Pior cenário aponta para pico de 130 mil casos covid por dia na próxima semana (mas internamentos vão ser muito inferiores que há um ano)

5 jan 2022, 11:58

Previsões aponta ainda para um máximo de 1,2 milhões de pessoas isoladas no mesmo período

Portugal deve atingir o pico da quinta vaga de covid-19 na segunda semana de janeiro, de acordo com o cenário traçado pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA). Essa contagem é feita com base em três cenários, segundo os quais o país pode andar entre os 42 mil, 80 mil ou 130 mil casos diários.

Na reunião do Infarmed que juntou esta quarta-feira governantes e especialistas, Baltazar Nunes, do INSA, afirmou que os níveis de incidência estão a ultrapassar máximos históricos, acompanhando o que vai acontecer noutros países da Europa. Isso mesmo deverá levar o nível de casos diários a subir, obrigando os contactos de risco a isolamento.

Assim, e de acordo com os cenários epidemiológicos traçados por causa da variante Ómicron, e que têm em conta o regresso às medidas em vigor antes do Natal, entre 400 mil e 1,2 milhões de pessoas podem vir a ficar isoladas nos próximos dias. "O número de pessoas em isolamento ou quarentena pode variar entre 4% ou 12%", explicou Baltazar Nunes, referindo que um cenário intermédio coloca 7% da população em isolamento.

Apesar dos números recorde da pandemia em Portugal, o número de internamentos deve ficar bem abaixo das quase sete mil hospitalizações observadas em janeiro passado. Assim, os três cenários colocam a possibilidade de haver 1.300, 2.500 ou 3.700 internamentos, que podem variar entre os 184 e os 453 internamentos em Cuidados Intensivos, números também abaixo do verificado na pior fase, quando estiveram cerca de mil pessoas em estado grave.

Baltazar Nunes recordou que, em setembro de 2021, numa reunião no Infarmed, o INSA apresentou três cenários prováveis para o outono/inverno.

“O terceiro cenário era aquele que nós supúnhamos que havia uma perda de proteção da vacina com o tempo e que surgia uma nova variante do SARS-CoV- 2 em dezembro. Era esperado, foi o que aconteceu no ano passado e neste momento é esse o cenário que temos entre mãos”, salientou.

Contudo, observou, há fatores diferentes na variante Ómicron, relativamente a uma variante que na altura se podia esperar com a mesma gravidade da Delta, que têm que ser levados em consideração agora nos cenários para se poder projetar o que é esperado para os meses próximos.

Considerou-se então que há um aumento dos contactos em dois momentos: no Natal, mais cerca de 25% relativamente ao aumento considerado no período homólogo, e um aumento inferior durante o Ano Novo de 15%, assumindo-se neste caso que algumas das medidas que foram implementadas neste período fizeram reduzir os contactos relativamente ao aumento de contactos observados no Natal.

“Consideramos também que a vacina perde o seu efeito com o tempo e que há uma proteção média de um ano para a população com 65 e mais anos e de dois anos para a população com menos de 65 anos” e que as medidas que foram implementadas reduzem os contactos efetivos em cerca de 30%, disse, assinalando que após este período o país volta às medidas anteriores ao Natal.

“É este o cenário que nós simulamos e este modelo foi calibrado com os dados até 13 de dezembro”, explicou.

As projeções apontam ainda que o risco de hospitalização é menor na Ómicron cerca de 0,4 vezes em relação à Delta, disse Baltazar Nunes, explicando que para os diferentes cenários de perda de proteção da vacina, há diferentes níveis de incidência.

Portugal ainda está “numa tendência crescente”, mas a expectativa é que as medidas implementadas reduzam em cerca 30% os contactos e haja uma inversão da tendência, começando a decrescer.

Mas, avisou Baltazar Nunes, ao levantar estas medidas “vai haver um ‘platô’ de casos e que mais tarde vai traduzir-se num decrescimento da incidência, aqui já pela própria evolução da epidemia”

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