Há mais habitações baratas à venda em Itália. Preços começam nos três euros

CNN , Silvia Marchetti
16 jun, 09:00
Casa barata Sicília Itália leilão (Comuna de Sambuca)

Nos últimos anos, as cidades italianas em declínio têm feito de tudo para atrair novos residentes, com vários esquemas de casas a um euro a serem lançados um pouco por todo o país.

Mas enquanto algumas cidades se têm esforçado para encontrar compradores para os seus edifícios abandonados, outras têm estado a gozar da glória de vendas bem sucedidas.

Após assistir a uma elevada procura por casas em 2019 e 2021, Sambuca de Sicília está a preparar-se para lançar um terceiro lote a leilão, desta vez com preços a começar nos 3 euros.

Anterior sucesso

Sambuca de Sicília vai colocar um novo lote de casas abandonadas à venda (Simone Padovani/Awakening/Alarmy Stock Photo)

“Nós só queremos deixar claro que, ao numerar estes lotes, é provável que haja mais vendas nos próximos anos”, diz o recém-eleito autarca Giuseppe Cacioppo à CNN. “Os estrangeiros estão a afluir em massa para comprar as nossas casas, até agora tem sido um sucesso.”

Cacioppo encoraja potenciais compradores que estão a rumar à região a visitarem a cidade para espreitarem as cerca de 12 casas que estão à venda desta vez.

“O timing é perfeito”, diz. “Turistas e compradores interessados atualmente a viajar para Itália, bem como aqueles que estão a planear visitas para a primavera e o verão, podem vir ver as casas.”

De acordo com Cacioppo, as casas disponíveis, localizadas no antigo distrito de Saracen, são “estruturalmente tão estáveis quanto as que já foram vendidas”, mas precisam de uma atualização.

Sambuca fez manchetes globais em 2019 quando a CNN anunciou que ia pôr 16 habitações à venda por 1 euro. Dois anos depois, a cidade colocou à venda um segundo lote de casas por 2 euros cada.

A liquidação, que atraiu compradores internacionais de sítios tão longínquos quanto o Médio Oriente, ajudou a revitalizar a economia local com um influxo de 20 milhões de euros, diz Cacioppo.

Isto inclui, nomeadamente, o volume de negócios dos novos B&Bs, novas lojas que abriram na cidade e contratos com construtores, arquitetos, topófragos, designers de interiores e notários.

“Os dois lotes de casas, detidas pela câmara municipal, revitalizaram o setor imobiliário privado. As pessoas que acorreram a comprar uma casa em leilão, mas que não conseguiram a adjudicação final, acabaram por comprar uma casa barata. Até agora, já foram vendidas 250 casas”, diz Cacioppo.

Os esforços triunfantes de Sambuca para vender todas as suas casas vazias devem-se, em grande parte, ao facto de as autoridades locais serem atualmente proprietárias de casas ao abandono que pretendem vender.

Outras cidades italianas despovoadas, como a aldeia medieval de Patrica, localizada a sul de roma, têm tentado lançar esquemas semelhantes, mas têm-se debatido com dificuldades em encontrar os antigos proprietários para obter autorização para vender as suas casas vazias.

Esperança de revitalização

Uma seleção de casas em vilas despovoadas vai ser leiloada por uns simbólicos 3 euros cada (Comuna de Sambuca)

As autoridades de Sambuca assumiram o controlo das abandonadas da cidade após o terramoto que atingiu o vale de Belice em 1969. O desastre natural levou a uma fuga dos locais, que deixaram para trás casas vazias.

“O governo de Roma aprovou na altura uma lei específica para a revitalização de Sambuca que concedia à autarquia a propriedade das casas abandonadas, pelo que podemos dispor delas como quisermos, sem intermediários”, diz Cacioppo.

Isto significa que o processo de venda é muito mais rápido, já que as autoridades locais não precisam de fazer a ligação entre os proprietários e os compradores.

As casas à venda desta vez consistem em habitações de 50 a 80 metros quadrados com dois a três quartos, distribuídos por entre um e três pisos, construídas com pedras castanhas-douradas.

Muitas têm varandas de ferro forjado com vista para as ruelas calcetadas e terraços panorâmicos, bem como as portas originais de madeira pintada de verde e decoradas com arcos e janelas.

Aquelas que estão em melhores condições oferecem pequenos pátios interiores mouriscos com limoeiros e pisos de azulejos de majólica antigos pintados.

Mas a maioria precisa de ser atualizada e está cheia de itens esquecidos e pilhas de mobiliário partido e cheio de pó.

Dependendo do estado da propriedade, as remodelações podem começar nos 30 mil euros por uma obra simples, mas podem ascender a mais de 200 mil euros caso os compradores planeiem transformar a casa num retiro de luxo.

Um casal americano que comprou uma casa-pechincha na cidade acabou por lhe acrescentar um elevador interno.

Muitos dos compradores que ganharam os concursos anteriores acabaram por comprar mais casas na cidade.

Estas eram frequentemente casas anexas, o que significa que puderam expandi-las para uma única propriedade grande.

Elevada procura

Os anteriores esquemas de casas baratas de Sambuca tiveram muito sucesso (Comuna de Sambuca)

Para aproveitar a grande procura, os locais apressaram-se a vender as suas garagens ou velhos sótãos abandonados.

A maioria das pessoas que foram atraídas para este local remoto da Sicília, que fica longe das multidões de turistas, é dos EUA.

Isto ajudou a criar uma “pequena América”, com a maioria dos residentes agora a falar algum inglês com um sotaque siciliano, até os idosos.

Os estrangeiros podiam até ser uma raridade antes de 2019, mas agora tornaram-se parte da paisagem, brinca Cacioppo, com uma comunidade de expatriados significativa a chamar agora a Sambuca a sua casa.

No ano passado, a câmara municipal abriu espaços de trabalho remoto para atrair trabalhadores digitais globais, oferecendo estadias gratuitas e reforçado a sua conexão Wi-Fi por todas as ruelas estreitas.

“A nossa cidade agora está definitivamente no mapa”, diz Cacioppo.

As casas de Sambuca que vão agora a leilão no mais recente esquema serão vendidas a quem fizer a melhor oferta, sendo a proposta vencedora colocada num envelope selado que será aberto em frente a um juiz após o prazo de candidaturas terminar.

Aqueles que quiserem participar no leilão são obrigados a pagar uma caução de 5 mil euros.

Se perderem a licitação, a soma ser-lhes-á imediatamente devolvida. Mas se ganharem, os 5 mil euros passam automaticamente a constituir a sua garantia de depósito.

As regras do esquema estipulam que os compradores têm de concluir as obras de renovação no espaço de três anos, sob pena de perderem essa garantia de depósito.

Contudo, até agora a autarquia tem sido flexível quanto aos prazos por causa da pandemia, permitindo mais tempo para concluir as obras durante e depois da pandemia de Covid-19.

Nas anteriores vendas, as casas foram eventualmente vendidas por entre 1 e 25 mil euros, com a maioria a ser arrematada por entre 5 mil e 10 mil euros.

Os candidatos interessados podem encontrar fotografias e descrições das casas disponíveis, bem como os formulários de candidatura, no site oficial da Câmara Municipal.

Relacionados

Europa

Mais Europa

Patrocinados