Com o Natal e a Passagem de Ano à porta, existe uma maior pressão para ter o maior número de pessoas elegíveis vacinadas com esta dose adicional, mas a população com idade abaixo dos 65 anos só deve ter acesso à dose de reforço em 2022
A vacinação contra a covid-19 para as crianças entre os 5 e os 11 anos e a dose de reforço abaixo dos 65 anos não deverá arrancar este ano. As vacinas pediátricas só chegam no final de dezembro e o grupo etário dos 40/50 anos só deverá ser vacinado depois de terminado o processo da terceira dose das pessoas com mais de 65 anos, também previsto para o final do ano.
Numa altura em que se fala em acelerar o processo de vacinação, mais concretamente a dose de reforço, existem algumas questões cujas respostas não estão ainda claras. A Casa Aberta está a funcionar para que faixa etária? Quando posso agendar a minha dose de reforço? As crianças já podem ser vacinadas? Tomei a vacina da Janssen, quando posso receber a dose de reforço?
A CNN Portugal contactou a Direção-Geral da Saúde (DGS) e procurou responder ou esclarecer algumas das principais dúvidas das pessoas.
Com o Natal e a Passagem de Ano à porta, existe uma maior pressão para ter o maior número de pessoas elegíveis vacinadas com esta dose adicional. Recorde-se que o Governo espera ter até janeiro 2,5 milhões de pessoas 'reforçadas' com mais uma dose.
Casa Aberta para maiores de 75 anos
Neste momento, a modalidade de Casa Aberta para a dose de reforço contra a covid-19 ou para a vacina da gripe está disponível para os utentes que tenham 75 ou mais anos.
"São elegíveis para a dose de reforço no regime de “Casa Aberta” os utentes que não tiveram COVID-19 nos últimos 150 dias e já completaram o esquema vacinal há pelo menos 150 dias", esclarece a DGS.
Já sabe que para ser vacinado nesta modalidade só tem de se dirigir ao centro de vacinação ou ao centro de saúde onde pretende ser vacinado. Pode consultar os horários dos locais aqui.
Autoagendamento para maiores de 65 anos
O autoagendamento, quer para a vacina da gripe, quer para a dose de reforço da covid-19, está agora disponível para as pessoas com 65 ou mais anos.
O processo funciona da mesma forma:
- Primeiro tem de validar a sua data de nascimento;
- A seguir, preencher o formulário com o número de utente que está na parte de trás do Cartão de Cidadão;
- Depois, assim que escolher o local de vacinação, vai-lhe ser apresentada a primeira data disponível, podendo aceitá-la ou escolher uma outra que lhe seja mais conveniente;
- No caso de não haver nenhuma data disponível, pode optar por ficar em lista de espera naquele ponto de vacinação ou escolher uma outra data num outro local;
- Caso tenha corrido tudo bem, ou seja, caso tenha conseguido agendar o dia e o local, vai depois receber um SMS do número 2424 com a hora precisa em que será vacinado, no dia e no ponto de vacinação escolhido;
- Depois, no dia agendado, é só deslocar-se até ao local de vacinação escolhido, na hora indicada.
Vacinados com a Janssen
O secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, anunciou na semana passada que nos dias 5, 8, 12 e 19 de dezembro (domingos e feriados) os centros de vacinação vão estar abertos para vacinar a população com mais 50 anos a quem foi administrada a vacina da Janssen (Johnson & Johnson).
"Estão 250 mil pessoas nestas circunstâncias", disse.
O governante esclareceu ainda que os restantes serão agendados gradualmente, consoante a faixa etária.
Imunodeprimidos com mais de 16 anos
A dose adicional da covid-19, para as pessoas com mais de 16 anos e em condições de imunossupressão, passou a ser recomendada e administrada em setembro, quando a DGS atualizou a norma referente à campanha de vacinação.
"A Norma 002/2021 prevê a administração de uma dose de vacina de mRNA [Pfizer ou Moderna] com um intervalo mínimo de 3 meses, após a última dose do esquema vacinal anteriormente realizado", lê-se na nota.
As pessoas elegíveis são:
- as que realizaram transplantes de órgãos sólidos;
- pessoas com infeção VIH (com contagem de linfócitos T-CD4+ <200/µL);
- doentes oncológicos;
- pessoas com algumas doenças auto-imunes.
Crianças entre os 5 e os 11 anos vacinadas
A Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla em inglês) autorizou na semana passada a vacina Comirnaty (BioNTech/Pfizer) contra a covid-19 para crianças dos 5 aos 11 anos. É a primeira vacina aprovada na União Europeia para esta faixa etária.
Por cá, a DGS está a aguardar um parecer por parte da Comissão Técnica de Vacinação para a covid-19, que deverá ser conhecido ainda esta semana. Contactada pela CNN Portugal, a autoridade de saúde afirma que é "prematuro" dizer se este processo vai realmente arrancar.
Afirma que é prematuro dizer se este processo vai realmente arrancar. Vírgula a seguir a vacinação
Mesmo sem parecer, Portugal já comprou à Pfizer cerca de 300 mil doses de vacinas pediátricas. Sabe-se também que a encomenda só deverá chegar no final de dezembro, a partir do dia 20, o que significa que este processo de vacinação, a arrancar, só no próximo ano.
Recorde-se que enquanto se aguardava pela decisão da EMA, a Sociedade Portuguesa de Pediatria mudou o seu parecer sobre a vacinação de crianças contra a covid-19, passando a garantir que "é segura e eficaz" neste grupo.
Já a Ordem dos Enfermeiros mostrou-se logo contra a medida, defendendo que se deve aguardar "por uma maior evidência (prova) científica quanto aos custos-benefícios a médio e a longo prazo”.
Terceira dose a partir dos 40/50 anos
Também se tem falado sobre a possibilidade de se avançar com a administração da terceira dose da covid-19 a partir dos 40/50 anos. No entanto, a Comissão Técnica de Vacinação ainda não emitiu nenhum parecer sobre esta matéria.
À CNN Portugal, a DGS disse não ser possível avançar, pelo menos para já, com qualquer previsão, mas assegurou que "existem doses suficientes".
Se houver luz verde para a vacinação deste grupo etário, isso só deverá avançar depois de terminado o processo da terceira dose para os maiores de 65 anos, em dezembro, e depois da segunda dose dos vacinados com a Janssen.
Variante Ómicron
Esta segunda-feira foram confirmados 13 casos da nova variante em Portugal, depois das infeções registadas na África do Sul, Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Botswana, Canadá, Dinamarca, Espanha, Hong Kong, Itália, Israel, Reino Unido, República Checa e Países Baixos.
O pânico já está lançado um pouco por todo o mundo, mas por cá o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) já apelou à calma. O investigador João Paulo Gomes lembrou que ainda não existem dados consistentes sobre o real impacto da variante Ómicron e que estes são necessários para se poder tirar uma "conclusão mais séria".
“A comunidade científica tem gerado resultados muito importantes a nível de influenciar a decisão em termos de saúde pública e dos vários governos e isso tem corrido naturalmente bem e acho que é assim que deve ser”, afirmou.
Eficácia das vacinas
Um especialista da África do Sul, país que detetou esta nova mutação, avançou esta segunda-feira em conferência de imprensa que as vacinas existentes são eficazes contra a Ómicron. Salim Abdool Karim acrescentou, no entanto, que ainda é muito cedo para saber se esta nova variante provoca sintomas clínicos mais graves do que as anteriores, apesar de aparentar ser mais transmissível.
Todavia, a comunidade científica é mais cautelosa. A Organização Mundial da Saúde (OMS) já disse que é preciso esperar mais duas ou três semanas para se perceber o "verdadeiro impacto" desta variante: quão transmissível é e como pode influenciar os tratamentos e as vacinas.
O Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC, na sigla original) também alertou que a Ómicron suscita "sérias preocupações de que possa reduzir significativamente a eficácia das vacinas e aumentar o risco de reinfeções". Em comunicado, e com base na informação genética atualmente disponível, o ECDC assegurou que a nova variante é a mais divergente (em relação ao vírus original) detetada até hoje.
Pfizer iniciou investigações
O laboratório alemão BioNTech, aliado à Pfizer, já começou a trabalhar numa vacina específica para esta mutação, apesar de ainda não ser claro se vão ou não ter de refazer a fórmula atual. O desenvolvimento de uma vacina adaptada é parte do procedimento padrão da farmacêutica para as novas variantes.
"Os primeiros passos para desenvolver uma nova vacina sobrepõem-se à pesquisa necessária para avaliar se um reforço será necessário", explicou a BioNTech em comunicado.
No entanto, a Agência Europeia do Medicamento (EMA) revelou que acha "prematuro", pelo menos para já, fazer-se adaptações das vacinas, explicando que só se deve avançar com esse processo caso se verifique que esta nova variante "escapa à imunidade".