Se no saldo global de uma época de recordes de mudanças de treinador houve mais trocas a trazerem melhores do que piores resultados, há vários casos em que isso não foi verdade. Há mesmo três clubes que mudaram mais que uma vez e pioraram sempre. Acima de todos o Sp. Braga
Foram nada menos que 19 as mudanças de treinador numa Liga que ultrapassou todos os limites a esse nível. E menos de 24 horas depois de terminar tem ainda mais uma saída, a de Nuno Espírito Santo do FC Porto, ainda que essa já não entre nestas contas. Dos 18 clubes da Liga só cinco fizeram todo o campeonato com o mesmo treinador: os três «grandes» e os dois Vitórias, de Guimarães e de Setúbal. Nada menos que seis clubes tiveram três treinadores ao longo da temporada. O Maisfutebol olhou para o rendimento de todos estes técnicos e concluiu que, se no saldo global houve mais trocas a trazerem melhores do que piores resultados, há vários casos em que isso não foi verdade.
Há mesmo três clubes que mudaram mais que uma vez e pioraram sempre. Acima de todos o Sp. Braga, um verdadeiro caso de estudo nesta Liga. José Peseiro começou a época e saiu ao fim de 13 jogos de campeonato, com uma percentagem de 66.7 por cento dos pontos conquistados em relação aos pontos possíveis. Depois veio Jorge Simão e fez pior, e a seguir Abel Ferreira, e ainda fez pior.
Aliás, Peseiro termina o campeonato como o quarto treinador com melhor rendimento, dividindo os pontos conquistados pelos possíveis nos jogos que realizou. Fica a seguir a Rui Vitória, Nuno Espírito Santo e Jorge Jesus.
Entre os treinadores que entraram com a Liga a decorrer e fizeram pelo menos um terço do campeonato, destaque óbvio para Daniel Ramos, que levou o Marítimo à Europa. Mas também para Nuno Manta, que conquistou 61.6 por cento dos pontos possíveis desde que assumiu o Feirense. É o quinto melhor treinador da Liga em aproveitamento de pontos, à frente até de Pedro Martins, que levou o V. Guimarães ao quarto lugar.
O Estoril, outra das equipas que mudou duas vezes, é um caso curioso. A primeira mudança foi para bem pior, quando o espanhol Pedro Carmona rendeu Fabiano Soares. Mas a chegada de Pedro Emanuel mudou tudo: é em termos percentuais, aliás, a maior subida de uma equipa após uma mudança de técnico.
Também o Arouca tem dois saldos diferentes no que diz respeito a mudanças. Mas reforçada pela situação atípica de ter somado zero pontos com Manuel Machado em cinco jogos. Portanto, piorou muito com a saída de Lito Vidigal, mas depois melhorou quando Jorge Leitão substituiu Machado. Só que, como todos vimos com o louco desfecho da última jornada, a evolução não foi grande e, sobretudo, não chegou para manter o Arouca na Liga.
O Belenenses é outra das equipa que mudou mais que uma vez e piorou sempre. Julio Velazquez, que começou a época e fez sete jogos de Liga, é ainda o técnico com melhor aproveitamento médio de pontos no Restelo, acima de Quim Machado e Domingos Paciência. E a terceira é o Nacional: de Manuel Machado para Jokanovic e depois para João de Deus piorou sempre, até descer de divisão.
A única equipa que mudou duas vezes e melhorou em ambas foi o Moreirense. Que está noutra das várias peculiariedades nos bancos que marcaram esta Liga, incluindo a de ter havido dois treinadores a orientarem as mesmas duas equipas. E ambos foram para melhor. Petit e Pepa começaram a época no Tondela e Moreirense, respetivamente. Sairam ambos e acabariam por vir a trocar. Ambos apresentam registos bem mais positivos na equipa onde terminaram a época, aliás em ambos os casos salvando-a da descida.
ANÁLISE ÀS «CHICOTADAS» DA LIGA 2016/17
SP. BRAGA
José Peseiro: 13 jogos, 66.7 por cento
Jorge Simão: 16 jogos, 45.8 por cento
Abel Ferreira: 5 jogos, 40 por cento
Saldo: -20.9 por cento de Peseiro para Simão; -5.8 de Simão para Abel
MARÍTIMO
PC Gusmão: 5 jogos, 20 por cento
Daniel Ramos: 29 jogos, 54.02 por cento
Saldo: +34.2 por cento
RIO AVE
Capucho: 10 jogos, 36.67 por cento
Luís Castro: 24 jogos, 52.77 por cento
Saldo: +16,1 por cento
FEIRENSE
José Mota: 14 jogos, 26.19
Nuno Manta: 20 jogos, 61.6 por cento
Saldo: +35.41
BOAVISTA
Erwin Sanchez: 7 jogos, 38.10
Miguel Leal: 27 jogos, 43.2
Saldo: +5.1 por cento
ESTORIL
Fabiano Soares: 13 jogos, 38.46 por cento
Pedro Carmona: 11 jogos, 15.15 por cento
Pedro Emanuel: 10 jogos, 60 por cento
Saldo: -23,31 de Fabiano para Carmona; +44,85 de Carmona para Pedro Emanuel
D. CHAVES
Jorge Simão: 13 jogos, 48.72
Ricardo Soares: 20 jogos, 31.6
*Carlos Pires orientou a equipa na derrota em casa do FC Porto na transição entre treinadores
Saldo: -17,12 por cento
PAÇOS FERREIRA
Carlos Pinto: 11 jogos, 30.30 por cento
Vasco Seabra: 23 jogos, 37.68 por cento
Saldo: +7.38 por cento
BELENENSES
Julio Velazquez: 7 jogos, 42.86 por cento
Quim Machado: 22 jogos, 34.84
Domingos Paciência: 5 jogos, 26.66 por cento
Saldo: -8.02 de Velazquez para Quim Machado; -8.18 de Machado para Domingos
MOREIRENSE
Pepa: 10 jogos, 26.66
Augusto Inácio: 15 jogos, 28.88
Petit: 8 jogos, 50 por cento
*preparador físico Leandro Mendes orientou a equipa na derrota na Luz à 11ª jornada, na transição entre Pepa e Inácio
Saldo: +2.22 de Petit para Inácio; +21.12 de Inácio para Petit
TONDELA
Petit: 16 jogos, 20.83 por cento
Pepa: 18 jogos, 40.74 por cento
Saldo: +19.91
AROUCA
Lito Vidigal: 21 jogos, 42.85 por cento
Manuel Machado: 5 jogos, 0 por cento
Jorge Leitão: 8 jogos, 20.83 por cento
Saldo: -42.85 de Lito para Machado; +20.83 por cento de Machado para Leitão
NACIONAL
Manuel Machado: 15 jogos, 24.44 por cento
Jokanovic: 11 jogos, 18.18 por cento
João de Deus: 8 jogos, 16.66
Saldo: -6.26 de Machado para Jokanovic; -1.52 de Jokanovic para João de Deus
APROVEITAMENTO DE PONTOS POR TREINADOR
Rui Vitória (Benfica), 80.39 por cento
Nuno Espírito Santo (FC Porto), 74.5 por cento
Jorge Jesus (Sporting), 68.62 por cento
José Peseiro (Sp. Braga), 66.7 por cento
Nuno Manta (Feirense), 61.6 por cento
Pedro Martins (V. Guimarães), 60.78 por cento
Pedro Emanuel (Estoril), 60 po cento
Daniel Ramos (Marítimo), 54.02 por cento
Luís Castro: (Rio Ave), 52.77 por cento
Petit (Moreirense), 50 por cento*
Jorge Simão (D. Chaves), 48.72 por cento*
Jorge Simão (Sp. Braga): 45.8 por cento*
Miguel Leal (Boavista), 43.2 por cento
Julio Velazquez (Belenenses), 42.86 por cento
Lito Vidigal (Arouca), 42.85 por cento
Pepa (Tondela), 40.74 por cento*
Abel Ferreira (Sp. Braga): 40 por cento
Fabiano Soares (Estoril), 38.46 por cento
Erwin Sanchez (Boavista), 38.10 por cento
Vasco Seabra (Paços Ferreira), 37.68 por cento
José Couceiro (V. Setúbal), 37.25 por cento
Capucho (Rio Ave), 36.67 por cento
Quim Machado (Belenenses), 34.84 por cento
Ricardo Soares (D. Chaves), 31.6 por cento
Carlos Pinto (Paços Ferreira), 30.30 por cento
Augusto Inácio (Moreirense), 28.88 por cento
Domingos Paciência (Belenenses), 26.66 por cento
Pepa (Moreirense), 26.66 por cento*
José Mota (Feirense), 26.19 por cento
Manuel Machado (Nacional), 24.44 por cento*
Petit (Tondela), 20.83 por cento*
Jorge Leitão (Arouca), 20.83 por cento
PC Gusmão (Marítimo), 20 por cento
Jokanovic (Nacional), 18.18 por cento
João de Deus (Nacional), 16.66 por centto
Pedro Carmona (Estoril), 15.15 por cento
Manel Machado (Arouca), 0 por cento*
A negro os treinadores que orientaram a mesma equipa ao longo de toda a Liga
*treinadores que orientaram mais do que uma equipa na Liga esta época