As pistas que o dérbi nos deixou

24 nov 2023, 14:40
João Neves, Gyökeres e Morato no Benfica-Sporting (TIAGO PETINGA/Lusa)

«Quem é que defende?», o espaço de opinião de Sofia Oliveira no Maisfutebol

Benfica e Sporting já se defrontaram há quase duas semanas, mas a inconveniente pausa FIFA suspendeu o exercício entre clubes, logo após um dos dérbis mais extasiantes de sempre, se dessa apreciação subtrairmos o futebol praticado pelas duas equipas.

Os tépidos clássicos portugueses dos últimos anos levaram à sobrevalorização de um jogo que, mesmo até aos 51’ - altura em que Gonçalo Inácio foi expulso -, andou, durante a maior parte do tempo, longe dos bons lances colectivos. Muitas disputas de bola pelo ar e pelo solo, tímidos rasgos individuais, vários erros técnicos, inúmeras tomadas de decisão erradas e menos de cinco jogadas estruturadas, com princípio, meio e fim. 

Ainda que o Sporting tenha completado o período em que se jogou 11x11 com um ligeiro ascendente, fazendo jus ao estatuto de equipa que chegava ao dérbi como a mais estável das ‘três grandes’, não entusiasmou. Esperava-se melhor de uma jornada referente a um campeonato cujos candidatos ao título têm nivelado por baixo em termos exibicionais?

No regresso das provas de clubes, somente quando a bola voltar a rolar é que poderemos tentar escrutinar o impacto emocional causado pelo dérbi. Contudo, olhar para a bola a rolar ao longo do dérbi permite-nos escrutinar pistas do que aí vem no regresso das provas de clubes. E do que Benfica e Sporting foram até à inconveniente pausa FIFA.

A pressão alta do Benfica

O melhor argumento colectivo do Benfica na época passada tem-se mostrado enfraquecido, confirmando os sintomas revelados nos jogos mais exigentes (para ele) de 2022/23 e nos jogos de pré-época deste ano, os quais, face à ausência de nuances trabalhadas por Roger Schmidt, tinham feito tocar os alarmes. 

Era um argumento que não só permitia à equipa defender longe da sua baliza, uma vez que a bola era recuperada em zonas adiantadas, como começar a atacar com o adversário aberto/desposicionado, abrindo a hipótese de os jogadores do Benfica perscrutarem os espaços em velocidade - Rafa enquanto maior beneficiário desta intenção. 

Apontar a saída de Gonçalo Ramos, a deslocação de Aursnes para a linha-defensiva - por culpa de um lamentável planeamento nas laterais - e a chegada de Di María ajuda a explicar a falência de características individuais que sustentem a eficácia desse argumento colectivo. No entanto, não justifica a apatia de Schmidt em ajustar o seu modelo a novas dinâmicas, no qual, agora, encaixam também jogadores de diferentes perfis.

Desde a temporada transacta que o Benfica é unidimensional na forma como pressiona, o que pressupõe que qualquer oponente capaz de contornar o plano A encarnado passa a deter o código que anula essa pressão. Pode ou não ter os recursos colectivos e individuais necessários para superar os desafios desse plano A - em Portugal, são raríssimos os opositores que se aproximam do Benfica no que à qualidade individual diz respeito -, mas, em 10 partidas contra o Benfica, esse código manter-se-á sempre válido, sendo que, actualmente, é um código com menos força. 

No fundo, a pressão alta de Roger Schmidt é a mesma sem os mesmos protagonistas e sem o mesmo efeito surpresa para os treinadores que a analisam.

Na pressão, Florentino ficava mais projectado do que João Neves e o lateral do lado da bola saltava no ala do Sporting. Aqui, vê-se o adiantamento de Morato 
A bola circulou para o lado contrário e Aursnes saltou em Matheus Reis. Morita e Pedro Gonçalves procuravam o espaço nas costas de Florentino e Aursnes 
Morato também saltava em Esgaio na organização defensiva mais baixa, com Edwards a explorar as costas de Morato, lateral-esquerdo adaptado  
João Neves fazia a cobertura defensiva a Otamendi quando o Sporting entrava ao último terço pelo lado de Edwards 
João Mário menos adiantado, de forma a fechar o corredor esquerdo do Benfica
Na organização defensiva mais baixa, João Mário novamente mais preocupado com Esgaio do que com Diomande 

A construcção pelo corredor central do Sporting 

Uma das maiores críticas que se pode fazer ao modelo de Rúben Amorim está relacionada com o vício em atacar pelos corredores laterais e, por conseguinte, com a menor utilização do corredor central. Entende-se que o técnico do Sporting tem procurado alterar esse registo. Aliás, basta olhar para o perfil da habitual dupla de médios titulares, composta por Morita e Hjulmand, e compará-la, por exemplo, com a da temporada anterior, composta por Ugarte e Morita. Facilmente se identifica o intuito de juntar, naquela zona, jogadores mais equilibrados no que oferecem com e sem a bola, tal como Amorim vai clarificando em conferências de imprensa. Colocar Morita ou Hjulmand num lugar que foi de João Palhinha é uma variação significativa nos atributos que privilegia. Ainda assim, não chega mudar as características individuais. 

Num momento de inspiração individual, claro que Morita ou Hjulmand serão capazes de meter passes verticais que deixem Pedro Gonçalves só com a linha defensiva contrária pela frente, mas é a recorrência com que o Sporting prepara/procura essa vantagem na construcção que define se há uma pretensão colectiva de explorá-la - a isto, dá-se o nome de identidade - ou se aquele passe se esvazia num fogacho proveniente da qualidade de Morita ou Hjulmand. Vale a pena dizer que, quanto maior é a qualidade dos jogadores, mais vezes uma equipa pode criar jogadas colectivas espectaculares sem que elas façam parte da identidade colectiva. 

No dérbi, exigia-se mais construção pelo corredor central ao Sporting, sobretudo pela facilidade em encontrar espaços dentro do bloco do Benfica.

Em fase de construcção, Diomande descobriu Morita
Face à pressão de Florentino e Di María, Morita, de primeira, encontrou Pedro Gonçalves pelo corredor central
Pedro Gonçalves recebeu dentro do bloco do Benfica, tendo ficado somente com a linha-defensiva encarnada pela frente 
Ao invés de conduzir a bola e explorar todo o espaço que tinha, Pedro Gonçalves solicitou Gyökeres 
A jogada perdeu-se, já que Gyökeres também não decidiu da melhor maneira - havia opções em cobertura ofensiva - quando se viu cercado por Aursnes e António Silva

Os laterais do Benfica 

Não há prova maior do lamentável planeamento nas laterais do Benfica do que, à 11.ª jornada, o 11 titular apresentar-se com Aursnes a lateral-direito e Morato a lateral-esquerdo. No banco de suplentes, sentaram-se as alternativas: Jurásek, lateral-esquerdo contratado por 14 milhões de euros, e João Victor, central contratado por 9,50 milhões de euros. Estranho ninguém olhar para Diogo Spencer. 

Aursnes deparou-se com um Pedro Gonçalves bem mais preocupado em surgir no corredor central e com um Matheus Reis que continua a castigar/desequilibrar pouco no papel de ala esquerdo (melhor enquanto central pela esquerda), portanto, teve problemas defensivos distintos dos do seu colega, não comprometendo. Projectou-se timidamente no ataque, dependendo das combinações com Di María para marcar diferenças, já que a sua abnegação na função não se transforma em auto-suficiência para desequilibrar à largura. 

Do outro lado, Morato esteve praticamente irrepreensível na árdua tarefa de, durante o período em que se jogou 11x11, controlar Marcus Edwards, mas ofensivamente revelou-se naturalmente curto, mesmo depois da expulsão de Gonçalo Inácio. Longos foram os minutos em que, a atacar, o corredor esquerdo andou coxo, indiciando que será uma alternativa insuficiente em encontros em que o Benfica divida menos o protagonismo com bola.

Morato errou o passe que buscava o corredor central, possibilitando a recuperação de Hjulmand 
Hjulmand iniciou a transição ofensiva do Sporting, tendo descoberto Edwards em corredor central
João Neves caiu em cima de Edwards, mas o jogador do Sporting ultrapassou-o 
O passe errado de Morato em fase de construcção originou este cenário para o Sporting
Situação de 5x5 
Matheus Reis optou por fazer um passe atrasado, mas Edwards e Pedro Gonçalves atrapalharam-se 
Outra assertividade do Sporting podia ter castigado mais o passe de Morato, naturalmente desconfortável quando tinha de construir enquanto lateral-esquerdo 

Os laterais do Sporting 

Para quem já pôde contar com Nuno Mendes à esquerda e Pedro Porro à direita, torna-se embaraçoso esperar melhor de Matheus Reis à esquerda e Ricardo Esgaio à direita. Rúben Amorim optou por lançar dois alas que, ofensivamente, tendem a desaproveitar e/ou a estragar lances de potencial perigo, preferindo encostar-se àquilo que ambos lhe oferecem em processo defensivo. 

Há dias, o treinador do Sporting referiu-se a Esgaio como sendo um “relógio suíço”, adoptando, quem sabe, um novo conceito para a expressão, que, no futebol, é usualmente aplicada para descrever a regularidade positiva de um jogador. No caso de Esgaio, porém, descreve a sua regularidade negativa. Sem querer retirar mérito ao desempenho defensivo do ala direito do Sporting, que ‘secou’ João Mário, o médio atravessa uma fase em que fez Esgaio parecer a versão prime de Kyle Walker, tendo ficado sempre bastante desconfortável. Com bola, exibiu as dificuldades recorrentes. 

Matheus Reis foi menos solicitado a atacar e cumpriu defensivamente, também por demérito do Benfica e de Di María. 

O próprio perfil de ambos força, inclusive, Amorim a aumentar a variabilidade ofensiva do seu modelo, porque uma coisa era depender do talento de Nuno Mendes e Pedro Porro, outra é esperar que Esgaio ou Matheus Reis resolvam, sozinhos, carências colectivas. Às vezes, não servem, sequer, para dar continuidade ao que está a ser bem feito antes de a bola chegar aos seus pés.

Em fase de construcção, Esgaio encontrou Morita solto no corredor central
A triangulação resultou, depois de Morita devolver a bola a Esgaio, permitindo ao ala-direito do Sporting receber com espaço e vindo de trás para a frente 
Criada a vantagem, era importante para o Sporting que Esgaio tivesse dado sequência ao lance
Esgaio executou mal o passe que procurava Edwards, facilitando a boa leitura de António Silva 
Depois de atrair o Benfica ao corredor esquerdo, Hjulmand descobriu a largura oferecida por Esgaio do lado contrário 
Com tempo e espaço para pensar, Esgaio conduziu a bola com o intuito de executar o cruzamento, que foi interceptado por João Mário. Tinha Edwards em cobertura ofensiva 
Desta vez, foi Hjulmand quem descobriu Esgaio à largura 
Com tempo e espaço para pensar, contou, mais uma vez, com a movimentação de Edwards sem bola
Durante a condução, Esgaio tropeçou sozinho, tendo tido a necessidade de ajustar o domínio. Esses micro-segundos foram suficientes para Morato se aproximar 
Morato interceptou a bola
Esta foi a melhor acção de Esgaio com bola, tendo marcado o início de uma das oportunidades de golo do Sporting. Mesmo pressionado, encontrou Edwards
Utilizando a sua agilidade, Edwards virou-se de frente para o jogo e conduziu a bola pelo corredor central
Mais à frente, solicitou Matheus Reis
Matheus Reis devolveu a Edwards, que viu o inteligente movimento de Pedro Gonçalves.
É dificílimo controlar esta situação, porque o passe atrasado de Matheus Reis obriga o adversário a apertar o portador da bola (Edwards), enquanto a ruptura de Pedro Gonçalves vai no contra-movimento dessa pressão ao portador
Execução sublime de Edwards 
Pressionado em fase de construcção, João Mário tentou variar o centro do jogo para Aursnes
João Mário executou mal o passe, facilitando a boa leitura de Matheus Reis
Era um excelente momento para Matheus Reis ir para cima do seu opositor directo, mas o ala-esquerdo do Sporting não possui essas características
Solicitou Esgaio do lado contrário, através de um passe longo. Basta olhar para a imagem anterior para se perceber a vantagem que a equipa perdeu 
Na sequência, Esgaio executou um cruzamento sem qualquer cabimento 

João Neves

Aos 19 anos, João Neves é o maior pronto-socorro do modelo de Roger Schmidt. Essa condição indicia que o modelo de Roger Schmidt beneficia mais de João Neves do que João Neves beneficia do modelo de Roger Schmidt, atestando a ideia de que o médio tem andado a apagar fogos em todas as frentes. 

Desde a formação que um dos traços mais vincados do seu perfil é a abnegação sem bola - em momento defensivo e ofensivo -, tendo o dérbi servido, novamente, para demonstrar que João Neves não desiste de nenhum lance, não tem medo de ir ao choque, não se esconde do jogo, não se encolhe em transição defensiva.

A sua energia permiti-lhe chegar a quase todo o lado, mas será que chega a todo o lado com a mesma energia? 

João Neves não é um ‘trinco’, tão pouco um jogador cujo perfil não lhe permita ir além do elogio pelo que aporta nas recuperações, nos duelos, na antecipação defensiva. Não fosse o golo - de uma agilidade e execução sublinháveis - e João Neves teria sido, igualmente, o melhor do lado do Benfica, mas muito mais pelo que fez defensivamente do que pelo que a equipa o ajudou a produzir ofensivamente. Aliás, o papel de salvador, que também protagonizou em Chaves, coloca a nu a evidência de que tem carregado a equipa conforme vai conseguindo. 

Tanto se cresce na adversidade como bem enquadrado. Na evolução, os estímulos contam na aquisição de virtudes e defeitos.

Depois de Rafa ter perdido a bola, João Neves preparou-se para ir ao choque com Hjulmand
A chegada rápida de João Neves condicionou a tomada de decisão do médio do Sporting, que se preparava para iniciar a transição ofensiva 
Morita recebeu a bola de costas, com Florentino e João Neves por perto
Numa primeira instância, Morita conseguiu descobrir o passe para Edwards
João Neves não desistiu do lance e ainda foi roubar a bola a Edwards, que se preparava para acelerar  
Morato estava apertado na primeira fase de construcção 
A bola que Morato quis passar a João Neves não foi nas melhores condições, mas João Neves não desistiu do lance e ainda ganhou a falta, depois de ter dividido a posse com Morita 
João Neves interceptou o passe de Esgaio
Aquela intercepção permitiu ao Benfica iniciar uma transição ofensiva
Petar Musa não aproveitou a situação, tendo executado muito mal o passe que procurava Di María
Na sequência, foi novamente João Neves quem impediu o Sporting de dar continuidade ao ataque

Viktor Gyökeres

Já mostrou ao que veio. O que pode acrescentar e o que pode melhorar. 

O dérbi foi uma amostra fidedigna da auto-suficiência de Viktor Gyökeres. Mesmo abandonado em zonas adiantadas, depois da expulsão de Gonçalo Inácio, deu trabalho ao Benfica. Com a sua contratação, o Sporting ganhou uma ameaça constante no ataque à profundidade, um avançado inteligente a criar vantagens através do contacto físico, super vertical em campo aberto, sagaz na finalização, abrangente pela facilidade nas rupturas de dentro para fora, mas que necessita de evoluir na execução e na decisão quando busca combinações.

Em fase de construcção, Diomande procurou Hjulmand no corredor central 
A bola circulou de Hjulmand para Coates 
Na sequência, Coates deixou em Gonçalo Inácio 
Enquanto a bola circulou de um lado ao outro, Gyökeres foi acompanhando a jogada em cunha com a linha defensiva contrária 
Com a ruptura de Pedro Gonçalves, Gyökeres aproximou-se de Matheus Reis para o contra-movimento
O passe de primeira de Gyökeres procurou a combinação com Pedro Gonçalves 
A execução de Gyökeres foi muito má e o passe saiu directamente para fora
Novamente em fase de construcção, Adán deixou a bola em Diomande 
Diomande encontrou Esgaio à largura
Ao perceber que Gyökeres atacou o espaço, Esgaio solicitou o avançado do Sporting
Foi criado o contexto para Gyökeres aproveitar a sua velocidade em campo aberto
Na sequência, Gyökeres contou com o apoio de Morita pelo corredor central
O avançado do Sporting optou por tentar servir Pedro Gonçalves na grande área 
A intercepção de Aursnes foi parar ao pés de Gyökeres, que, perante António Silva, ganhou a linha de fundo
Pedro Gonçalves e Morita não atacaram o espaço - ambos fizeram o movimento contrário - e Gyökeres libertou-se da bola mal concluiu o drible, tendo ficado a ideia de que podia, por exemplo, ter conduzido e fixado Otamendi para, depois, sim, solicitar um dos seus companheiros  

O golo e a expulsão 

O lance do golo do Sporting começou nos pés de Morato, que não deixou a bola para João Mário nas melhores condições 
Esta imagem é explícita. João Mário, de costas para a baliza e vigiado por Esgaio, teve de ajustar a corrida para ir ao encontro do passe de Morato 
A astúcia de Esgaio e a falta de agilidade de João Mário complicaram o lance para o Benfica
Lento no ajuste, João Mário deixou-se ultrapassar por Edwards, que ganhou o lance
A partir daqui, Edwards acelerou sobre Morato
Ainda foi João Neves quem tentou chegar ao extremo do Sporting, mas Edwards deixou em Gyökeres no momento certo
O local de onde Gyökeres rematou deixou algumas dúvidas relativamente à acção de Trubin, já que a bola entrou no lado mais protegido pelo guarda-redes do Benfica. Trubin posicionou-se bem, sendo que a potência e a colocação do remate de Gyökeres surpreenderam, atenuando o possível erro do guarda-redes 
O lance da expulsão começou nos pés de Gonçalo Inácio. O central do Sporting não abriu em Matheus Reis, tendo procurado o passe para Pedro Gonçalves, de costas para a baliza e vigiado por Aursnes 
Aursnes foi muito rápido na antecipação e ultrapassou Pedro Gonçalves 
Na sequência, Morita optou por tentar a intercepção pelo solo.
Essa é uma decisão que elimina o jogador que a executa do lance em caso de ineficácia 

 

Nem Morita devia ter optado pela intercepção - falhada - pelo solo, nem Gonçalo Inácio devia ter saltado em Rafa. Antes da acção de Morita, o Sporting estava equilibrado defensivamente, apesar da perda de bola. Antes de Gonçalo Inácio ter saltado em Rafa, o Sporting ainda tinha a possibilidade de controlar o lance com Inácio, Coates e Diomande (Hjulmand estava a chegar). Ambos deviam ter optado pela contenção 

«Quem é que defende?» é um espaço de opinião de Sofia Oliveira no Maisfutebol. A autora escreve pelo acordo ortográfico antigo

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