Peseiro recorda chamadas de Diogo Costa aos treinos com Casillas no FC Porto

4 jul, 10:07
Diogo Costa (UEFA via Getty Images)

Treinador orientou os azuis e brancos na segunda metade da época 2015/16, quando o guarda-redes da Seleção e dos azuis e brancos tinha 16 anos. Diz que o que mais o deixa surpreendido nele é o facto de, aos 24 anos, já reunir tudo o que é preciso num guarda-redes e que já é um dos melhores do Mundo

José Peseiro treinou o FC Porto apenas entre janeiro e maio de 2016, mas foi tempo suficiente para estabelecer algum contacto com um então muito jovem Diogo Costa, que tem andado nas bocas do mundo desde o brilharete frente à Eslovénia no desempate por penáltis dos oitavos de final do Euro 2024.

«Isso deveu-se principalmente ao Daniel Correia, que veio da equipa B do FC Porto para me coadjuvar no treino de guarda-redes e disse-me que o miúdo era muito bom. O Diogo Costa tinha 16 anos, alinhava nas equipas de sub-17 e sub-19 e achámos por bem que, dado o potencial mostrado nessa idade, seria bom para ele treinar com o Iker Casillas, o Helton e o José Sá, numa perspetiva de ser melhor avaliado e evoluir com companheiros deste nível», recordou José Peseiro em declarações à agência Lusa.

O treinador de 64 anos avaliou a evolução e o momento de Diogo Costa, admitindo estar impressionado pelo «pacote» que já reúne aos 24 anos. «Normalmente, os guarda-redes nunca alcançam os níveis de excelência com esta idade, porque a especificidade da posição leva a que o façam a partir dos 27 anos. Agora, já há muito tempo que o Diogo Costa apresenta qualidade, capacidade e maturidade, jogando com o pé, à mão, fora ou dentro da área e em velocidade. Reúne todas as características essenciais de um guarda-redes e está a mostrar um potencial muito acima da sua idade, sendo, nesta fase, dos melhores do Mundo», referiu.

«Geralmente, um guarda-redes é melhor numa característica do que noutra, mas o Diogo Costa reúne tudo. É muito difícil ser tão bom no jogo aéreo, posicional e com os pés ou a fechar a baliza, tal como fez naquela jogada no prolongamento, em que impediu um golo que poderia ser decisivo. Ele possui qualidades determinantes para ser um guarda-redes de elite e fá-lo com esta idade, tão novo, e sem apresentar nenhuma fraqueza nas várias funções. A capacidade que mostra nesta idade é impressionante», acrescentou, elogiando ainda a regularidade do guardião do FC Porto.

«O que não é normal é um jovem não cometer erros, sobretudo em posições específicas. Por exemplo, quando vemos um guarda-redes, não olhamos à idade e achamos que ele tem de fazer tudo perfeito. Não há perfeição em qualquer posição. Agora, aquilo que nos surpreende é ele errar tão poucas vezes em função da sua idade.»

Peseiro assistiu em Frankfurt ao jogo de Portugal com a Eslovénia e, por isso, foi um espectador privilegiado do momento histórico de Diogo Costa, que foi o primeiro guarda-redes a defender três pontapés da marca dos 11 metros em desempates desta natureza em Europeus. «Com certeza, ele tinha indicações [sobre o lado preferencial de cada jogador esloveno], mas não o vimos muito a procurar isso. Eu estava no estádio, olhei para ele e não o vi a tentar ver que adversário vinha [a caminho da marca dos 11 metros], algo que vemos muitas vezes outros guarda-redes a fazer. Ele diz que a intuição o levou àquelas defesas todas e, por mais que se treine, essa vertente é importante e decisiva», apontou.

Para trás ficou um Mundial que Diogo Costa já assumiu não lhe ter corrido de feição, sobretudo pelo erro cometido nos quartos de final diante de Marrocos e que ditou a eliminação portuguesa da prova realizada há menos de dois anos no Qatar. «Normalmente, os guarda-redes mais jovens mostram dificuldades no jogo aéreo, porque não é fácil avaliar onde é que estão os adversários e os colegas de equipa para poderem atacar a bola no sítio e momento certos. Errar num Mundial, e em representação de uma das melhores seleções do planeta, tem o seu impacto, mas não chegou a perder o lugar por causa disso. Isso é sinal de que os treinadores sabem bem do seu potencial. (...) Não é fácil para qualquer atleta suportar a pressão, o stress e a crítica diária e cada vez mais mordaz, negativa e demolidora que existe ao segundo nas redes sociais. Agora, ele tem demonstrado que, quando falhou naquele Mundial ou em certos jogos pelo FC Porto, isso não afetou a sua autoestima e a capacidade de estar tranquilo, algo que é essencial para um ‘guardião’ de uma equipa grande, que tem pouco trabalho no jogo. O erro passa por ele sem deixar muita mossa e só consegue fazer isso quem é muito forte», concluiu José Peseiro.

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