É seguro usar plástico no micro-ondas? Não causa cancro? Não ande mais à roda com as suas dúvidas

23 jul 2023, 09:00
Micro-ondas (Pexels)

Os receios arrastam-se há muito, por mais que os micro-ondas sejam uma parte inegável das nossas cozinhas. O tipo de material levado a aquecer pode mexer com a avaliação de risco de transmissão de substâncias potencialmente cancerígenas. E há alterações ao valor nutricional do alimento que não se podem ignorar

Vamos desde já esclarecer um ponto: a radiação do micro-ondas não representa perigo para a saúde humana. E não somos nós que o dizemos, é mesmo a Organização Mundial da Saúde. O problema está antes no que se põe ou como se põe lá dentro.

E, se é dos que já ficou a olhar para o prato a girar dentro do micro-ondas, a perguntar-se “como raio é que isto aquece?”, aqui fica uma explicação simples da nutricionista Beatriz Vieira, do Hospital Lusíadas Amadora:

“O aparelho emite ondas que são absorvidas pelas moléculas de água e provocam a sua agitação. Esta energia é transformada em calor à medida que é absorvida pelos alimentos.  É por esta razão que alimentos com elevador teor em água podem ser cozinhados mais rapidamente”.

(Pexels)

É seguro o plástico no micro-ondas?

Quantas vezes é que ouviu as frases que se seguem? “Ai, a comida sai radioativa”, “ai, dá cabo da comida”, “ai, provoca cancro”. Sim, cancro. É talvez o receio mais associado ao aparelho que tomou conta das nossas cozinhas.

Mas tudo depende do que coloca lá dentro. E falamos agora do recipiente. Tem um familiar que lhe diz aquecer a comida num recipiente de plástico provoca cancro? As linhas de que seguem são para ele. Porque isso é um mito. E nem todo o plástico é igual.

A Comissão Europeia definiu requisitos para o plástico utilizado para os alimentos, incluindo os limites de migração das substâncias que o constituem e a sua toxicidade, sempre assentes em avaliações de riscos.

Por isso é que nem todo o plástico deve ir ao micro-ondas. “Alguns tipos de plásticos podem libertar substâncias químicas quando aquecidos, sendo que algumas têm potencial cancerígeno”, aponta a nutricionista Magda Roma.

Exemplos: o Bisfenol A, mais conhecido como BPA, que pode ser encontrado no policarbonato, usado no fabrico de alguns recipientes de plástico; ou os ftalatos.

E essa migração depende de vários fatores: “aumenta em temperaturas elevadas, favorecendo a possível contaminação dos alimentos e modificando as suas características” e há uma “maior afinidade dos materiais plásticos para alimentos com um elevado teor em gordura”.

“Contudo, em teoria, no micro-ondas o período de aquecimento é muito curto, pelo que a condução de calor para o plástico é muito baixa. No entanto, na realidade, muitas vezes não é assim e o tempo de cozedura chega a atingir os 20 minutos”, diz Beatriz Vieira.

(Pexels)

Alternativa: vidro

Então, como diminuir os riscos? Há uma forma muito simples e direta: mudar o tipo de recipiente que usa para aquecer no micro-ondas, optando antes pelo vidro ou cerâmica, apontam as nutricionistas.

Mas, se mesmo assim, optar pelos plásticos, verifique que são livres de BPA e adequados para usar em micro-ondas. Basta perder uns segundos a ler a informação que costuma vir colada na marmita.

E, se é dos que se esquece de descongelar os bifes para o jantar e usa o micro-ondas para acelerar o processo, evite o plástico também. É que, como lhe explicámos, o tempo de exposição maior pode aumentar os riscos.

Congela, aquece, perde nutrientes?

E falando em bifes congelados, há outro receio comum: congelar alimentos tira-lhes valor nutricional, deixa-os mais “pobres”?

“Durante o período de congelação, a maioria dos nutrientes mantém-se intacta. No entanto, podem ocorrer algumas alterações na estrutura dos alimentos e perda de nutrientes dependendo do tamanho dos cristais de gelo formados. Em geral, quanto mais rápida for a congelação, menores serão as alterações no alimento, uma vez que os cristais de gelo formados serão mais pequenos”, aponta a nutricionista Beatriz Vieira.

E há dicas para que tudo corra pelo melhor: evitar colocar alimentos quentes no congelador, não voltar a congelar depois de descongelar, não comer alimentos que apresentem alteração de cor para castanha clara ou acinzentada (é uma queimadura) e etiquetar com as datas de congelação.

E agora que já fomos ao frio, voltemos ao calor: aquecer a comida no microondas também leva a perdas nutricionais? Leva sim, senhor. Mas é algo “natural e que ocorre em qualquer método de conservação, preparação ou aquecimento”, resume Magda Roma.

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