Se a chuva do interior não ajuda o Santos, é preciso fugir para o Costa

2 mar, 20:53
Pedro Nuno Santos em Bragança (Lusa)

Maldita chuva, a atrapalhar os planos socialistas para o interior do país. Pedro Nuno Santos vinha mostrar que não é "elite". Ele é povo, ele é ídolo acessível, daquele que aprecia um bom enchido, que deixa vir ao de cima o sotaque. Teve carinho, teve sim, senhor, apesar do tempo difícil. No dia em que o hino da "Boa Sorte" voltou à campanha, voltou também António Costa. Coincidência? Nem por isso. Costa era o trunfo que faltava jogar. O PS está a aquecer

Chove. Não copiosamente, nem molha-tolos. Chove com a força necessária para estragar o programa das festas socialistas para Bragança. Se a montanha não vai até Pedro Nuno, Pedro Nuno vai à montanha. Pelo menos até ao Centro de Investigação de Montanha.

Alice Pinto põe-se nervosa. Deram-lhe 20 segundos para explicar o projeto em que está a trabalhar ao secretário-geral do PS. "De repente fiquei nervosa". Não pela figura em si, não pelas câmaras, mas por ter de explicar tudo em pouco tempo. Fala de abelhas. "As abelhas são uma ferramenta para perceber a qualidade ambiental". O candidato a primeiro-ministro quer saber quantas há em todo o país. 700 mil colmeias. Se fossem votos, era um regalo.

(Lusa)

Pedro Nuno Santos precisa de abelhas para avaliar o ambiente político? "Não precisamos, já temos muitas". Precisa delas é para o mel, que neste frio transmontano, ajudaria muito a curar a voz já gasta por uma semana de campanha.

A comitiva segue o percurso definido. Alice Pinto volta a ficar com o laboratório vazio. Esta investigadora não imagina o que seria do distrito sem o Instituto Politécnico de Bragança. "Estaria praticamente morto". Quem a acompanha na sala também não nasceu por aqui.

(CNN Portugal)

Arruada-relâmpago-guarda-chuva (e Cavaco para o almoço)

Os planos mudam. O que era uma arruada no centro de Bragança transforma-se numa visita ao café. Ainda é um contacto com a população, ouve-se na comitiva. Um contacto relâmpago, a combinar com o tempo que se pôs. "Pedro, amigo, Bragança está contigo".

Abrem-se os chapéus de chuva. Pedro Nuno Santos agradece a presença, o apoio, tão caloroso. "Cheio de gente, cheio de força, impossível estar melhor". Mesmo num distrito onde o PS tem dificuldades em afirmar-se: dos três atuais deputados, dois são do PS. Mas antes de 2022 era o PSD quem levava sempre a vantagem.

(Lusa)

Mais de 600 militantes e simpatizantes, protegidos da chuva - tão apertados que foi preciso mandar membros da comitiva para outro lado - esperam o líder para o almoço-comício. Até ele chegar, em 'loop', toca aquela que para muitos já é o hino desta campanha, "Boa sorte, Boa sorte", de Zé Barbosa. Se não se lembra dela, veja este artigo.

Mesmo que Pedro Nuno Santos nunca lhe diga o nome, o prato principal é o ataque a Cavaco Silva: "Não somos do tempo em que alguns rostos do passado, que agora aparecem em campanha, encerravam caminhos de ferro"; "quem hoje tenta dar lições sobre como é que se governa em Portugal, nós lembramos como governou". Isto depois de um artigo em que o ex-Presidente da República dizia que o socialista não tem qualidades para ser primeiro-ministro e apela ao voto na Aliança Democrática.

No interior, o secretário-geral do PS insiste que o PS não é "uma elite a governar. Somos pessoas comuns que ouvem os outros, que querem governar com os outros". No interior, repete várias vezes a palavra "elite". Sabe que, entre o povo, essa visão assusta.

(Lusa)

Enchido de carinho, a caminho de Costa

A arruada em Mirandela é antecipada meia hora. O tempo dá umas tréguas. Há uma Feira da Alheira para visitar. E a caravana não quer atrasos no dia em que António Costa entra na campanha. "O enchido está uma maravilha". Pedro Nuno revela-se o ídolo acessível, popular. Está mais interessado naqueles que se cruzam no caminho. Deixa vir ao de cima o sotaque. "Ai, ele é tão lindo", suspira uma idosa ao vê-lo passar. Há quem tenha vindo de longe. Não por ele, antes pela alheira e pelas amendoeiras em flor.

"Se quiserem vir até ao Porto no final do dia vou estar no Rosa Mota". Há uma festa com direito a António Costa. E, por várias vezes, o nome do ainda primeiro-ministro vem à baila durante o dia: "não é uma cara do passado, é uma cara do presente e do futuro".

Também nós vamos para o grande comício do Porto. Mas, dada a dimensão da festa, isso é um artigo à parte.

(Lusa)

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