Cafôfo pôs o dedo na ferida, na "vergonha" do PSD na Madeira. E Pedro Nuno lá contornou a justiça para prescrever "um bom remédio" a Montenegro

27 fev, 20:18
Pedro Nuno Santos em campanha na Madeira (Lusa)

No discurso em Machico, Pedro Nuno Santos já não refere o nome de Pedro Passos Coelho. Mas recupera muito passado para colar Montenegro a esses tempos da troika. E usa a instabilidade política na região para mostrar ao rival que o argumento da autonomia tem limites. Ao lado tem Paulo Cafôfo, que vai direto ao tema da justiça: Montenegro e o PSD têm “vergonha” de Miguel Albuquerque

Pedro Nuno Santos faz questão de dizer que esta é a “terceira vez em dois meses” que está na Madeira. Porque isso o distingue do principal adversário: Luís Montenegro.

Apesar da colagem aos erros do passado, à ideia de “voltarmos ao passado”, na região o nome de Pedro Passos Coelho – que tanto tem dado que falar nas últimas horas depois do aparecimento na campanha da Aliança Democrática em Faro – ficou por dizer no discurso.

O secretário-geral do PS não foge ao tema que mudou a política na Madeira: a investigação sobre corrupção. Não fala diretamente na justiça. Fala antes dos impactos da operação. Para passar um “bom remédio” a Montenegro.

“Montenegro disse que faria diferente, se pudesse, de Miguel Albuquerque, que anunciou que será recandidato”. E segue para o conselho. “O PSD tem um líder. Se Montenegro acha que Miguel Albuquerque devia fazer o mesmo que António Costa tem bom remédio: não passa a procuração”.

Em vários momentos, Pedro Nuno Santos realça as diferenças para com Montenegro. Porque o presidente do PSD, “que veio cá em setembro tentar colar-se a uma maioria absoluta que nunca aconteceu” não tem passagem prevista durante a campanha. “É nem vê-lo. Não quer sequer aparecer cá”.

“Respeitar os madeirenses e porto-santenses é, em cada ato eleitoral, vir comunicar com eles. É por isso que na campanha das legislativas não podíamos deixar de estar aqui convosco, por respeito à Madeira”, argumenta.

Grande parte do discurso em Machico é dedicada às pensões, porque foi aí, diz Pedro Nuno Santos, que os mais velhos foram “maltratados”. “Mais do que a forma como foram tratados, foi a forma como foram enganados”. E insiste: “os sociais-democratas, com Passos Coelho à frente do Governo e Luís Montenegro, nos tempos da troika, “fizeram os cortes porque estavam convictos”.

Comício teve lugar em Machico, um bastião socialista na região (Lusa)

“Vergonha” de Miguel Albuquerque

Pedro Nuno Santos está convicto de que “o povo da Madeira merece uma mudança”. E na região, para essa mudança, conta com Paulo Cafôfo. É o presidente do PS/Madeira quem começa por trazer a justiça, Miguel Albuquerque e Luís Montenegro para o comício socialista.

“Outros escondem-se, não vêm aqui apoiar o seu partido. Falo de Luís Montenegro, que não vem à Madeira, porque tem vergonha do PSD-Madeira” e do seu líder regional, argumenta.

Do rival regional, Miguel Albuquerque, Cafôfo diz que “perdeu a credibilidade” e que continua a “agarrar-se ao poder”. E aponta uma razão: “tem a imunidade que o protege de responder à justiça, porque anda a fugir à justiça pelos crimes de corrupção pelos quais está indiciado”.

Cafôfo desafia-se a “devolver a decência à política” já que “a marca da autonomia não pode ser a corrupção e a pobreza. Essa é uma marca registada do PSD”. E se o PSD “bateu no fundo”, não quer que o mesmo aconteça à região.

Paulo Cafôfo não quer Madeira a "bater no fundo" tal como aconteceu ao PSD (Lusa)

“Duas faces da mesma moeda”

Antes de rumar à Madeira, a manhã de Pedro Nuno Santos é passada noutro arquipélago. Aí aponta a Pedro Passos Coelho e Luís Montenegro sem medo de nomear o ex-primeiro-ministro: o reaparecimento de Passos Coelho em Faro é  “a oportunidade de ver duas faces da mesma moeda em campanha”.

“Não queremos regressar ao passado, regressar ao passado que era governado por um partido que dizia uma coisa aos portugueses e praticava outra”, afirma em São Miguel, Açores, numa visita a uma empresa de biotecnologia e inovação.

Neste terceiro dia de campanha, Pedro Nuno Santos faz ainda um balanço positivo da campanha, que está a “conseguir mobilizar o país”.

Secretário-geral socialista visitou empresa de biotecnologia e inovação em São Miguel, Açores (Lusa)

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