Costa, o polígrafo da governação, fala aos indecisos para "ganhar o jogo aos 40 minutos". A Pedro Nuno deixa "muita obra para inaugurar"

2 mar, 21:55
António Costa e Pedro Nuno Santos na campanha do PS no Porto (LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS)

Um dos trunfos de Pedro Nuno Santos chegou. Chegou para falar aos indecisos, para vincar a experiência do sucessor. Chegou para desconstruir os ex-primeiros-ministros do PSD um por um. "E como tenho tempo agora", para confirmar os feitos da sua própria governação. Eis António Costa, que deixa "muita obra para inaugurar". E a quem Francisco Assis abre o caminho para a Europa

António Costa entra na campanha socialista com três missões, animado pela "força, energia e mobilização do PS": apelar aos "indecisos", confirmar o trabalho feito e vincar a "impreparação" da Aliança Democrática.

"Agora que a luta aquece, temos de mostrar a força do PS" para "fazer de Pedro Nuno Santos o próximo primeiro-ministro", afirma. O ainda primeiro-ministro lembra que em oito anos os socialistas foram "avaliados duas vezes". E deu ele próprio as notas: em 2019 com um "bom mais" pela forma como "virámos a página da austeridade; em 2022 "um muito bom" pela "forma como enfrentámos a pandemia".

Lusa/António Pedro Santos

E, como as eleições só deviam ser em 2026, não resistiu à comparação, puxando pelo lado "portista" de Pedro Nuno Santos. Era como se o FC Porto - Santa Clara tivesse parado aos 40 minutos.

"Em vez de nos deixarem chegar a 2026 para sermos avaliados, em vez de deixarem o jogo chegar aos 90 minutos, interrompem o jogo aos 40. Mas há uma diferença: mesmo aos 40 minutos, vamos ganhar as eleições", afirmou.

Não há quem lhe escape: a "falta de experiência" da AD, que só quer "inaugurar"

Um por um, o ataque de Costa aos ex-primeiro-ministros do PSD.

Primeiro Cavaco Silva: "o mais antigo não governou só numa época em que não havia internet, providências cautelares. Ganhou eleições quando só havia uma única televisão em Portugal, que era comandada pelo seu ministro adjunto".

Depois Durão Barroso, que "percebeu que governar não era inaugurar e foi para Bruxelas". Passa por Santana Lopes: "até queria que eles o convidassem, mas eles não convidam".

Segue-se Pedro Passos Coelho. Em dois momentos distintos: "bem sei que há muitos que estão preocupados com a imigração, mas eu estou mais preocupado com a economia e a falta de mão de obra" e "eles dizem para o Chega sair pela porta, mas depois o Chega entra pela janela, contaminando-os a eles".

Lusa/António Pedro Santos

E, por fim, o candidato a primeiro-ministro, Luís Montenegro, que "mostra bem a impreparação que a AD tem para governar".
"Não é por irem buscar inspiração aos anteriores primeiros-ministros que eles vão conseguir governar no dia de hoje", reforça. Porque "não é a altura de arriscarmos com experiências". Ou melhor, "com experiências com quem não tem experiência".

Costa, o fact-checker

Para António Costa, a visão da Aliança Democrática é simples: "para eles governar, é inaugurar". Mas deixa o aviso: governar é "fazer escolhas que são difíceis".

É o sucessor Pedro Nuno Santos que o ainda primeiro-ministro quer ver a cortar fitas. "Vai ter muita obra para inaugurar".

"Se o seu adversário por alguma razão ganhasse, também as ia inaugurar. Mas há uma coisa de que não se poderia orgulhar: de dizer 'esta obra é minha'", adverte.

Num registo bem disposto, "e como tenho tempo agora", António Costa socorre-se dos jornais para fazer o "fact-check" da sua própria governação. Para mostrar que deixa um país melhor, apesar da pandemia e dos efeitos das guerras na inflação.

"Será que vale a pena, agora que as coisas começam a endireitar, fazer uma mudança sem segurança, em vez de dar oportunidade ao Pedro Nuno Santos de continuar o trabalho que tem vindo a desenvolver, agora com mais energia, um novo impulso, novas ideias, mas sem mudar de rumo?", questiona.

O contraste é evidente: o candidato socialista "é um político com experiência, que já teve de decidir, já teve de fazer escolhas".

(Lusa/António Pedro Santos)

Caminho aberto para a Europa

Antes de Costa, no comício socialista no Pavilhão Rosa Mota, discursa Francisco Assis, cabeça de lista pelo Porto e uma das vozes mais críticas da governação em tempos de geringonça. 

Mas, na referência a Costa, abre-lhe o caminho para a Europa: "eu espero, eu desejo, que António Costa seja o próximo presidente do Conselho Europeu, porque isso é bom para a Europa"

"O PS não falha nas horas decisivas. Convergimos e divergimos, mas nas horas essenciais sabemos estar todos juntos", reforça Assis.

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