Covid-19: chega a vez da Ómicron, mas outras variantes preocuparam as autoridades

27 nov 2021, 19:32
Covid-19 na Alemanha

Delta, Alpha, Beta ou Gamma. O mundo recorreu ao alfabeto grego para caraterizar as mutações da doença que começou em Wuhan. Chega a vez da Omicron, que está a deixar o mundo em suspenso

Desde que a covid-19 surgiu, ainda em dezembro de 2019, na cidade chinesa de Wuhan, foram várias as variantes identificadas. Originária da África Austral, a mutação Omicron está agora a preocupar vários países, que já decidiram tomar medidas para conter a pandemia. Foi o caso de Portugal, que suspendeu os voos de e para Moçambique, e decidiu impor restrições aos voos de outros seis países. Mais longe foi o Reino Unido, que alargou as medidas a todos os passageiros que cheguem ao país.

Mas a Omicron, a décima quinta letra do alfabeto grego, ameaça ser uma das mais preocupantes, sabendo-se já que são mais de 30 as mutações associadas. É isso que faz com que a Organização Mundial de Saúde olhe para esta mutação como uma "variante de preocupação". Assim são classificadas as variantes que potenciam o grau de transmissibilidade, assim como ao facto de causarem maior gravidade da doença ou revelarem características que permitam uma evasão do sistema imunitário, representando um risco para a saúde pública com potencial impacto do programa de vacinação contra a covid-19, destacando-se a variante Delta, Alpha, Beta, Gamma e mais recentemente, Omicron.

Delta

A variante Delta, originalmente conhecida como B.1.617.2, surgiu na Índia e circula no mundo pelo menos desde o final de 2020. No entanto, foi a partir de maio deste ano que se tornou dominante em vários países do mundo e da Europa, incluindo Portugal.

Atualmente, e de acordo com os últimos dados revelados pela Direção-Geral da Saúde, esta é a variante dominante em todas as regiões do País, com frequência relativa de 100% dos casos avaliados na semana entre 8 e 14 de novembro.

O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) revelou que a Delta apresenta múltiplas mutações na proteína spike, que faz com que apresente uma maior capacidade de transmissão e de invasão ao sistema imunitário.

Alpha, Beta e Gamma

A Alpha, também reconhecida como a variante B 1.1.7, foi inicialmente descoberta no Reino Unido em dezembro de 2020. Em Portugal, esta variante teve expressividade durante o mês de maio de 2021, mas acabou por se dissipar após o avultado número de casos de covid-19 devido à variante Delta.

A Beta (B. 1.351), associada à África do Sul desde dezembro de 2020, também foi identificada em cerca de outros 20 outros países, tendo maior expressão no Reino Unido. Já a variante Gamma (P.1), identificada no Brasil em janeiro de 2021, espalhou-se posteriormente por vários países.

A Lambda e a Mu são duas variantes que tiveram menos expressividade a nível do número de infeções mundiais.

Omicron

A variante B.1.1.529 foi relatada pela primeira vez à Organização Mundial da Saúde a 24 de novembro, na África do Sul.

Nas últimas semanas, o número de novos casos aumentou de forma abrupta, coincidindo com a deteção desta nova variante, que acabou por se confirmar como sendo a B.1.1.529, detetada através de uma colheita feita a 9 de novembro.

Nas últimas horas, vários países europeus como a Alemanha, Bélgica e Reino Unido confirmaram a presença de casos relacionados com esta estirpe nos países. Neste último, foram inclusive tomadas já novas medidas de restrição para conter a propagação do vírus.

Até à data, de acordo com o relatório esta sexta-feira revelado pela DGS, não foram detetados casos da nova linhagem Omicron em Portugal mas, já este sábado, a Diretora-Geral da Saúde revelou que há casos suspeitos a serem investigados. 

A preocupação dos cientistas e farmacêuticas

A nova variante da covid está a preocupar investigadores e farmacêuticas devido à incerteza em torno da eficácia das vacinas contra a Omicron. 

"A variante recentemente descoberta inclui mutações vistas na variante Delta que podem aumentar a transmissibilidade e as mutações das variantes Beta e Delta, que podem escapar à imunidade", lê-se na nota da farmacêutica, que fala num "risco" elevado pela combinação de mutações.

Recorde-se que quando surgiu a variante Delta, esta foi uma problemática que levou muitos a duvidarem da eficácia das vacinas contra a estirpe, o que não se veio a confirmar. 

Como surgem as variantes do vírus original?

Todos os vírus, incluindo o SARS-CoV-2 que provoca a covid-19, tendem a mudar com o tempo e com a circulação, apesar da maioria das alterações ter um impacto nulo ou muito reduzido nas suas propriedades.

Quando um vírus faz cópias de si mesmo, essas alterações são consideradas mutações. Um vírus com uma ou várias novas mutações é considerado como uma variante do original. Algumas mutações podem levar a alterações nas características de um vírus, como a sua maior ou menor capacidade de transmissão e o nível ou gravidade de uma doença que pode provocar.

Segundo a OMS, o SARS-CoV-2, que causa a covid-19, tende a alterar-se mais lentamente do que outros vírus já conhecidos, como o Influenza que causa a gripe.

Até ao momento, centenas de variações do SARS-CoV-2 foram identificadas em várias partes do mundo, com a grande maioria a ter um reduzido impacto nas propriedades do coronavírus original.

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