A Marinha confirmou que todo o conteúdo recebido pelo almirante foi entregue à Polícia Judiciária
O chefe do Estado-Maior da Armada, Henrique Gouveia e Melo, confirmou este domingo aos jornalistas que tem sido alvo de ameaças, mas tem total confiança "nas forças de segurança".
Tem havido alguns problemas, mas eu confio totalmente nas forças de segurança, na nossa capacidade de combater este tipo de fenómenos e na democracia", disse.
De acordo com o Correio da Manhã (CM), o almirante tem recebido várias ameaças por telemóvel e através do correio, depois de ter defendido Fábio Guerra, o agente da PSP que foi espancado à porta de uma discoteca em Lisboa, a 19 de março, e que acabou por morreu no hospital.
Questionado sobre que tipo de medidas de segurança tem adotado para se proteger, Gouveia e Melo respondeu: "Isso seria uma informação muito útil para o lado oposto".
Ao que o CM apurou, existem suspeitas de que as ameaças sejam de militares e de redes de segurança noturnas com ligações a gangues da margem sul. A Marinha confirmou que todo o conteúdo recebido pelo almirante foi entregue à Polícia Judiciária.
Na altura do factos, foram detidos dois fuzileiros que ficaram em prisão preventiva como suspeitos do homicídio de Fábio Guerra. A 25 de março, Gouveia e Melo fez um duro discurso aos militares: "O ataque selvático, desproporcional e despropositado não pode ter desculpas e justificações nos nossos valores, pois fere o nosso juramento de defender a nossa pátria. O Agente Fábio Guerra era a nossa pátria, a PSP e as Forças de Segurança são a nossa pátria e nela todos os nossos cidadãos".
O almirante disse ainda que "independentemente do que vier a ser apurado" as fardas já estavam "manchadas".
"Não quero arruaceiros na Marinha; não quero bravatas fúteis, mas verdadeira coragem, física e moral; não quero militares sem valores, sem verdadeira dedicação à Pátria; não quero militares que não percebam que na Selva temos que ser Lobos, mas em casa cordeiros, pois isso é a verdadeira marca de autodomínio, autocontrole e de confiança dos outros em nós. Nós somos os guerreiros da Luz e não das trevas! Quem não agir e sentir isto, que parta e nos deixe honrar a nossa farda, o nosso legado de mais de 700 anos de Marinha e de 400 de Fuzileiros", reforçou.
