Esta seleção merece este Diogo Costa mas o treinador deste jogo não merece esta seleção: as notas aos futebolistas e ao selecionador

2 jul, 04:12
Diogo Costa

PORTUGAL 0-0 ESLOVÉNIA (3-0 APÓS PENÁLTIS) || Diogo Costa defendeu quatro penáltis (não é gralha, é facto) e acabou em lágrimas depois de bater um recorde no futebol. E estamos vivos no Euro porque Diogo Costa, que queria ser avançado quando era pequeno, teve de ser bombeiro neste Portugal-Eslovénia: apagou as brasas do penálti falhado de Ronaldo, deu por extinto um fogo provocado por Pepe e controlou o incêndio que Roberto Martínez provocou na qualidade de jogo da seleção

recomendação de leitura adicional Quando se tira Vitinha e se mantém Ronaldo, a mensagem é esta: não interessa o que tu fazes, interessa o que tu significas
 

AS NOTAS DOS JOGADORES
 

DIOGO COSTA

(Pedro Falardo) 10   Já estava inclinado para lhe dar um 9 antes dos penáltis. Esteve bem a sair dos postes e manteve Portugal no jogo após defender o remate de Sesko no prolongamento. Depois dos penáltis, leva o 10. Nada a apontar. Escrevi mais umas palavrinhas sobre ele aqui.

(Germano Oliveira) 10  O Diogo devia dormir com o António Silva, não é uma recomendação no sentido sexual da coisa mas no sentido filosófico da vida: o Diogo cometeu um erro que nos tirou do Mundial do Catar, foi lá acima buscar uma bola que devia ser dele mas que se tornou o 1-0 de Marrocos - quando se perde pela diferença mínima, qualquer erro grave de um guarda-redes é a diferença entre a equipa continuar a lutar por ficar na competição ou sair dela, saímos; ninguém culpou só o Diogo mas o Diogo é tido como um dos maiores culpados pela eliminação no Catar, injusto ou não é assim no futebol e consequentemente é assim na vida de um futebolista; a vida do Diogo agora são três penáltis defendidos contra a Eslovénia que nos fizeram aplaudir ao primeiro, rir de felicidade ao segundo e chorar ao terceiro, são reações que acontecem no futebol e consequentemente na vida de um adepto que está a ver algo que vai além da lógica do jogo, neste caso um guarda-redes a defender todos os penáltis no desempate por penalidades - e isso ou é inédito ou é quase inédito, e mesmo que seja apenas quase inédito não é o "quase" que fará o adepto, este adepto, arrepender-se das lágrimas (entretanto, o adepto, este adepto, também é jornalista e foi comprovar no site da UEFA que "Costa makes EURO history – the first goalkeeper to save three spot kicks in a shoot-out"); e ainda antes do que se passou nestes penáltis com a Eslovénia passou-se que o Diogo já tinha defendido outro no mesmo jogo, ao minuto 115 Pepe cometeu aquele erro que deixou Sesko num 1 para 1 com o Diogo, foi um penálti em movimento, o Diogo defendeu no chão como os guarda-redes de andebol defendem no ar, abriu o corpo todo para formar um muro humano e o Sesko foi o primeiro a constatar na cara do Diogo que os muros portugueses são feitos de cimento intransponível. Portanto: o Diogo devia dormir com o António Silva, que teve contra a Geórgia uma exibição horrível que não deixou Portugal de fora de nada, o António Silva devia dormir com o Diogo, que teve contra Marrocos uma exibição não horrível que nos deixou de fora de um Mundial, o Diogo e o António Silva deviam dormir no mesmo quarto e falar sobre isso, a maneira como o Diogo passa de culpado no Mundial a herói na Alemanha tornou-se agora lendária e irá chegar o dia em que vamos precisar tanto do António Siva como precisámos neste dia do Diogo, que teve uma exibição perfeita contra a Eslovénia que nos deixou ficar neste Euro.


JOÃO CANCELO

(Pedro Falardo) 8 Foi dos melhores da seleção e fartou-se de jogar na segunda parte, principalmente nas grandes jogadas aos 47 e 56 minutos, ficando só a faltar a assistência ou o golo. No entanto, pecou um pouco na parte defensiva.

(Germano Oliveira) 7  Foi mais discreto que Nuno Mendes na primeira parte mas isso foram quase todos, na segunda parte foi melhor que Nuno Mendes mas também foi melhor que todos: Cancelo fez daquele corredor direito uma via para acelerar, para fintar, para cruzar, para assistir, para romper, para carregar, Cancelo esteve próximo do melhor Cancelo enquanto a equipa esteve quase sempre próxima do pior que este Portugal-Martínez tem - Cancelo quis levar a equipa para o último terço de jogo e contagiá-la com velocidade mas infelizmente para o Portugal-Martínez não aconteceu uma pandemia Cancelo nos setores todos, apenas um surto Cancelo no corredor direito. 


RÚBEN DIAS

(Pedro Falardo) 6 Não comprometeu e foi assertivo. Felizmente não precisámos de recorrer muito a ele devido à estratégia eslovena de defender-e-inshalllah.

(Germano Oliveira) 5  É dele o primeiro remate de Portugal, aos cinco minutos, e Portugal só teve esse remate até aos 30 minutos - o que faz desse um remate importante ainda que tenha sido um remate inofensivo, o que é um bom resumo para toda a prestação de Portugal neste Euro 2024: uma seleção importante antes do início do torneio que se tornou a seleção mais inofensiva que está nos quartos de final, a par de Inglaterra. O Rúben quis levar a equipa para a frente quando pôde, como aos 69 minutos, mas acabou a perder a bola e a deixar a equipa desprotegida - é das poucas notas que tirei sobre ele durante o jogo, além de outra que diz que cometeu menos erros que o Pepe mas que também fez menos coisas acertadas que o Pepe, e isso faz do Pepe um central mais emocionante que o Rúben e do Rúben um central mais estável que o Pepe, em abstrato até é um casal compatível mas não parece pronto para levar com a velocidade da França.


PEPE

(Pedro Falardo) 5 Ao contrário do colega, ia comprometendo com aquele erro infantil aos 115 minutos que isolou Sesko na cara do maior desta noite. No cômputo geral, foi uma exibição inconstante do central, que teve alguns momentos excelentes de antecipação aos atacantes, mas outros que revelaram alguma desconcentração, como aquele corte falhado aos 39 minutos.

(Germano Oliveira) 5  Foi um jogo estranho em que houve o pior Pepe e o melhor Pepe, nisso até esteve 50% melhor que a equipa porque houve sobretudo o pior Portugal e escasseou o melhor. Por um lado houve o Pepe da Turquia, venham que o Pepe limpa, centrem que o Pepe corta, ataquem que o Pepe defende tudo, empurrem que o Pepe empurra mais forte, pressionem muito que o Pepe pressiona ainda mais, mas também houve o pior Pepe, aquele que deixa a equipa desprotegida (aos 20 minutos), aquele que entra de cotovelo a um adversário (sobre Oblak, aos 29'), o Pepe que tropeça e deixa um esloveno seguir para a área (39'), aquele que corta mal (46'), o Pepe que passa a bola sem sentido (61'), aquele que é batido em velocidade (por Sesko, aos 62') e depois há um raro Pepe, o do minuto 115, que comete um erro doloroso que deixa Sesko isolado diante de Diogo Costa. No fim do jogo houve o Pepe-humilde: foi ter com Diogo Costa e deu-lhe o abraço devido, fica bem mas teme-se que este Pepe a 50% não sirva para um Mbappé a 50% - mas se há alguém que pode parar o francês é um Pepe a 100% e Pepe já nos mostrou que sabe ser 200% e é raro haver dois Pepes 50% seguidos.


NUNO MENDES

(Pedro Falardo) 8  Mais uma vez um dos motores da seleção. Chegou a certo ponto em que os defesas eslovenos já nem tentavam acompanhá-lo. Destacamos o excelente passe longo que quase isolou Bruno Fernandes na cara do golo perto da meia-hora de jogo. Mas teve muitos outros excelentes momentos.

(Germano Oliveira) 7  É um dos três melhores da seleção neste jogo, é um dos melhores de Portugal em todo o Euro: Nuno Mendes é uma espécie de Cancelo ainda mais potente mas um pouco menos técnico, o que não faz de Nuno Mendes nem pior nem melhor que Cancelo, faz é dele uma das poucas alegrias que pode ter um português que acredita em futebol virado para a frente, que é o futebol que esta geração merece: em vez disso sobra o futebol-Martínez, não sei chamar-lhe outra coisa mas um futebol sem definição ofensiva também não merece uma boa definição semântica - afinal é um futebol que tem um só remate nos primeiros 30 minutos contra a Eslovénia e quatro entre o minuto 70 e o minuto 105 (isto muito é inexplicável). Nuno Mendes e Rafael Leão, sobretudo na primeira parte, tentaram levar mais rapidamente a bola para o último terço do terreno em vez de andarem a passeá-la nos outros dois terços, aqueles que estão mais distantes da baliza adversária - Nuno Mendes correu, acelerou, passou, cruzou, fez o que pôde no triste contexto futebolístico em que a seleção portuguesa se move, um contexto em que um adepto celebra uma aceleração porque celebrar futebol verdadeiramente atacante e criativo, futebol para os quais temos jogadores e devíamos ter a ambição de o jogar, para celebrar esse futebol só se o imaginarmos.


JOÃO PALHINHA

(Pedro Falardo) 6 Jogo discreto, mas minimamente competente. Não tem neste momento substituto à sua altura no plantel da seleção portuguesa, pelo que continuará a ser fundamental na equipa.

(Germano Oliveira) 6  Tem duas das três melhores oportunidades de Portugal no jogo inteiro: quando o médio defensivo é mais perigoso que os avançados é porque algo está doente na filosofia de jogo, mas já que o médio defensivo é tão hábil a criar perigo então que se explore o que ele faz, como isto - em cima do intervalo rematou para golo à entrada da área, ainda bateu no poste, a seleção tinha ali um indício de que podia causar de longe o perigo que não conseguia provocar de perto mas nunca se explorou devidamente essa via que Palhinha abriu (a Espanha utilizou a meia-distância contra a Geórgia depois de ter sofrido o 0-1, começou a rematar de fora porque não conseguia entrar pela defesa georgiana adentro, Rodri acabou por marcar nesse contexto). Palhinha cortou, compensou, por vezes jogou demasiado longe dos dois centrais, por vezes foi Palhinha a corrigir os erros deles, no prolongamento teve um bom cabeceamento que Oblak desviou para canto, Portugal só teve isso no prolongamento tirando o penálti falhado de Ronaldo, Palhinha não merecia ter um diminutivo no nome.


VITINHA

(Pedro Falardo) 7 A equipa ressentiu-se muito da sua saída pois ficou sem referências para progredir com bola. Enquanto esteve em campo, mostrou pormenores deliciosos e foi dos melhores. Não pode sair tão cedo das quatro linhas.

(Germano Oliveira) 6  Saiu e devia ter ficado, Portugal foi pior sem ele, a equipa partiu-se - ninguém na seleção conduz jogo como Vitinha, ninguém distribui, ninguém pensa, ninguém pausa, ninguém reacelera, ninguém descobre, ninguém cria, ninguém controla os ritmos como Vitinha, não há sequer ninguém parecido e a substituição de Vitinha é por isso mesmo um erro que não dá para corrigir, Vitinha é o sangue de Portugal, a vida do meio-campo e de tudo o que está atrás e à frente dele, e podemos tentar resolver a ausência de Vitinha com transfusões de tipo R-úben Neves ou de tipo M-atheus Nunes ou de tipo B-runo Fernandes em sobe e desce, inventem lá o tipo futebolístico que quiserem mas tirar Vitinha é correr risco de vida num jogo com um muro pela frente, Vitinha estava a tentar derrubá-lo enquanto Ronaldo, por exemplo, estava a facilitar que os eslovenos colocassem mais cimento naquilo. Entre o minuto 70 - Vitinha tinha saído há pouco - e o minuto 89 Portugal tem essa estatística incompreensível de ter feito 0 remates. Bravo.


BRUNO FERNANDES

(Pedro Falardo) 4  Continua irreconhecível face àquilo que era a sua bitola habitual na seleção. Nem vimos ainda um daqueles momentos de inspiração que tem regularmente no Manchester United. Está a desapontar, mas, tal como Palhinha, não tem substituto à altura. Provou ser crucial no desempate por grandes penalidades.

(Germano Oliveira) 5  Vitinha esteve por vezes a jogar mais perto do Palhinha que do Bruno Fernandes e o Bruno ressentiu-se quando isso acontecia, o Bruno continua a ser dos que correm mais na seleção mas corre melhor sempre que tem o Vitinha mais próximo, o Bruno é mais espontâneo e descobre mais espaços e é mais perigoso quando o Vitinha está ali juntinho: sem o Vitinha ao pé o Bruno parece que desperdiça mais o seu futebol quando está a sós na proximidade com o Ronaldo - afinal é o Vitinha que determina a velocidade da equipa e todos parecem beneficiar disso, menos o Ronaldo, que determina as suas próprias movimentações e dinâmicas mas sem aparente benefício para a equipa. O Bruno esteve bastante ativo no início da primeira parte, ora a cruzar ora a entrar em zonas de finalização, aos 61 minutos o Ronaldo tirou uma bola ao Bruno e o Bruno protestou, é dos poucos que protestam com o Ronaldo e isso merece o seu crédito numa seleção em que não se sabe quão mal é preciso Ronaldo jogar para ser substituído. Quando Vitinha saiu, o Bruno jogou pior mas isso aconteceu a todos.


RAFAEL LEÃO

(Pedro Falardo) 7 Outro que procurou fazer a diferença e foi um terror para a defensiva eslovena. De realçar as grandes arrancadas aos 32 e aos 35 minutos, bem como a forma como sacou um cartão amarelo para o defesa esloveno aos 37. Também questionamos o porquê de ter saído tão cedo quando era dos melhores em campo.

(Germano Oliveira) 6  É o melhor jogo que fez neste Euro mas os outros não foram propriamente bons, por isso era mais fácil fazer melhor do que pior e foi o que tivemos dele: arrancadas fortes, parte delas inconsequentes e a outra parte desestabilizadora do muro esloveno. Nuno Mendes é um belo parceiro para aquele corredor esquerdo e o Rafael podia inspirar-se na determinação do Mendes, que sempre que arranca parece que vai criar a melhor jogada da vida dele, enquanto o Rafael parece a cada arranque que está mais motivado em atropelar com fintas todos os adversários que vai apanhar - e é nas ligeiras exceções, como naquele lance em cima do intervalo em que furou mesmo o betão esloveno e deu para o Palhinha rematar ao poste, que o Rafael mostra que o Nuno Mendes é uma boa influência. Rafael Leão continua a ser o jogador mais talentoso e entusiasmante na seleção e também aquele que nos irrita mais precisamente porque queremos muito que o Rafael alie determinação e objetividade à série de fintas que nós adorámos e sabemos que ele sabe fazer. Mas tirá-lo e deixar Ronaldo em campo é um ato além da nossa compreensão.


CRISTIANO RONALDO

(Pedro Falardo) 2 Se viu o jogo, sabe quase de certeza aquilo que vou dizer. Vive obcecado pelo golo e é algo que afeta a equipa. Ter batido aquele livre lateral aos 39 minutos, numa zona onde era muito mais recomendável cruzar, é sinal de desnorte e também de quem verdadeiramente manda naquele balneário. Frustrante foi também vê-lo a jogar a uma velocidade completamente diferente da dos colegas e a estragar algumas jogadas coletivas. Teve finalmente uma oportunidade de ouro para saciar a sua fome com o penálti no prolongamento, mas permitiu a defesa de Jan Oblak. Posteriormente, as suas lágrimas transmitiram uma sensação de verdadeiro desespero para quem assistia ao jogo e, possivelmente, para os seus colegas. É ele quem enverga a braçadeira de capitão, é a grande referência da seleção e um dos melhores jogadores de todos os tempos. O seu estado de espírito afeta o resto do grupo. Não leva 0 pois conseguiu recompor-se e bater um dos penáltis que colocaram Portugal nos quartos de final.

(Germano Oliveira) 2  Ronaldo destrói jogadas de perigo - aos 30 minutos, 43', 61', 66', por exemplo, para quem quiser ir comprovar -, Ronaldo põe os seus interesses acima dos da equipa independentemente das consequências - aos 38 minutos há um livre lateral que serve para Bernardo ou Vitinha cruzarem com perigo para a área mas Ronaldo não deixa porque quer rematar dali, faz isso, sai bastante mal, e o ridículo nem sequer é o remate, é a atitude narcísica -, aos 77 minutos Nuno Mendes tem um daqueles arranques à Mad Max dele e a bola vai parar à zona de Bernardo, Ronaldo aparece e Bernardo retrai-se, deixa a bola para Ronaldo quando Ronaldo devia estar a criar espaços na área em vez de tirar espaço ao futebol de Bernardo; Ronaldo é anárquico nas movimentações porque procura desesperadamente a bola em todo o sítio quando já não tem nem velocidade nem capacidade técnica para isso, Ronaldo trava a circulação da bola em vez de a fazer fluir, Ronaldo deixa a equipa sem referências em zonas ofensivas porque anda frequentemente a vaguear por espaços que não são dele; a presença de Ronaldo tira velocidade à equipa e tira também justiça - porque qualquer jogador que estivesse a jogar como ele nunca jogaria o tempo todo. Mas tirá-lo de campo pode criar à equipa problemas piores do que aqueles que ele cria quando está em campo e esse é o drama - o drama não é falhar o penálti, isso acontece aos melhores (que Ronaldo já não é) e aos piores (que ele obviamente não é) -, o drama é pensar que substituir Ronaldo pode transformar-se num problema maior do que não o substituir. Pela carreira que teve, Ronaldo ganhou o direito de sair da seleção quando quiser e como quiser mas isso não lhe pode dar o direito de nos deixar reféns da personalidade dele - porque reféns do futebol que ele não tem já nós estamos. Precisamos de Ronaldo mas não assim.


BERNARDO SILVA

(Pedro Falardo) 5  Outro que passou anónimo no jogo. Tirei apenas duas notas positivas dele, um bom cruzamento aos 14 minutos que quase deu golo a Portugal e o penálti marcado no desempate. Encostado à direita vai continuar a render muito pouco.

(Germano Oliveira) 5  Ver o Bernardo na seleção parece sempre que é só ver parcelas do melhor Bernardo - e são parcelas lindas, parcelas top model, mas uma parcela é uma parcela e nem sequer é um daqueles casos em que a soma das parcelas é maior que o todo que vemos no City. O Bernardo deve estar certamente farto destas comparações do Bernardo do City com o Bernardo da seleção mas este tema vem de algum sítio, seja lá de que sítio for, e jogo a jogo, que é uma expressão que os futebolistas e treinadores adoram, jogo a jogo sentimos que continuamos só a ver as parcelas - o Bernardo que nos perdoe mas contra a Eslovénia nem sequer vimos as parcelas melhores, nem sequer parcelas plural, vimos uma parcelinha, o Parcelinha até podia ser o parceiro do Palhinha no nosso meio-campo mas parece-nos mais uma vítima da presença do Ronaldo em campo, há algo ali entre o Bernardo e o Ronaldo que não é compatível - algo que afeta outros, tipo Bruno Fernandes.


DIOGO JOTA

(Pedro Falardo) 7  Ganhou o penálti durante uma arrancada após ter recuperado a bola um pouco mais atrás no campo, algo que lhe vale a nota 7. Acabou por não ter o impacto desejado, mas não deixa de ter tido um rendimento aceitável.

(Germano Oliveira) 5  É outro que não forma um bom casal com Ronaldo mas é alguém que se dá bem solteiro: foi quando não teve Ronaldo nem pela frente nem pelos lados que Jota fez aquele slalom que resultou no penálti no prolongamento. Antes disso e depois disso: foi só vítima de uma equipa que não remata e que não procura muito quem gosta de rematar, que é o caso do próprio Jota. 


FRANCISCO CONCEIÇÃO

(Pedro Falardo) 5  Darei sempre mérito ao Chico por tentar desequilibrar e criar oportunidades de golo, mas não teve grande inspiração nos poucos minutos em que jogou. Ter estado encostado à esquerda durante os primeiros minutos, exatamente no lado oposto em que joga, também não ajudou.

(Germano Oliveira) sem nota  Jogou tempo suficiente para ter nota mas quem o mete a jogar à esquerda é que merece uma nota má, não o Francisco - que só melhorou precisamente quando foi para a direita mas também não melhorou o suficiente para ter boa nota. Por isso: nota nenhuma por ter sido vítima do contexto.


NÉLSON SEMEDO

(Pedro Falardo) sem nota  Continuo sem conseguir comentar muito bem as prestações do lateral neste Euro 2024. Entra tarde e raramente aparece na partida. Não é justo avaliá-lo.

(Germano Oliveira) sem nota  Entrou aos 116 minutos, todos os suplentes da seleção devem sentir-se muito felizes e confiantes por o treinador só ter feito duas substituições antes desses 116 minutos.


RÚBEN NEVES

(Pedro Falardo) 4  Teve uma primeira ação sofrível na partida quando atirou uma bola para a fila Z perto do fim do prolongamento. Não tem entrado bem nas partidas. Talvez lhe falte ritmo de competição ao mais alto nível, algo que ainda falta na Arábia Saudita.

(Germano Oliveira) sem nota  Repito: entrou aos 116 minutos, todos os suplentes da seleção devem sentir-se muito felizes e confiantes por o treinador só ter feito duas substituições antes desses 116 minutos. Uma adenda: o Rúben fez um remate absurdo aos 120 minutos mas antes um remate absurdo que remate nenhum, afinal esta é uma seleção que fez quatro remates entre o minuto 70 e o 105.


ROBERTO MARTÍNEZ

(Pedro Falardo) 0  Dou 0 porque a escala aqui usada vai de 0 a 10. Se fosse de -10 a 10, dar-lhe-ia -10. Tirar Vitinha e Rafael Leão tão cedo na partida não cabe na cabeça de ninguém. Só fazer duas substituições em 115 minutos também não. Nota negativa também por ter encostado Francisco Conceição à esquerda quando entrou, uma posição onde não joga. O próprio Martínez admitiu o erro quando depois o mandou para a direita. O pior, no entanto, foi a gestão de Cristiano Ronaldo. Foi claramente um elemento que condicionou o ataque português e deveria ter sido o primeiro a sair. O técnico espanhol também expôs o capitão ao deixá-lo em campo após o penálti falhado e o choro compulsivo. Tem sorte pois Cristiano Ronaldo, apesar de ter mostrado fraqueza, é mais forte de cabeça do que qualquer outro em campo e conseguiu sacudir o momento infeliz.

(Germano Oliveira) 0  Não é só ter deixado Ronaldo em campo tempo a mais, não é só ter tirado Vitinha de um jogo que continuava a precisar muito de Vitinha, não é só ter colocado Francisco Conceição a jogar numa posição em que nunca joga, não é só ter uma seleção portuguesa que faz um remate nos primeiros 30 minutos ou um remate entre os 70 e os 89 minutos, é isso e é mais e é tanto e é demasiado, quase inexplicável - como isto: quem faz duas substituições em 115 minutos não acredita no banco que tem e isso desqualifica todo o talento que há nos substitutos - parece que nós adeptos acreditamos mais nos suplentes que o próprio selecionador que os convocou. O treinador deste jogo não merece esta seleção mas merecia-a antes deste Euro - que faça por a merecer de novo daqui em diante, há tempo. Mas pouco.

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