«Estou aqui para o Papa me ver a mim»

Redação , Virginia Galvan
12 mai 2010, 18:34
Papa despede-se de Lisboa (LUSA)

Centenas de pessoas reuniram-se em Lisboa para acompanhar a partida de Bento XVI

Começou por ser um pequeno aglomerado junto ao gradeamento colocado em redor da Nunciatura Apostólica. As pessoas aproximavam-se para lançar um olhar curioso e algumas acabavam por se desinteressar. No entanto, muitas foram as que persistiram, teimosamente, e aguardaram em pé, na ânsia de ver o Papa.

Uma mulher acercou-se com timidez e quis saber se ia demorar muito. «Sabe se o Papa vai demorar? Eu gostava de o ver, queria que ele viesse à janela», confessou Fernanda. Não tardou até às portas da Embaixada do Vaticano se abrirem, mas para dar passagem a José Sócrates, depois do encontro com Bento XVI.

«O primeiro-ministro é um antipático. Chegou e nem olhou para as pessoas, estava aqui tudo à espera dele...», desabafou Felicidade Monteiro, que contou estar ali apenas para ver o Papa mais de perto. «Vim ver o Papa. Fui ontem à missa, mas não o consegui ver bem», afirmou.

Os minutos transformaram-se em horas de espera e a multidão foi engrossando com o correr do tempo. As pessoas espalharam-se pela avenida, as cabeças voltadas para a Nunciatura, os olhares fixos na porta que iria dar passagem a Bento XVI. «Quero ir mais para a frente. Ainda não o vi de perto», referiu uma mulher, tentando descobrir o melhor sítio para se posicionar.

No entanto, nem todos partilharam do mesmo entusiasmo para assistir à partida do Sumo Pontífice. «Eu estou aqui para o Papa me ver a mim. Ele há-de gostar de me ver», foi a declaração de António ao tvi24.pt
, num tom sarcástico.

«Acha que o Papa ou quem quer que seja justifica este estardalhaço todo? O país no estado em que está, com o PEC e tudo mais, acha que isso se justifica?», interrogou. Encontrava-se ali por acaso, por ser o local habitual da pausa para almoço. «Homens são homens e ninguém é importante o suficiente, não dou um passo que seja para o ir ver, ainda para mais alguém que nem sabe quem eu sou».

«Papa à janela!», era o grito do povo, à medida que o ponteiro do relógio se aproximava da hora marcada. Quando Bento XVI finalmente surgiu, a multidão irrompeu em aplausos e aclamações. «Obrigada», entoaram a uma só voz. As pessoas correram avenida abaixo para um último adeus, enquanto o papamóvel se afastava, por entre acenos e exclamações.

Uma vez mais, Lisboa demonstrou o seu carinho ao Papa Bento XVI. «Senti uma grande comoção quando o vi», contou Celeste Moinhos. «O Papa representa algo excepcional».

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