Ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, teceu críticas a quem quer que as relações entre Portugal e os países da CPLP sejam baseadas “em ressentimentos”
O ministro dos Negócios Estrangeiros afirmou esta manhã que não haverá reparações às ex-colónias mas sim pedidos de desculpas. E anunciou ainda que está a “desenvolver esforços” para que haja cursos de tétum e crioulo nas faculdades de letras das universidades portuguesas.
“Nunca é demais lembrar que o novo Governo se pauta nesta matéria pela mesma linha dos governos anteriores. Não haverá, pois, qualquer processo ou programa de ações específicas com o propósito de reparar outros Estados com passado colonial português”, disse Paulo Rangel durante a sessão plenária num debate de urgência - pedido pelo Chega - sobre a reparação histórica das ex-colónias. “A verdade histórica exige que não falemos de ex-províncias ultramarinas mas de ex-colónias”, destacou.
Durante seis minutos de discurso, Rangel vincou que “Portugal não tem medo da sua história e, por isso, lutará sempre pela isenção, pela imparcialidade, pela verdade histórica” e que irá avançar com pedidos de desculpas.
“Lá onde, como em Wiriyamu, seja justo um pedido de desculpas, fá-lo-emos. Lá onde, como no Tarrafal, seja importante um memorial, erguê-lo-emos. Estes gestos e tributos de reconciliação não são unilaterais”, destacou o governante.
Paulo Rangel anunciou ainda que o seu Ministério, em parceria com o da Educação, “está a desenvolver esforços para criar nas faculdades de Letras portuguesas programas de investigação, cursos e até cátedras de tétum e crioulo”.
Rangel teceu críticas a quem quer que as relações entre Portugal e os países da CPLP sejam baseadas “em ressentimentos” e revelou que no passado dia 25 de Abril “o governo angolano autorizou a reabilitação de dois talhões de cemitério de Luanda em que estão sepultados soldados portugueses que lutaram na Guerra Colonial”, estando ainda prevista “a construção de um memorial”. “É assim que vemos estas relações de reconciliação e não de ressentimento”.
O tema de uma possível indemnização de ex-colónias surgiu após Marcelo Rebelo de Sousa o ter mencionado a jornalistas estrangeiros durante um jantar dias antes do 25 de Abril. Já depois das celebrações dos 50 anos da Revolução dos Cravos, e à margem da inauguração do Museu Nacional da Resistência e da Liberdade, o Presidente da República voltou a dizer que Portugal deve liderar o processo de assumir e reparar as consequências do período do colonialismo.