Numa carta enviada à Procuradora-Geral da República, José Sócrates levanta suspeitas de "motivação política" sobre o procurador que está a investigar o caso que fez cair o governo de António Costa, lembrando o caso EDP, que "é investigado há 12 anos" pelo mesmo procurador, que trabalhou anteriormente como assessor do governo do PSD/CDS.
O antigo primeiro-ministro, José Sócrates, enviou uma nova carta à Procuradoria-Geral da República (PGR) na qual levanta suspeitas de "motivação política" sobre o procurador que investiga a Operação Influencer.
Na carta, a que a CNN Portugal teve acesso, José Sócrates salienta que "um dos procuradores do processo EDP desempenhou funções de assessor num gabinete ministerial no governo PSD/CDS", referindo-se a Hugo Neto, procurador do DCIAP e antigo assessor de Paulo Portas quando era ministro da Defesa.
"O alegado favorecimento à EDP por parte de um governo socialista é investigado há 12 anos por um antigo assessor do governo do PSD/CDS. Absolutamente extraordinário", ironiza, considerando que este facto "devia levar a Procuradoria a olhar a suspeita de motivação política com outros olhos".
Além disso, acrescenta, "esse mesmo procurador decidiu não investigar o financiamento da campanha eleitoral do PSD de 2015".
O antigo primeiro-ministro salienta depois o papel daquele procurador na Operação Influencer, que levou à queda do Governo de António Costa. "Esse é também o procurador que abriu um inquérito crime contra o atual primeiro-ministro socialista, criando uma crise política, fazendo cair o Governo e provocando eleições antecipadas. Julgo que nada mais é preciso dizer", sustenta.
A Operação Influencer levou, em 7 de novembro, às detenções do chefe de gabinete de António Costa, Vítor Escária, do advogado e consultor Diogo Lacerda Machado, dos administradores da empresa Start Campus Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, e do presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas.
São ainda arguidos na Operação Influencer o ex-ministro das Infraestruturas João Galamba, o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, o advogado João Tiago Silveira e a Start Campus.