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Dietas caras e perigosas

31 mai 2006, 23:30

Chás, ampolas, xaropes. Produtos naturais podem ser tóxicos

A DECO detectou falhas graves nas consultas de aconselhamento alimentar dadas em centros de estética, institutos de beleza e ginásios. Metade das dietas são desequilibradas e perigosas para a saúde e chegam mesmo a ser aconselhadas a quem não precisa de emagrecer.

Além disso, orientam muitas vezes para a compra de produtos caros e dispensáveis. Estas são as principais conclusões da visita anónima a um total de 39 consultas, cujos resultados foram publicados na revista Teste Saúde
deste mês.

Para a investigação, a revista de defesa do consumidor especializada em assuntos de saúde enviou para o terreno colaboradoras com perfis diferentes: uma muito magra que, embora não precisasse, queria emagrecer 4 quilos; e uma obesa, que pretendia perder 20 quilos em cerca de 6 meses.

No primeiro caso, seria de esperar que lhe dissessem que não precisava de perder peso. Não foi o que aconteceu: a maioria dos profissionais receitou dieta.

Perante uma pessoa obesa que deseja perder 20 quilos em 6 meses, a atitude correcta seria chamar a atenção para os perigos de um emagrecimento muito rápido. Também não aconteceu: metade não hesitou em corresponder às expectativas da cliente.

Apenas em 12 casos, os profissionais prestaram um bom serviço. Passaram um bom programa de emagrecimento, no caso da colaboradora obesa, com uma dieta equilibrada e exercício físico. No caso da magra, desaconselharam-na a perder peso, limitando-se a fornecer conselhos sobre estilos de vida saudável.

Chás, infusões, ampolas, xaropes. Produtos naturais?


Uma consulta de aconselhamento alimentar pode custar entre 15 e 110 euros. Nalguns locais, foi gratuita, mas depois incitaram a gastar dezenas de euros em produtos no estabelecimento.

«É perigoso seguir dietas quando não são prescritas por um especialista. É importante procurar um nutricionista credenciado», explica ao PortugalDiário
Nuno Nunes, da Associação Portuguesa de Nutricionistas.

Os perigos de seguir dietas «malucas» podem ser vários, como a desnutrição ou o desequilíbrio proteico.

«Normalmente, nestes sítios aconselham uma dieta pobre em hidratos de carbono e muito rica em proteínas, o que pode resultar até numa insuficiência renal», explica o nutricionista.

Nuno Nunes alerta ainda para o facto de estas dietas terem como principal objectivo perder peso: «O importante deve ser perder gordura e não peso. Com estas dietas, a pessoa nota que perde peso, mas o que está a perder é massa muscular e não gordura».

A DECO concluiu ainda que em quase metade dos casos investigados, as colaboradoras saíram da consulta com chás, infusões, ampolas, xaropes, produtos ditos «naturais».



«Há coisas naturais que são tóxicas e perigosas. Estes produtos não têm controlo farmacológico e, como tal, não devem ser consumidos sem vigilância profissional».

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