Melhor ou pior: por cada óbito hoje morriam cinco pessoas há um ano (e eis como estão os hospitais)

5 jan 2022, 16:44
Melhor ou pior 501

Hospitais continuam a lidar com muito menos internamentos do que o que se verificava há um ano, quando Portugal entrava na terceira vaga

A uma semana do previsível pico da atual vaga covid-19, os hospitais em Portugal continuam longe da saturação de há um ano. Os números da última semana mostram médias de internamentos 63% abaixo das médias de há um ano, e de menos 71% em UCI.

Nos óbitos, as comparações mostram ainda menor severidade do que na mesma semana de há um ano: menos 80% agora.

A análise é relevante para contextualizar o número de infetados, que continua a subir muito sem que isso represente um descontrolo da covid-19, até porque resultam de um nível de testagem elevado e sem paralelo desde o início da pandemia.

Esta quarta feira de manhã, na reunião dos especialistas no Infarmed, Henrique Barros, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, afirmou que “não há razão nenhuma para continuarmos a raciocinar em termos do número de casos e muito menos a medir a evolução da infeção e os riscos que ela nos coloca contando diariamente os casos como fazíamos até agora”.

É precisamente para seguir este princípio de comparabilidade que a CNN Portugal está desde há mais de uma semana a publicar diariamente a rubrica “Melhor ou Pior”, com análises comparadas com vários indicadores e datas.

 

Os dados provam que, como foi repetido na reunião realizada no Infarmed, atingimos um máximo histórico na incidência mas a mortalidade desceu muito.

Como mostra a tabela acima, embora o número médio de infetados tenha sido na última semana mais de quatro vezes e meia o que se verificou na mesma semana do ano passado, isso acontece em parte porque a testagem aumentou ainda mais: acima de sete vezes, para uma média de 250 mil testes por dia na semana de 29 de dezembro a 4 de janeiro. Por outro lado, sendo a variante Ómicron mais contagiosa mas menos severa, o número de internados e em UCI é muito menor do que era há um ano. Todas as proporções calculadas na tabela corroboram a conclusão de menor severidade.

É por isso que o pior cenário aponta para pico de 130 mil casos covid por dia na próxima semana mas os internamentos vão ser muito inferiores aos de há um ano. Tanto que os especialistas defendem alívio das medidas restritivas e pedem gratuitidade dos autotestes.

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Pandemia menos grave

A CNN Portugal está a publicar esta análise sobre dados semanais para aprofundar a comparabilidade, evitando por exemplo comparar um dia de semana deste ano com um dia de fim de semana do ano passado. Fá-lo para medir não apenas valores absolutos mas também para poder aferir sobre a gravidade comparada com o passado. Como vários especialistas têm apontado, a variante Ómicron, agora dominante, tem uma transmissibilidade muito elevada mas o seu impacto é menor do ponto de vista do desenvolvimento de doença grave e da mortalidade.

Estes indicadores mostram que a pandemia está mais alastrada mas é menos grave nesta semana de viragem do ano do que era um ano antes. Para isto contribuirá a vacinação e uma menor virulência da variante Ómicron.

Notas: a proporção entre número de infetados e número de testes realizado não é a taxa oficial de positividade, pois muitos dos casos confirmados podem referir-se a análises em atraso (é, ainda assim, uma aproximação a essa taxa).

Da mesma forma, a relação entre internados e infetados é uma indicação, ressalvando-se no entanto que muitos podem tornar-se internados apenas algum tempo depois da infeção.

Recorde-se que os números de internados e em UCI são as médias em cada dia (não os novos internados ou os novos em UCI), seguindo-se a metodologia utilizada todos os dias pela DGS, que tem como utilidade maior medir a ocupação e a disponibilidade dos hospitais. Quando por exemplo se vê uma proporção de 4,5% entre internados e infetados, isso não significa que 4,5% dos infetados sejam internados, mas sim que face ao número de infetados comunicados nessa semana houve uma média de 4,5% internamentos. São esses os critérios comunicados diariamente pela DGS.

 

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