A cerveja faz mesmo barriga? E o vinho é uma alternativa melhor? Não inche com as suas dúvidas

4 jun 2023, 12:00
Cerveja e Vinho (Pexels)

Imperial, fino, caneco, tulipa, jola, bejeca, loira, mini. Há muitas formas de pedir uma cerveja. Então venha daí uma fresquinha. Ups, afinal não: é que os nossos nutricionistas estão de serviço. E não têm boas notícias para si

Os amigos estão sempre a louvar as vantagens de beber uma cerveja? E dizem que é saudável? Essa palavra – saudável – talvez não seja a mais adequada.

“Apesar de poderem ter algumas características nutricionais interessantes, contêm álcool na sua composição, que é uma substância tóxica para o nosso corpo, cujos efeitos negativos ultrapassam os potenciais benefícios”, sublinha o nutricionista João Rodrigues.

E não está sozinho nesta posição. Magda Roma, também nutricionista, na Lisbon Plastic Surgery, lá admite que “se forem sem álcool e com valores de açúcares baixos podem ser consideradas menos prejudiciais”. Mas saudáveis não são.

Isso não impede que os portugueses, contudo, se privem. Em média, cada um bebe mais de 50 litros por ano. “Ah, mas eu não bebo tanto”, estarão alguns dos leitores a pensar. E até pode ser verdade. Mas há alguém que ficará com a sua parte.

(Pexels)

Barriga de cerveja?

Quantas vezes é que bebeu uma cervejinha e se lembrou da barriga? E quantas vezes é que ouviu os amigos a dizer “calma aí, campeão, ou ficas com barriga”? Temos boas e más notícias para si.

Boas: não é a cerveja sozinha que o faz engordar. Más: como, ao bebermos cerveja, temos tendência a maiores quantidades, também é mais fácil consumir um número de calorias superior ao que se gasta. E é isso, sim, que nos faz engordar.

Então, de onde vem a ideia de que a cerveja faz crescer a barriga? “Devido à presença de glúten e ao gás, a cerveja pode originar distensão abdominal, provocando mais flatulência, edema [inchaço], dor abdominal e, eventualmente, alteração das fezes”, descreve Magda Roma.

“A cerveja é obtida através da fermentação de cereais, que pode levar a distensão abdominal. Devido ao seu teor de cereais e calorias, pode levar a uma acumulação generalizada de gordura corporal”, atesta a nutricionista Rita Azevedo.

É como em tudo na vida: quando é em excesso, o corpo é que paga.

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Ninguém fala do vinho, porquê?

Se na altura de beber cerveja, podem soar as campainhas de alarme sobre a barriga, o mesmo não acontecerá quando se ergue um copo de vinho para um brinde. Provavelmente, ninguém lhe dirá para ter atenção à linha. Mas, se lhe dissermos que o vinho é mais calórico do que a cerveja, mudava alguma coisa?

Porque essa é a mais pura das verdades: o vinho é mais calórico do que a cerveja. Por cada 100 mililitros (ml), o vinho contém cerca de 76 calorias. E a cerveja? Pela mesma quantidade, 32.

Então porque é a cerveja sempre a má da fita? “Penso que é porque, normalmente, se bebe vinho com mais moderação, em menor quantidade”, admite João Rodrigues.

“O vinho é sem dúvida mais calórico. Contudo, não passa por um processo de fermentação de cereais, não existindo tanta probabilidade de potenciar distensão abdominal”, completa Rita Azevedo.

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Qual é a medida da moderação?

Então qual é a quantidade que podemos beber? “A menor possível, devido à toxicidade do álcool, em particular no caso do fígado e do sistema digestivo”, aponta João Rodrigues.

Se é para matar a sede, dizem os nutricionistas, a água deve ser sempre a escolha. Porque a cerveja não hidrata, antes pelo contrário. Mas, como ninguém é santo, pelo menos fique a conhecer as recomendações quanto ao consumo de cerveja ou vinho.

“Há indicações de uma cerveja por dia para as mulheres e duas cervejas por dia para os homens. Já o vinho, serão dois copos por dia”, descreve Magda Roma.

A contenção pode ser medida de outra forma, mas as conclusões são as mesmas: “Uma unidade de bebida padrão equivale a cerca de 150 ml de vinho e 350 ml de cerveja”.

Rita Azevedo explica que cada unidade de bebida padrão corresponde a 10 gramas de álcool puro. Assim, nos homens, entre os 18 e os 64 anos, a quantidade máxima diária recomendada é de duas unidades. Na mulher, é de apenas uma.

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O que tem de bom? E de mau?

Dor de cabeça, tontura, sede excessiva, náuseas, vómito, desidratação, estado de confusão. Se já foi além da sua conta, sabe bem o que são estes efeitos do álcool. Mas, nutricionalmente falando, o que há de bom e mau na cerveja e no vinho?

“Enquanto a cerveja é feita maioritariamente de cereais, que contêm glúten, o que pode originar alguns distúrbios gastrointestinais, principalmente para quem tem hipersensibilidade, o vinho, de forma geral, contém sulfitos, um conservante que, quando consumido em excesso, pode originar alguns dos sintomas mencionados”, resume Magda Roma.

Mas há também um lado bom. A cerveja e o vinho (em especial este último) têm propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. Mas só o consumo moderado consegue garantir estes efeitos. O excesso, pelo contrário, anula-os.

“O álcool, de forma geral, tem um potencial diurético acentuado, no entanto é mais sentido no consumo de cerveja quando comparado com o vinho”, acrescenta Magda Roma. Portanto, todas aquelas vezes em que vai à casa de banho quando sai à noite vêm mesmo da cerveja.

E Rita Azevedo completa: “Contém altos níveis de silício, mineral não essencial, que auxilia na formação dos ossos e cartilagem, contudo este efeito anula-se no consumo excessivo de cerveja”.

Já o vinho tem resveratrol. E o que é isso? “Um fitonutriente protetor cardiovascular”, que pode ajudar na prevenção de doenças cardiovasculares.

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