opinião
Head of Clinical Innovation da NTT DATA Portugal

"Inovação Clínica em Ação: Ecossistemas Colaborativos para o Futuro da Saúde"

27 jun, 17:58

No panorama atual dos cuidados de saúde, a inovação clínica não é apenas um luxo, mas uma necessidade. Os desafios colocados por uma população cada vez mais envelhecida e com elevada carga de doença crónica, pela ameaça de novas pandemias, pela preocupação crescente com a saúde mental, pelas questões de privacidade e segurança dos dados e pelo aumento dos custos dos cuidados de saúde, exigem abordagens que incorporem estratégias e tecnologias inovadoras. A investigação e a inovação clínica são o motor de novos diagnósticos e do desenvolvimento de novas terapias e intervenções, que melhoram a prestação de cuidados e a eficiência e sustentabilidade dos sistemas de saúde.

O retorno do investimento em investigação e inovação clínica para as organizações é amplamente reconhecido. Os hospitais que investem em investigação/inovação registam melhorias nos patient reported outcomes e na qualidade da prestação de cuidados, bem como são os primeiros a adotar práticas e tecnologias inovadoras, resultando em melhor cuidado ao doente e em eficiência operacional. A participação em ensaios clínicos permite aos doentes aceder a terapêuticas inovadoras, a que de outra forma não teriam acesso. Também se verificam efeitos positivos na atração e retenção de talento, já que a investigação/inovação clínica contribui para a reputação do hospital como um centro de excelência e cria oportunidades de desenvolvimento profissional. Por fim, a investigação clínica tem uma importância crucial para a diferenciação e equilíbrio financeiro dos hospitais, através da geração de novas fontes de receita.

No entanto, o caminho para a inovação clínica não é solitário, não pode ser percorrido pelas organizações de saúde individualmente. É um caminho que requer um esforço colaborativo entre vários intervenientes de um ecossistema de inovação complexo e multidisciplinar. Este ecossistema inclui prestadores de cuidados, agências governamentais, indústria farmacêutica, seguradoras, empresas tecnológicas, start-ups, academia, associações de doentes, entre outros.

As organizações de saúde estão cada vez mais conscientes da importância de se envolverem com o amplo ecossistema de inovação. Ao estabelecer colaborações com parceiros estratégicos, os hospitais têm acesso uma riqueza de recursos e conhecimento que lhes permite acelerar o ritmo da inovação. No centro desta colaboração está o reconhecimento de que cada interveniente traz expertise e perspetivas únicas para a mesa.

Para o sucesso a longo prazo será também essencial promover uma cultura de inovação dentro das organizações de saúde. Tal implica, não apenas investir em infraestrutura de última geração e recursos, mas também promover uma cultura organizacional adaptativa, aberta à mudança e de melhoria contínua, que seja ágil e autónoma na tomada de decisão.

Em Portugal, dispomos de um ecossistema de inovação em saúde com um potencial extraordinário. As organizações de saúde reconhecem plenamente a necessidade de integrar a inovação nas suas práticas clínicas. No entanto, também enfrentamos uma série de obstáculos e limitações há muito identificados, que têm retardado o nosso progresso. Embora tenhamos dado alguns passos positivos nos últimos anos, como permitir a adoção de modelos organizacionais com maior autonomia de gestão nos centros de investigação clínica do SNS, é hora de avançar ainda mais.

Cada entidade dentro do ecossistema nacional de inovação em saúde deve assumir proativamente a sua responsabilidade colaborativa para acelerar a investigação e a inovação na

prática clínica, promovendo assim a transformação dos cuidados de saúde em Portugal. É hora de colocar a Inovação Clínica em Ação!

Colunistas

Mais Colunistas

Patrocinados