INSA apela à calma em relação à nova variante Ómicron

Agência Lusa , CM
29 nov 2021, 13:38
João Paulo Gomes

João Paulo Gomes lembra que são precisos dados consistentes para se tirar uma "conclusão mais séria" sobre o impacto da nova variante

O Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) apelou, nesta segunda-feira, à calma em relação ao impacto da nova variante Ómicron, lembrando que são precisos dados consistentes para se tirar uma "conclusão mais séria".

“A comunidade científica tem gerado resultados muito importantes a nível de influenciar a decisão em termos de saúde pública e dos vários governos e isso tem corrido naturalmente bem e acho que é assim que deve ser”, afirmou o investigador João Paulo Gomes, em declarações à agência Lusa, após a deteção de 13 casos em Portugal desta nova variante.

Segundo o microbiologista, a população não deve “entrar em pânico”.

“Vamos esperar e espero que entre duas a três semanas os dados sejam consistentes o suficiente possamos tirar uma conclusão mais séria acerca desta nova variante”, indicou.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou hoje que o risco global representado por esta variante é "muito alto".

Para o coordenador do estudo sobre a diversidade genética do novo coronavírus em Portugal, devia ter havido “um pouco mais de prudência” por parte da OMS, uma vez que ainda não há dados que digam que a Ómicron é uma variante mais severa.

“Eu penso que foi lançado o pânico de uma forma um bocadinho desnecessária mesmo pela própria Organização Mundial de Saúde. Acho que devia haver um pouco mais prudência”, defendeu.

Situação é ainda residual

João Paulo Gomes afirmou que há “motivos para preocupação”, na medida em que esta variante é caracterizada por “um anormalmente elevado número de mutações na proteína de superfície [Spike]”.

“Muitas dessas mutações, a comunidade científica já sabe que podem impactar a transmissibilidade, bem como a ligação aos nossos anticorpos e, portanto, temos direito de pensar: será que as vacinas estão em perigo? Será que ela é mais transmissível. A resposta é não sabemos”, vincou.

O investigador lembrou, igualmente, que é tudo muito recente.

“Estamos a falar de casos com duas, três semanas em todo o mundo, portanto, ela terá ainda uma circulação muitíssimo residual. Caso contrário não teríamos este número muito residual de casos detetados em todo o mundo”, apontou.

O responsável pelo Núcleo de Bioinformática do Departamento de Doenças Infecciosas do INSA explicou que a suspeita de maior transmissibilidade da Ómicron se prende apenas com o facto de estar “a crescer bastante em frequência numa região particular da África do Sul”, uma região com uma grande densidade populacional.

Portanto, sustentou, “podem existir aqui fatores muito específicos que façam com que nos levem a suspeitar da sua maior transmissibilidade, mas não passam de suspeitas, não existem e repito, até à data, dados não só epidemiológicos como laboratoriais que permitam concluir acerca da sua maior transmissibilidade ou da sua potencial associação a uma menor eficácia das vacinas”.

Covid-19

Mais Covid-19

Patrocinados