Julgamento de gangue: arguida e advogado ameaçados

Redação , CP
29 out 2008, 20:59
Pistola

Delegada comercial é acusada de homicídio qualificado e associação criminosa

Uma co-arguida num processo por cobrança coerciva de dívidas, homicídio e raptos garantiu, esta quarta-feira, em tribunal, que foi coagida na própria sala de audiências e o seu advogado disse que foi insultado e ameaçado com navalha, escreve a Lusa.

Em causa estão o advogado Paulo Soares e a delegada comercial Andreia F., 32 anos, uma das 12 pessoas alegadamente ligadas ao grupo de cobranças difíceis, que está a ser julgado desde o dia 22 no Tribunal de São João Novo.

Gangue julgado por homicídio e cobranças difíceis


Andreia F. começou a depor logo na primeira sessão deste julgamento e terá sido nessa altura que, segundo o seu advogado, foi ameaçada em plena sala de audiências. A arguida acabou por confirmar essa versão ao juiz-presidente do colectivo de juízes, William Themundo: «Sim, tenho sido ameaçada (¿). Foi aqui na sala».

No caso do advogado Paulo Soares, o próprio contou ao tribunal que foi insultado e ameaçado com navalha de ponta e mola por três pessoas quando se dirigia ao seu automóvel, nas imediações do tribunal. Paulo Soares fez este relato ao requerer que os outros 11 arguidos e a assistência fossem retirados da sala, porque Andreia F. teria «coisas mais importantes para contar», caso não se sentisse constrangida.

O magistrado William Themundo aceitou ordenar a retirada dos outros arguidos, mas decidir manter a audiência aberta ao público. O juiz considerou que a força policial presente na sala, composta por uma dezena de agentes da PSP, era suficiente para prevenir qualquer ocorrência.

Grupo acusado de homicídio, raptos e extorsão


Andreia F. desfez algumas incongruências do seu anterior depoimento e afirmou que quis sair do grupo quando percebeu que havia recurso a métodos ilícitos. Não o fez, nem contou nada ao marido porque, segundo disse, tivera um relacionamento extra-conjugal com um dos elementos do grupo e porque ouviu ameaças à integridade física da filha e do próprio marido.

Garantiu que, ao serviço do grupo, se limitou a usar o seu carro para efectuar alguns transportes e para efectuar vigilâncias a devedores em Felgueiras e Guimarães. Acabou ainda por clarificar que o grupo era liderado pelo co-arguido Filipe S.

Homicídio qualificado, raptos, extorsão, associação criminosa e posse de arma ilegal são alguns dos crimes que o Ministério Público imputa aos 12 arguidos que centravam a sua actividade nas cobranças coercivas de dívidas nos anos de 2006 e 2007.

Patrocinados