Segundo jornalista russo detido por criar vídeos para a equipa de Navalny

Agência Lusa , MM
28 abr, 08:42
Moscovo (EPA)

Vários outros jornalistas estão detidos na Rússia, incluindo o norte-americano Evan Gershkovich, alvo de acusações de espionagem

Um segundo jornalista foi detido e colocado em prisão preventiva, acusado de extremismo por ter participado na criação de vídeos para o canal de YouTube da equipa do falecido opositor Alexeï Navalny.

Sergey Karelin, de 41 anos, vai ficar detido pelo menos até 27 de junho, enquanto aguarda julgamento, disse no sábado o serviço de imprensa dos tribunais de Moscovo, na plataforma de mensagens Telegram.

O jornalista é acusado de “participação na preparação de fotos e vídeos” para um canal na plataforma YouTube usado pela Fundação para o Combate à Corrupção, criada por Navalny, que foi proibida pelas autoridades russas, indicaram os tribunais.

Karelin, que tem dupla nacionalidade israelita, foi detido na noite de sexta-feira na região de Murmansk, no norte da Rússia.

O jornalista trabalhou para vários meios de comunicação, inclusive para a agência de notícias Associated Press, e foi operador de câmara para a Deutsche Welle até que o Kremlin proibiu a emissora pública alemã de operar na Rússia, em fevereiro de 2022.

“A Associated Press está muito preocupada com a detenção do videojornalista russo Sergey Karelin”, afirmou a agência, num comunicado. “Estamos a procurar informações adicionais”, acrescentou.

Também no sábado, um outro jornalista, Konstantin Gabov, foi detido e colocado em prisão preventiva devido à mesma acusação.

Gabov colaborou com várias empresas de comunicação social, incluindo os canais de televisão russos Moskva 24 e MIR e a agência bielorrussa Belsat, de acordo com a imprensa russa.

A repressão do Governo russo à dissidência e aos meios de comunicação independentes intensificou-se após a invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022.

A Rússia aprovou leis que criminalizam o que considera informações falsas sobre os militares ou declarações vistas como desacreditando os militares, proibindo efetivamente qualquer crítica à guerra na Ucrânia ou discurso que se desvie da narrativa oficial.

Um jornalista da edição russa da revista Forbes, Sergei Mingazov, foi detido sob a acusação de espalhar informações falsas sobre os militares russos, disse o advogado na sexta-feira.

No final de março, uma fotojornalista, Antonina Kravtsova, que trabalhava sob o nome de Antonina Favorskaïa, também foi detida sob a acusação de extremismo.

Vários outros jornalistas estão detidos na Rússia, incluindo o norte-americano Evan Gershkovich, alvo de acusações de espionagem, que rejeita, tal como os meios de comunicação para os quais trabalhava, os familiares e as autoridades norte-americanas.

Alexeï Navalny morreu em fevereiro em circunstâncias ainda não esclarecidas numa prisão no Ártico. O seu movimento foi classificado como extremista pelos tribunais, o que coloca os seus colaboradores e apoiantes em risco de serem processados.

A maioria dos associados do opositor está exilada no estrangeiro, enquanto outros receberam longas penas de prisão.

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