"Na década de 1930, Hitler cruzou linha após linha. Putin faz o mesmo": Zelensky na Assembleia Nacional de França

CNN Portugal , MJC
7 jun, 10:58
Zelensky na Assembleia Nacional de França (GettyImages)

Presidente ucraniano sublinha que são mais as semelhanças do que as diferenças entre 2024 e o período da Segunda Guerra Mundial

"Vivemos numa época em que a Europa já não é um continente de paz. As cidades são completamente destruídas e as aldeias são queimadas. Mais uma vez, na Europa aparecem campos de prisioneiros, deportações e ódio. Há quem procure dividir a Europa. Dizem que esta ou aquela pessoa não merece existir." 

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, dirigiu-se esta manhã à Assembleia Nacional de França, e não perdeu a oportunidade para estabelecer o paralelismo entre a Segunda Guerra Mundial e os dias de hoje, alertando para o risco de a guerra se espalhar por todo o continente. "Tudo isto atinge hoje a Ucrânia, mas amanhã poderá atingir outros países. Já estamos a ver como esse ataque pode evoluir. Os Bálticos, a Polónia, os Balcãs e muito mais. Este regime russo não conhece limites. A Europa já não é suficiente para ele. Ele [Valdimir Putin] já destruiu a Síria, está a perturbar o Sahel", disse Zelensky.

No seu discurso na Assembleia Nacional, o presidente ucraniano começou por lembrar os combatentes que libertaram a França há 80 anos: "Hoje comemoramos a coragem dos combatentes que travaram a Batalha da Normandia. E é precisamente esta vitória que ainda sentimos nas praias onde estivemos ontem com o presidente Emmanuel Macron e outros líderes. Temos orgulho de sermos herdeiros daqueles que participaram nesta batalha", disse. Em 1944, "os combatentes eram muito diferentes, de países diferentes, mas todos igualmente ansiosos por fazer triunfar a liberdade. Estas são de facto as batalhas vitoriosas, aqui na Normandia, e no nosso país, no leste da Europa, nos mares do norte do nosso continente, nos céus britânicos, no sul da Europa, (.. .) que devolveram a Europa à humanidade. Sem estas vitórias nada existiria, ninguém existiria, nem a Ucrânia nem a França. Nenhuma das nações livres existiria".

Zelensky comparou depois esse período da Segunda Guerra com o que se vive na Europa atualmente: "Vejam o que Putin está a fazer ao seu próprio país e ao seu povo. É um território onde a vida já não tem valor. Isto é o completo oposto de tudo o que aspiramos e dos nossos valores. É o oposto da liberdade, o oposto da igualdade e o oposto da fraternidade. É o oposto da Europa, (…) é isso que Putin é", disse Zelensly aos deputados franceses. "Putin pode vencer esta batalha? Não, porque não temos o direito de perder. Esta guerra pode espalhar-se? Assim como há 80 anos. (…). Na década de 1930, Hitler cruzou linha após linha. Putin faz o mesmo."

Por fim, Zelensky agradeceu o apoio da França: "Obrigado por estarem conosco a defender a vida. Obrigado, França, por não teres hesitado e por teres escolhido o lado da humanidade nesta guerra da cultura e do direito internacional. Desde os primeiros dias, desde as primeiras horas deste ataque com que a Rússia tentou apagar 80 anos de Europa, sei que posso contar convosco. (…) As famílias francesas ajudaram as famílias ucranianas que fugiam da guerra. Os corações dos franceses desejaram-nos coragem e agradeço-vos por isso. (…) Podemos contar com o vosso apoio, com as vossas armas, com a formação dos nossos soldados, com a força económica e diplomática da França, com os sistemas de defesa antiaérea, com os vossos veículos blindados, com os vossos mísseis. Os vossos conselhos estão a ajudar-nos a salvar vidas."

O presidente ucraniano chegou quinta-feira a França, onde participou nas cerimónias do 80º aniversário do dia-D, na Normandia. Esta sexta-feira, Zelensky  será recebido pelo Ministro da Defsa da França, Sebastien Lecornu, e vai visitar as instalações da fábrica de armas do grupo franco-alemão KNDS, perto de Paris. Estas são armas de artilharia usadas na defesa da Ucrânia. E depois será recebido pelo presidente francês, Emmanuel Macron: “À medida que os ataques russos se intensificam na linha de frente e contra a infraestrutura energética, os dois presidentes discutirão a situação no terreno”, anunciou o Palácio do Eliseu.

Também está previsto um encontro com o presidente dos EUA, Joe Biden, que tem como ponto central da agenda um pacote de ajuda de 225 milhões de dólares em armamento.

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