U. Leiria-Santa Clara, 2-2 (crónica)

19 ago 2001, 19:45

Um resultado... filho do mar

Filho do mar. Nascido das águas. É desta forma que se pode caracterizar este resultado do Santa Clara no Municipal de Leiria. A verdade é que os açorianos estiveram submersos por dois golos sem resposta, mas acabaram por recuperar e chegar à igualdade. E o futebol, por vezes idêntico a tantas telenovelas, não acabou sem que o conjunto de Carlos Manuel tivesse dado a sua pincelada no argumento e deixasse no ar a ideia de que a vitória não lhes ficaria tão mal quanto isso. 

José Mourinho apostou inicialmente num esquema talvez demasiado ofensivo, entregando a Tiago (embora existisse o apoio de João Manuel) as tarefas defensivas de um meio-campo demasiado balanceado para a baliza contrária. Mas Carlos Manuel também não teve muito medo do adversário e os esquemas encaixaram-se, com a velocidade a cair do lado dos açorianos, muito por mérito de um espanhol chamado Toñito. 

As oportunidades pertenciam claramente aos forasteiros. Toñito teve uma sequência de dois remates, logo aos três minutos, que Costinha negou com outras tantas intervenções importantes. Pouco tempo depois, George permitiu a defesa do guarda-redes leiriense, do lado direito do ataque. Os primeiros sinais de que o Santa Clara não vinha à cidade do Lis para defender estavam dados. 

Mas a corrente era contrária... 

Vinte e cinco minutos de jogo. Freddy ultrapassa Leal em velocidade e permite a intervenção decisiva de Fernando. A bola sobra a linha lateral. Bilro cruza da direita e apanha Derlei entre os centrais açorianos. Golo. Sem hipótese para o guarda-redes. O primeiro golo tinha surgido para a equipa da casa, quando a corrente era contrária. Os açorianos pareciam não acreditar. 

Dez minutos depois (35m). Os açorianos faziam a primeira tentativa para voltar à tona de água. Relatámos o lance assim: «Nuno Mendes dá um toque de cabeça e isola, sem querer, Toñito. O espanhol passa por Costinha, tenta o remate, mas o guarda-redes defende e a bola volta-lhe aos pés. Costinha puxa a camisola do ex-sportinguista e este cai. Olegário Benquerença assinala grande penalidade.» Figueiredo é chamado para a marcação, mas Costinha faz um vôo fantástico. 

Com a corrente forte contra os leirienses, a equipa de Mourinho chega ao segundo golo. Derlei isola Duah (terá ajeitado a bola com a mão), que finta Fernando e só tem de empurrar para a baliza. Parecia que o golpe de misericórdia estava dado. Só que, no último minuto da primeira parte, Olegário Benquerença assinala falta sobre Leal dentro da grande área e Toñito, o homem do jogo, não perdoa. 

Os pescadores do golo 

Carlos Manuel não se conforma. Faz três substituições de uma só vez. Tira Portela, George e Leal e faz entrar Toni, Sandro e Brandão. Os açorianos passavam a jogar em claro 3x4x3 no campo do adversário, já na segunda parte da partida. Os açorianos ganharam altura na área e sobretudo a posse de bola, que fez com que todos acreditassem que era possível chegar ao empate. Nem a entrada de Leão no União parecia equilibrar as forças. 

E o golo que fez a festa dos insulares chegou perto do fim e mais uma vez através da marcação de uma grande penalidade. Toñito entra pela grande área e estatela-se com Olegário Benquerença a assinalar castigo máximo. Brandão não perdoou e devolveu a justiça ao resultado. Os pescadores do golo estavam contentes e, se não fosse a reacção, mais com o coração do que com a cabeça, dos leirienses, a vitória podia ter estado a um pequeno passo. E talvez não fosse injusto.

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