Vai haver menos mulheres no Parlamento

Beatriz Madaleno de Assunção , Com Pedro Falardo
31 jan 2022, 10:37
A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, acompanhada pela cabeça de lista por Almada, Joana Mortágua (Lusa)

É à esquerda que se nota um maior equilíbrio de género. No Bloco, três dos cinco deputados eleitos são mulheres. A maior assimetria é registada pelo Chega, que elege apenas uma mulher em 12 deputados

Em 2019, fez-se história na Assembleia ao atingir-se o maior número de mulheres com representação parlamentar: 89. Em 2022, são 84, menos cinco. Feitas as contas, num total de 230 deputados, isto representa 37,2% do Parlamento.

Faltam ainda apurar os quatro mandatos no Estrangeiro mas, de acordo com o expectável, é provável que se juntem a esta contagem o nome de mais duas mulheres: Sara Cerdas, do Partido Socialista (PS) e Isabel Carvalhais, do Partido Social-Democrata (PSD). Se assim for, serão 86 as mulheres portuguesas representadas no Parlamento. 

Nas Legislativas de 2019, a composição do Parlamento continuava longe da paridade, mas fez-se história na democracia do País: nunca tinham sido eleitas tantas mulheres para a AR.

Nestas eleições, pelo contrário, o número voltou a diminuir, tendo sido eleitas 84 deputadas: 80 em Portugal Continental, três da Madeira e uma nos Açores.

É à esquerda que se nota um maior equilíbrio de género. No Bloco de Esquerda, três dos cinco deputados eleitos são mulheres (Catarina Martins, no Porto, Joana Mortágua, em Setúbal, e Mariana Mortágua em Lisboa).

O PAN acabou por eleger uma única deputada: Inês de Sousa Real, por Lisboa. Já o Livre elegeu um homem, Rui Tavares.

No CDU, regista-se uma paridade entre os seis representantes eleitos: três homens e três mulheres. Representa o partido Alma Rivera, por Lisboa, Paula Alexandra Barbosa, por Setúbal e Diana Ferreira, pelo Porto.

A Iniciativa Liberal, por seu turno, terá cinco homens e três mulheres no Parlamento (62,5% - 37,5%).

O PS elegeu 72 homens e 45 mulheres (61,6% homens, 38,4% mulheres), enquanto o PSD será representado por 45 homens e 26 mulheres (63,4% - 36,6%).

A maior assimetria é mesmo registada pelo Chega, a terceira força política do País, que elege apenas uma mulher, Rita Matias, entre os 12 deputados (91,7% - 8,3%) .

2019 vs 2015

Em 2019, foram eleitas mais 14 mulheres do que nas eleições de 2015. 89 mulheres: 42 pelo PS, 26 pelo PPD/PSD, nove pelo BE, cinco pelo PCP-PEV, três pelo CDS-PP, três pelo Partido Animais e Natureza (PAN) e uma pelo Livre.

Ainda que os resultados das eleições deste domingo representem menos mulheres no Parlamento, o valor é superior ao das Legislativas de 2015, quando foram eleitas 75 mulheres, 33 pela coligação PPD/PSD/CDS-PP, 27 pelo PS, cinco pelo Bloco de Esquerda (BE), sete pelo PCP-PEV e três pelo PPD/PSD (Açores e Madeira).

Recorde-se que estas eleições antecipadas, motivadas pelo chumbo do Orçamento de Estado de 2022, trouxeram muitas surpresas: a maioria do PS, a derrota de Rui Rio (que levantou ainda durante a noite eleitoral a hipótese de abandonar a liderança do PSD), a subida do Chega e da Iniciativa Liberal, a queda do Bloco de Esquerda e a "sentença" do CDS-PP, que pela primeira vez em 47 anos de democracia não ter representação parlamentar.

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