. Nos arredores de Lisboa, não arrisca brindar à vitória

As letras pintadas por cima da porta chamam a atenção: "Sapateiro Ventura". E não é por causa do apelido que Pedro Nuno Santos evita a entrada durante a arruada da tarde em Torres Vedras.

Contacto breve. "Disse-nos que a família também andou nos sapatos. Ser de uma família que mexia em sapatos não nos influencia, nem para um lado nem para o outro", conta Elisabete Silva, acompanhada do primo João, ao balcão, depois da visita do secretário-geral do PS.

"Ele até é uma pessoa simpática", dizem. Embora isso não vá ditar voto: é antes o desejo de mudança. Ventura é o apelido do avô. Mas sem margens para confusões com o homónimo do Chega: "uma coisa não tem a ver com a outra".

Uma das paragens em Torres Vedras (CNN Portugal)

Um café por tomar

Voltemos ao início da arruada, perto da Câmara Municipal de Torres Vedras. Judite Esteves observa a multidão do outro lado da estrada. Conta que está "aflita das costas". E aflita para decidir em quem vai votar? "Não, isso não. Ninguém espere que venha outro fazer milagres", responde.

Quando termina de explicar, já a arruada, apressada, se prepara para entrar nas ruas apertadas do centro histórico. Primeiro, uma paragem na esplanada para distribuir cumprimentos. Sílvia Sept convida Pedro Nuno a sentar-se e a tomar um café. Ele agradece, mas não aceita. "Estava à espera que ele pagasse e tudo".

O voto de Sílvia já seguiu para ser contado. É emigrante na Alemanha, votou lá. "Era o meu partido, agora não tenho. Acho que perdeu força". Esta psicoterapeuta queria uns minutos de conversa para falar sobre o estado do SNS. "Se estivesse no lugar dele, era essa a minha prioridade".

Sílvia não toma o desejado café com Pedro Nuno (CNN Portugal)

Subir nos resultados? Vão daqui umas andas

Adesão à arruada do PS em Torres Vedras foi contida (Lusa)

"Ó Laurindinha, vem à janela". O PS trouxe colunas de som para encher a arruada. E nem assim houve quem viesse à janela. Teve de ser o candidato a entrar, timidamente, pelas lojas, para tentar convencer, "para não perdermos o risco de acordarmos com um governo da AD". No cabeleireiro, Maria Clara aproveita a oportunidade, porque tem a tinta a atuar no cabelo. "Pedi-lhe para olhar pela zona histórica". Acredita que Pedro Nuno voltará como primeiro-ministro.

Coberto de tinta vem também Miguel da Xica ("assim mesmo, com X"). Mas não é por isso que se destaca da multidão. É pelas andas metálicas, que o ajudam no trabalho. Faz a festa sozinho. E, quando Pedro Nuno entra numa das lojas, vai atrás dele. Sabe que o resultado para o partido não será fácil no dia 10. "Por isso é que vim com as andas, a ver se ele sobe".

Antes do fim da arruada, Pedro Nuno Santos é convidado a visitar o interior da Igreja da Misericórdia, para ver as obras de requalificação. À saída, a pergunta: vai ser preciso ajuda divina para um bom resultado no domingo? "Eu preciso é do voto do povo".

Miguel da Xica faz uma pausa no trabalho para se juntar aos socialistas (Lusa)

Brinde de vitória? Pedro Nuno não arrisca

E é ao voto útil do povo que Pedro Nuno Santos tem andado a apelar nas ruas nos últimos dias. Nesta quarta-feira, por duas vezes, vinca os principais alvos: os mais velhos e as mulheres. O candidato assegura que o PS será “um porto de abrigo, um porto seguro para os portugueses”. E afasta o cenário de um orçamento retificativo para acomodar as suas promessas eleitorais, graças à “estabilidade financeira e orçamental” do país. “Dá-nos espaço para continuarmos a avançar com as nossas medidas”, reforça.

Pedro Nuno Santos considera que tem o que é preciso para ser primeiro-ministro: "tenho os resultados, tenho a experiência, tenho as respostas para resolver os problemas dos portugueses".

Manhã com direito a ginjinha (Lusa)

A manhã é também de arruada, no Barreiro, depois de um comício em Lisboa marcado por incidentes - embora Pedro Nuno dele retire "o grande entusiasmo, o grande ânimo". Na margem sul do Tejo, com a ginjinha na mão, recusa brindar à vitória.

Paragem na Tasca da Galega, celebrizada a cada véspera de Natal por Marcelo Rebelo de Sousa - outra figura da direita que, por inerência de funções, não passará pelo desfile de históricos do PSD em campanha. Sobre outro dos convidados, Paulo Portas, responde assim: “os nomes que a AD tem apresentado nestas eleições fazem-nos lembrar o pior”.

Vai um brinde à vitória? “Não. Temos muito respeito pelas eleições e pelo dia 10 de março. Portanto, nós trabalharemos com muita humildade para convencer o povo português a estar connosco".

Contacto com a população no Barreiro (Lusa)

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