Bombas aéreas guiadas com que a Rússia devastou a Ucrânia estão a cair no próprio território

1 jul, 23:15
Destroços num edifício residencial em Belgorod (AP)

De acordo com documentos internos russos, as 'glide bombs' estão a atingir com frequência o território russo. Os peritos explicam que a causa pode estar nos sistemas de GPS defeituosos

Um documento interno russo, obtido pelo The Washington Post, revela que as devastadoras bombas aéreas guiadas que a Rússia tem vindo a utilizar eficazmente na guerra contra a Ucrânia também têm caído no seu próprio território.

Segundo o jornal norte-americano, o mesmo relatório indica que pelo menos 38 foram detetadas na região de Belgorod, entre abril de 2023 e abril de 2024, ainda que a maioria não tenha detonado. Quatro caíram na própria cidade, sete nos arredores e o maior número de bombas (11) foi encontrado na região fronteiriça de Graivoron, mas nem todas foram recuperadas.

O The Washington Post avança ainda que grande parte destes engenhos explosivos foram descobertos por civis, entre os quais guardas-florestais, agricultores ou residentes das aldeias na periferia, mas o Ministério da Defesa russo desconhece a data em que muitas delas foram lançadas.

Em abril do ano passado foi detetada a primeira bomba em Belgorod, que explodiu durante a noite quando caiu numa rua movimentada, resultando numa cratera de seis metros de diâmetro, janelas partidas e carros projetados para os telhados de edifícios. Ainda assim, não houve feridos, mas uma segunda bomba por detonar foi encontrada enterrada a seis metros do solo no dia seguinte.

Apesar de estas grandes munições da era soviética com sistemas de orientação assemelharem-se às avançadas bombas guiadas norte-americanas JDAM, especialistas explicam que falham frequentemente, acabando por atingir o território russo. Em causa podem estar sistemas de GPS defeituosos.

Relativamente às bombas russas, os militares reconheceram na altura que a explosão se deveu à “libertação acidental de munições de avião”, de um caça-bombardeiro russo Su-34, mas segundo o The Washington Post o documento confirma que se tratava afinal de uma bomba guiada FAB-500.

São vários os incidentes neste documento que foi inicialmente intercetado pelos serviços secretos ucranianos e enviado ao The Post, onde estão referidos decretos de emergência para a remoção de bombas. Estes incidentes foram, entretanto, confirmados pela agência independente de notícias russa ASTRA, que faz a correspondência dos dados do relatório aos que foram obtidos pelas autoridades e pelos meios de comunicação locais. Adianta ainda que as testemunhas mencionadas tratam-se de moradores da região.

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