Exclusivo: Zelensky chama "fraco" a Putin e diz que o poder do presidente russo "está a desmoronar-se"

CNN , Erin Burnett, Yon Pomrenze, Mick Krever e Victoria Butenko
3 jul 2023, 13:30
Erin Burnett e Volodymyr Zelensky. CNN

NOTA DO EDITOR | A entrevista completa de Erin Burnett a Volodymyr Zelensky é transmitida nesta quarta-feira, 5 de julho

A resposta de Vladimir Putin à rebelião armada da Wagner foi "fraca" e o presidente russo está a perder o controlo sobre o seu próprio povo, disse o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, à CNN numa entrevista exclusiva.

Putin enfrentou a maior ameaça à sua autoridade em duas décadas, no mês passado, quando o chefe do grupo paramilitar Wagner, Yevgeny Prigozhin, lançou uma revolta de curta duração, reivindicando o controlo de instalações militares em duas cidades russas e marchando em direção a Moscovo, antes de concordar em retirar-se.

"Vemos a reação de Putin. É fraca", disse Zelensky a Erin Burnett, em Odessa, numa entrevista gravada no domingo.

"Em primeiro lugar, vemos que ele não controla tudo. O facto de a Wagner ter entrado profundamente na Rússia e tomado certas regiões mostra como é fácil fazê-lo. Putin não controla a situação nas regiões", analisou.

"Toda a vertical de poder que ele costumava ter está a desmoronar-se."

Alguns russos aplaudiram os combatentes wagnerianos enquanto Prigozhin liderava o desafio sem precedentes à autoridade de Putin. Um vídeo geolocalizado e verificado pela CNN mostrava multidões a aplaudir quando o veículo do líder da Wagner partiu da cidade de Rostov-on-Don, no sul do país, a 24 de junho.

Zelensky disse que os relatórios dos serviços secretos ucranianos mostraram que o Kremlin estava a medir o apoio a Prigozhin e afirmou que metade da Rússia apoiava o líder da Wagner e o motim do grupo paramilitar.

A entrevista com Zelensky surge num momento crítico - não só na sequência da rebelião falhada de Prigozhin, mas também semanas após o lento esforço da Ucrânia para reconquistar o território ocupado pela Rússia.

Este esforço tem sido objeto de um intenso escrutínio por parte dos aliados ocidentais e, no sábado, um responsável norte-americano à CNN que o diretor da CIA, Bill Burns, tinha visitado recentemente Kiev e se tinha reunido com Zelensky e com funcionários dos serviços secretos ucranianos.

Zelensky disse à CNN que ficou "surpreendido" por ver a sua reunião com Burns ser noticiada nos meios de comunicação social. "A minha comunicação com o chefe da CIA deve ser sempre feita nos bastidores", afirmou. "Discutimos coisas importantes - o que a Ucrânia precisa e como a Ucrânia está preparada para agir."

Burns, um diplomata veterano, tornou-se um interlocutor de confiança em Kiev, tendo efetuado várias viagens à Ucrânia durante a guerra.

"Não temos segredos para a CIA, porque temos boas relações e os nossos serviços secretos falam uns com os outros", garantiu Zelensky.

"A situação é bastante simples. Temos boas relações com o diretor da CIA e estamos a conversar. Falei-lhe de todas as coisas importantes relacionadas com o campo de batalha de que precisamos."

Burns viajou para Kiev antes da rebelião de Prigozhin, que não foi um tema de discussão, disse a mesma fonte à CNN.

Falando numa conferência de imprensa em Kiev no sábado, Zelensky disse que a rebelião de Prigozhin tinha "afetado muito o poder russo no campo de batalha" e poderia ser benéfica para a contraofensiva da Ucrânia.

Embora os esforços de Kiev se tenham concentrado na recaptura de território no sul e no leste da Ucrânia, Zelensky disse a Burnett que o seu objetivo final era libertar a Crimeia, a península anexada pela Rússia em 2014, numa violação do direito internacional.

"Não podemos imaginar a Ucrânia sem a Crimeia. E enquanto a Crimeia estiver sob ocupação russa, isso significa apenas uma coisa: a guerra ainda não acabou", defendeu.

Questionado sobre se existe algum cenário em que possa haver paz sem a Crimeia, Zelensky respondeu: "Nessa altura não haverá vitória."

*Gul Tuysuz contribuiu para este artigo

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