PS e PSD andam "amuados" e só a CDU pode impedir que se juntem. As últimas palavras de Jerónimo de Sousa na campanha

28 jan 2022, 22:46
Jerónimo de Sousa, no Porto (José Coelho/Lusa)

Porto e Braga foram os cenários escolhidos pela CDU para o último dia da campanha eleitoral. Jerónimo de Sousa definiu como objetivo recuperar o deputado eleito pelo círculo de Braga que a coligação que lidera perdeu em 2019

"É o voto na CDU que decide, para derrotar a direita e a política de direita e impedir o que o PS e o PSD preparam pela calada", disse Jerónimo de Sousa na Rua de Santa Catarina, no Porto. Depois do breve desfile que teve início na Avenida da Liberdade pelas 18 horas, o secretário-geral do PCP aproveitou o momento para mostrar a sua indignação face à abertura do PS à direita.

"O PS bem pode dizer que quer derrotar a direita quando já anunciou que pode vir a governar, lei a lei, com o PSD", atirou, referenciando ainda, com sarcasmo, o "acordo de cavalheiros" proposto por Augusto Santos Silva "para o PS e o PSD poderem governar à vontade". E insistiu: "bem podem fazer-se de amuados, bem podem fingir discórdias, mas o que ensaiam são acordos para o andamento da política de direita".

Sobre a vontade que António Costa demonstrou pela maioria absoluta no início da campanha eleitoral, Jerónimo de Sousa voltou a apelar ao voto na CDU "para combater o retrocesso e a estagnação", que considera ser uma possibilidade num Governo de socialistas e sociais-democratas.

"São as maiorias na Assembleia da República que, muito justamente, determinam os governos", sublinhou. "Mais votos e mais deputados da CDU são necessários quando vemos PS e PSD, movidos por um acordo tácito, a não mexer uma palha em nada que possa pôr em causa os interesses instalados".

Continuando o seu discurso sobre o perigo que representam PS e PSD, Jerónimo de Sousa argumentou que essas forças políticas se preparam para "continuar a sugar a fatia de leão dos milhões que a propaganda anuncia que são destinados ao país", mas que acabam nas mãos de interesses que "estão no pódio das fugas para as offshores e canalizam milhões de dividendos para o estrangeiro".

"PSD na pele de cordeiro"

Não foi só a relação com o PS, mas também a própria postura do sociais-democratas que marcou o discurso de Jerónimo de Sousa, que também acusou o PSD de se "vestir à pressa, em tempo de eleição, na pele de cordeiro", para seguidamente "mostrar a sua verdadeira natureza, como fizeram no último Governo que comandaram".

O candidato passou então a enumerar o que considera serem as intenções do partido de Rui Rio: "não falam da vontade de fragilizar ainda mais a legislação laboral, de privatizar não só as empresas, como também os serviços públicos. Não falam dos planos para atacar o direito à saúde ou de aplicar uma política fiscal ainda mais favorável aos grandes interesses, que não se vai traduzir em aumentos dos salários mas sim no aumento dos lucros dos acionistas nas grandes empresas e nos grandes grupos económicos". 

Recuperação de deputado eleito por Braga

A última ação de campanha no Porto terminou pelas 18:30 e a comitiva da CDU partiu imediatamente para Braga, onde mais de uma centena de apoiantes, sobretudo mais velhos, marcava lugar no auditório da Escola Secundária Sá de Miranda ao som de músicas de intervenção.

Jerónimo de Sousa foi recebido à hora marcada com aplausos. Desta vez, não foram António Costa e Rui Rio os protagonistas do último discurso da noite e da campanha eleitoral dos comunistas, mas a vontade de recuperar o deputado eleito por Braga perdido há dois anos. O secretário-geral do PCP reforçou o desejo de recuperar o mandato e lembrou a "solidariedade imensa" entre os operários locais.

"Havia mais vida aqui e estávamos contentes". Antes de terminar, Jerónimo de Sousa prometeu voltar a Braga mais vezes "com um objetivo concretizado". 

 

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