Ainda vamos a tempo de substituir Biden? Democratas entre a prova de "talento" e "atirar a toalha ao chão"

28 jun, 20:42

Debate contra Trump deixou evidentes as críticas que há muito se faziam à capacidade de Biden continuar a ser o homem mais poderoso do mundo. Se os democratas estão divididos sobre a substituição em cima da hora, os analistas também

É um cenário inédito, sim. E também improvável. Contudo, depois do debate entre Donald Trump e Joe Biden, ganhou destaque: os democratas ainda vão a tempo de mudar o seu candidato, perante o fraco desempenho e a idade avançada de Biden?

Até agora, diz Tiago André Lopes, havia entre os democratas uma “discussão-tabu sobre a necessidade de outro candidato”. “Se for Biden o candidato, as hipóteses de uma derrota com uma margem substancial são muito alargadas”, descreve.

E daí a possibilidade, emergente, de um cenário nunca antes visto: o de o Partido Democrata, na convenção de setembro, avançar com outro nome para a corrida à Casa Branca. “O Partido Democrata mostraria que tem reserva de talento capaz de ir a jogo”, justifica o especialista em assuntos internacionais.

Tal implicaria que o substituto tivesse um tempo muito, mas mesmo muito, reduzido para se posicionar. As eleições são a 5 de novembro.

“Atirar a toalha ao chão nesta altura poderia ter dimensões muito castigadoras para o partido e, sobretudo, para o candidato que fosse confrontado com essa situação”, avisa Ricardo Ferreira Reis, diretor do Centro de Estudos Aplicados da Universidade Católica, forte conhecedor da realidade política norte-americana.

“Se me pedissem um conselho, diria ‘agora têm de aguentar’”, acrescenta. Isto apesar das críticas sobre o estado de saúde e sobre a capacidade de governar de Biden que, a ser reeleito, acabaria o novo mandato já com 86 anos.

Confirmando as divisões internas entre os democratas, também a comentadora da CNN Portugal Sónia Sénica argumenta que a margem é “curta” para substituir Biden e encontrar outro candidato presidencial. “A maior preocupação residirá naquilo que é salvar ou repor a confiança no candidato Joe Biden”, define.

O que não implica, vinca Nuno Gouveia, especialista em política americana, que deixem de existir esforços no sentido da saída do atual presidente da corrida eleitoral. “Irá haver uma pressão enorme para que Joe Biden desista, até porque é a única maneira de o partido democrata apresentar outro candidato”, argumenta.

Quem poderia depois dar esse passo em frente? Essa é outra das dores de cabeça dos democratas. Porque, diz Nuno Gouveia, a vice-presidente Kamala Harris “é ainda mais impopular” do que Joe Biden, o que demonstra a “fragilidade desta candidatura democrata”.

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