Secretário-geral da NATO descarta envio de tropas para a Ucrânia

Agência Lusa , AM - notícia atualizada às 14:39
30 jan 2022, 11:53
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg

Jens Stoltenberg afirmou não haver "certeza sobre as intenções" do presidente russo, Vladimir Putin, mas considerou o envio de tropas é uma "retórica muito agressiva" de Moscovo

O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, descartou a possibiliade de a Aliança Atlântica enviar tropas de combate para a Ucrânia se a Rússia lançar uma ofensiva contra o país.

"A Ucrânia não é um aliado da NATO", disse Jens Stoltenberg à cadeia de televisão BBC, enfatizando que não se aplica a Kiev a "garantia de segurança de 100% de que um ataque a um aliado gerará uma resposta" de toda a Aliança.

"Não temos planos de enviar tropas de combate à Ucrânia", disse Stoltenberg e, quando questionado sobre se contempla algum cenário em que soldados da NATO possam ser vistos combatendo contra forças russas na Ucrânia, respondeu "não".

"Estamos a concentrar-nos em oferecer apoio à Ucrânia, ajudando-a a exercer o seu direito de autodefesa. Ao mesmo tempo, estamos a enviar a mensagem à Rússia de que imporemos sanções severas se, mais uma vez, usarem a força contra a Ucrânia", adiantou Stoltenberg, que defende uma solução diplomática para as tensões e instou o Kremlin a diminuir o conflito.

O secretário-geral da NATO afirmou não haver "certeza sobre as intenções" do presidente russo, Vladimir Putin, mas alertou para o envio de dezenas de milhares de soldados para a fronteira ucraniana, considerando tratar-se de "retórica muito agressiva" de Moscovo, bem como a precedentes do "uso da força" contra a Ucrânia.

MNE russo diz que quer manter relações "respeitosas" com os Estados Unidos

O chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, disse que Moscovo quer manter relações "respeitosas" com Washington, sublinhando a importância da Rússia obter garantias concretas para a sua segurança.

"Nós queremos boas relações, justas, mutuamente respeitosas e iguais com os Estados Unidos, assim como com todos os outros países do mundo", declarou Lavrov, numa entrevista transmitida pela televisão russa.

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo enfatizou, no entanto, que a Rússia "não quer permanecer numa posição em que [a sua] segurança seja regularmente violada".

"Cada vez mais, a linha que [os países da NATO] têm de defender move-se mais para o leste. Agora, já se aproximou da Ucrânia", afirmou.

De acordo com Lavrov, a adesão da Ucrânia à NATO prejudicaria seriamente as relações entre o ocidente e a Rússia.

Moscovo, portanto, continuará a buscar "não apenas obter garantias, compromissos políticos no papel, mas também garantias juridicamente vinculativas" que levarão em conta os "interesses legítimos" da Rússia.

Lavrov especificou que Moscovo em breve enviará aos países da NATO e da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa "um pedido oficial instando-os a especificar como pretendem implementar o seu compromisso de não fortalecer a sua segurança em detrimento da segurança de outros".

França reforça aviso à Rússia

O chefe da diplomacia francesa, Jean-Yves Le Drian, reforçou  o compromisso de diálogo com a Rússia sobre a crise na Ucrânia e reforça que não aceitará que Moscovo assuma compromissos que limitem a soberanía dos vizinhos ucranianos.

O ministro dos negócios estrangeiros francês, numa entrevista ao 'Le Journal du Dimanche', defendeu que, do ponto de vista técnico e militar, a logística que a Rússia colocou na fronteira com a Ucrânia está listada para um possível ataque e considerou que, "é por isso, que a situação é muito grave".

Le Drian lembrou que a estratégia francesa se baseia na "firmeza" com Moscovo, na "solidariedade", especialmente com a Ucrânia, e no "diálogo", e rejeitou a vontade russa de proibir a entrada da Ucrânia na União Europeia ou na NATO, embora tais possíveis adesões não estejam a ser consideradas no momento.

"O princípio da soberania e da livre escolha de cada um é para nós incontestável" de tal forma que "a Ucrânia tem o direito de decidir sobre o seu destino" e isso exclui uma "soberania limitada", afirmou na entrevista, citada pela agência Efe.

O governante insistiu que "nenhum compromisso é possível" ser aceite pela França com a doutrina de "soberania limitada" que Moscovo pretende, não só para a Ucrânia mas para outros países próximos das suas fronteiras, como Geórgia, Arménia, Azerbaijão ou Moldávia, reforçou.

Reino Unido endurecerá leis para permitir sanções contra a Rússia

A ministra dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, Liz Truss, declarou hoje que o Governo britânico modificará a legislação esta semana para facilitar a imposição de sanções contra interesses russos se Moscovo lançar um ataque contra a Ucrânia.

Liz Truss explicou, numa entrevista ao canal de televisão Sky News, que as leis atuais só permitem ao Executivo ordenar sanções contra indivíduos e empresas “envolvidos diretamente na desestabilização da Ucrânia".

As mudanças permitirão que Londres puna qualquer pessoa ou empresa considerada de "interesse para o Kremlin".

Truss, que defendeu uma solução diplomática para as tensões na Europa Oriental, visitará a Ucrânia esta semana e planeia viajar a Moscovo na semana seguinte.

"A principal razão que impedirá (o Presidente russo) Vladimir Putin de agir é que entenda os custos dessa ação", disse a ministra dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido.

O Governo britânico anunciou na noite de sábado que vai propor à NATO esta semana um aumento da contribuição britânica para a missão no Leste Europeu.

Marcelo apela ao diálogo para resolver conflito

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou Portugal defende a via diplomática, no quadro da União Europeia, na abordagem ao conflito entre a Ucrânia e a Rússia.

“A posição portuguesa é muito clara, que é tentar, tentar, tentar a via diplomática, não a deixar esgotar, porque é preferível a democracia a qualquer tipo de solução”, disse aos jornalistas, depois de ter votado para as legislativas, em Celorico de Basto, no distrito de Braga.

O Chefe do Estado reforçou a importância de “prosseguir esse esforço, no caso português, no quadro da União Europeia, também no quadro da NATO, mas mantendo sempre o diálogo com todas as realidades envolvidas e sabendo quais são as questões que estão em jogo”.

O Presidente anotou, por outro lado, que o país sente o problema “de uma forma dupla”, porque tem “uma comunidade ucraniana em Portugal muito grande”.

Portanto, sinalizou, “isso exige paciência, exige acampamento minuto a minuto”, nomeadamente do novo governo que sair das eleições de hoje.

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