Triplicar os sistemas Patriot. Ajuda crucial para a Ucrânia se defender da Rússia pode vir de outra guerra

27 jun, 20:06
Sistema Patriot (Getty Images)

Arrisca-se um agudizar das relações com a Rússia, mas esta é uma ajuda que vem a calhar para três lados

Uma negociação secreta que envolve dois países em guerra e um gigante que os apoia, com o Kremlin a olhar de longe desconfiado.

Estados Unidos, Israel e Ucrânia estão em conversações para que Kiev venha a receber até oito sistemas de defesa anti-aérea Patriot detidos por Telavive, numa transferência de armamento defensivo que pode vir a ser crucial na capacidade ucraniana de resistir aos cada vez mais frequentes ataques russos.

De acordo com o Financial Times o acordo ainda não está finalizado, mas o que se espera é que Israel envie os Patriot para os Estados, que por sua vez os vão enviar para a Ucrânia.

A confirmar-se será um acordo que afetará as relações entre Rússia e Israel, até aqui cordiais. A negociação faz-se ao mais alto nível: nela estão envolvidos ministros e os maiores representantes dos exércitos dos três países.

O impulse para esta ideia foi dado em abril, quando Israel anunciou que iria começar a retirar os sistemas Patriot do seu arsenal defensivo, demasiado moderno para um armamento que tem 30 anos, mas que na Ucrânia pode assentar que nem uma luva.

A demora na descontinuação da utilização destas armas por Israel está centrada na crescente tensão a norte, onde parece cada vez mais possível uma Guerra com o Hezbollah e, quem sabe por arrasto, com o Líbano.

Caso se venha a confirmar a transferência dos Patriot para a Ucrânia, isso triplicaria a capacidade de Kiev num dos armamentos mais cruciais na defesa das suas linhas.

Neste momento há quatro sistemas Patriot operacionais na Ucrânia, fornecidos por Estados Unidos e Alemanha. Há muito que Kiev pede um reforço desta capacidade aos aliados ocidentais, mas Estados Unidos e aliados têm-se mantido relutantes a mais envios.

Até que apareceu esta solução improvisada. Isto mesmo com Israel reticente em tomar lados na guerra que a Rússia iniciou na Ucrânia, até por causa das ligações russas à Síria, onde as forças israelitas muitas vezes realizam ataques contra grupos armados apoiados pelo Irão.

Mesmo perante essa tensão, vários responsáveis norte-americanos parecem ter conseguido convencer o governo israelita liderado por Benjamin Netanyahu de que a Rússia tem estreitado laços com o Irão, neste momento o Estado mais perigoso para Israel. Essa parceria é particularmente visível na cooperação militar – basta lembrar que grande parte dos drones utilizados por Moscovo na Ucrânia são de fabrico iraniano.

A confirmar-se esta transferência por terceiros, a Ucrânia poderá conseguir resistir melhor a uma cada vez mais evidente ofensiva de larga escala que a Rússia prepara há meses.

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