É o mais comum nos romances. Resta saber se, na vida real, também é a peça central neste xadrez de influências
Rebentou a bomba no Vaticano e, segundo os jornais italianos, o pior ainda está para vir. O processo, já denominado VatiLeaks (em referência ao WikiLeaks), estalou na quarta-feira quando o mordomo do Papa, Paolo Gabriele, de 46 anos, foi detido por posse ilegal de documentos secretos. Um dia antes o presidente do banco do Vaticano, Ettore Gotti Tedeschi, foi demitido. Esperam-se agora mais baixas na Igreja Católica, e a alto nível.Paolo Gabriele, fechado numa sala - já que não existem prisões no Vaticano -, arrisca 30 anos de detenção. Mas há quem o considere apenas um «bode expiatório». Fonte do «Corriere della Sera» disse que Gabriele, mordomo de Bento XVI desde 2006, terá sido vítima de uma «armadilha»: ou os documentos foram «plantados» no seu apartamento, ou Gabriele limitou-se a cumprir «ordens vindas de cima».
O advogado de Gabriele já garantiu que o mordomo está «colaborar com as investigações», cita a Reuters.
Os jornais italianos dão conta de que um cardeal
Certo é que vários analistas, que num primeiro momento tentaram dissociar os casos do banqueiro e do mordomo, revelam agora preocupações quanto à incapacidade de Gotti Tedeschi de justificar a divulgação dos documentos que deveriam estar na sua posse.
O responsável pelo banco do Vaticano, o Instituto para as Obras Religiosas (IOR), foi demitido após uma moção de censura do Conselho de Supervisão daquele organismo. Gotti Tedeschi «não desempenhou várias funções de extrema importância», justificou a Santa Sé em comunicado.
Gotti Tedeschi está, desde 2010, a ser investigado por lavagem de dinheiro. Em causa, operações bancárias que previam a transferência de 20 milhões de euros para várias instituições financeiras, incluindo o JP Morgan. O presidente do IOR, sempre apontado como «íntegro» pelo Vaticano, foi agora considerado como alguém com um comportamento «errático» e «imprudente», lê-se no memorando interno do banco, citado pelo «Irish Times» que, por sua vez, questiona: «É verdade, ou a natureza errática
O «La Repubblica» diz que também há um mulher «toupeira»
Um caso de fazer inveja a Agatha Christie e que não acaba aqui. Também na semana passada saiu nas bancas o segundo livro
Três anos antes, Nuzzi publicou «Vaticano SpA», onde denuncia negócios obscuros do banco do Vaticano. O jornalista diz que ambos os livros contêm informações de fontes próximas de altos responsáveis da Igreja Católica.
«A mente da operação não é uma, mas mais pessoas. Nós somos os cardeais, os seus secretários pessoais, os monsenhores e pequenos peixes. Mulheres e homens, clérigos e leigos»