Putin diz que contraofensiva não está a correr bem a Zelensky. E por isso não precisa da lei marcial

13 jun 2023, 17:25
Vladimir Putin reúne-se no Kremlin com correspondentes de guerra que estão a cobrir a chamada operação militar especial (Gavriil Grigorov via AP)

“E se não tivéssemos a operação militar especial, talvez nunca tivéssemos sabido como ajustar a nossa indústria militar para a tornar a melhor do mundo, e vamos fazê-lo”, acrescentou.

Presidente russo fez as contas e, segundo ele, a Ucrânia já perdeu entre 25% a 30% dos carros de combate que lhe foram enviados pelo Ocidente, além de ter perdido dez vezes mais combatentes do que a Rússia

O presidente russo, Vladimir Putin, considera que a Rússia "não tem razões" para introduzir uma lei marcial para responder à contraofensiva ucraniana, conforme foi solicitado por alguns bloguers militares russos.

"Não há razões para introduzir qualquer tipo de regime especial ou lei marcial no país. Não há necessidade para o fazer agora", assume Vladimir Putin, numa reunião com bloggers militares e correspondentes de guerra russos, que decorreu no Kremlin.

É que segundo o presidente russo, a contraofensiva ucraniana não está a correr bem para Zelensky, uma vez que, diz, a Ucrânia já perdeu entre 25% a 30% dos carros de combate que lhe foram enviados pelo Ocidente. Enquanto Kiev já perdeu 160 carros de combate, Moscovo ficou sem 54, concretiza Putin.

Mas as perdas da Ucrânia não se resumem aos meios militares, indica o chefe de Estado russo, apontando que a Ucrânia já perdeu dez vezes mais combatentes do que a Rússia.

Dirigindo-se aos convidados que o ouviam atentamente sentados numa mesa redonda no Kremlin, Putin quis demarcar-se das "táticas terroristas da Ucrânia" e apelar à "melhoria das ações das forças de segurança e dos serviços especiais".

Vladimir Putin reúne-se no Kremlin com correspondentes de guerra que estão a cobrir a chamada operação militar especial (Gavriil Grigorov via AP)

"Ao contrário dos atuais líderes da Ucrânia, nós não podemos recorrer a táticas terroristas. Temos um Estado, um país. Eles têm um regime. E agem como um regime que se baseia no terror. Têm um regime severo de contrainteligência. Têm lei marcial. Mas não acho que tenhamos de o fazer agora. Só temos de melhorar as ações das forças de segurança e dos serviços especiais", argumenta.

Neste ponto, e apesar de destacar melhorias na qualidade do armamento russo, Putin admite que as forças russas precisam de munições e drones de alta precisão.

“Tivemos um aumento de 2,7 vezes na produção dos principais tipos de armas num ano e, nos artigos mais procurados, aumentámos dez vezes. As empresas trabalham em dois turnos, e muitas trabalham em três turnos. Trabalham praticamente dia e noite, com alta qualidade”, indicou.

Vladimir Putin acredita, por isso, que a operação militar especial acabou por trazer vantagens para a defesa russa: "Se não tivéssemos a operação militar especial, talvez nunca tivéssemos como saber ajustar a nossa indústria militar para a tornar na melhor do mundo."

Conversações sobre a paz com Kiev? Putin diz que sim, mas sob uma condição

O presidente russo disse estar disponível para reiniciar conversações de paz com a Ucrânia, mas apenas sob a condição de o Ocidente parar de enviar armamento para Kiev. E insiste que os países ocidentais estão a tentar derrotar a Rússia no território ucraniano.

E se esta segunda-feira o secretário-geral da ONU dizia estar "preocupado" com o futuro do acordo de cereais, hoje tem mesmo motivos para isso. É que Vladimir Putin admitiu, perante os blogueres e repórteres russos, que está a ponderar abandonar o acordo de forma unilateral, acusando a Ucrânia, a ONU e a Turquia - mediadores do acordo - de o "enganarem" nas cláusulas sobre a exportação de fertilizantes russos.

"Estamos agora a pensar em retirar-nos deste acordo sobre cereais (…). Muitas das condições que deveriam ser aplicadas não foram respeitadas", acusou.

Relacionados

Europa

Mais Europa

Mais Lidas

Patrocinados