Tropas russas terão violado homens e rapazes na Ucrânia, revela ONU 

3 mai 2022, 23:34
Guerra na Ucrânia (AP Photos)

A procuradora-geral da Ucrânia conta que tem vindo vindo a recolher relatórios de violações cometidas pelas tropas russas contra homens, mulheres, crianças e idosos

A ONU revelou esta terça-feira que existem homens e rapazes entre as alegadas vítimas de crimes de violação sexual cometidos por soldados russos em várias regiões da Ucrânia desde o início do conflito.

"Eu recebi relatórios, que ainda não foram verificados, sobre casos de violência sexual contra homens e meninos na Ucrânia”, afirmou Pramila Patten, a representante especial das Nações Unidas sobre violência sexual na guerra, numa conferência de imprensa em Kiev, citada pelo The Guardian.

A responsável salientou que pode ser particularmente difícil para as vítimas do sexo masculino denunciarem este tipo de crimes. "É difícil para as mulheres e meninas denunciarem [os crimes de violação sexual] por causa do preconceito, entre outros motivos, mas muitas vezes é ainda mais difícil para os homens e meninos" que passam por esta situação, disse.

É necessário, por isso, "criar um espaço seguro para que todas as vítimas denunciem estes casos”, defendeu Patten, alertando que os que estão agora sob investigação "representam apenas a ponta do icebergue".

“A documentação de hoje será a acusação de amanhã”, frisou.

Por sua vez, a procuradora-geral da Ucrânia, Iryna Venediktova, adiantou que o gabinete tem vindo a recolher relatórios de crimes de violência sexual cometidos pelas tropas russas contra homens e mulheres de todas as idades, bem como crianças e idosos.

Crimes de violação são "deliberados", diz procuradora-geral da Ucrânia

Em conferência de imprensa em Irpin, região onde têm sido denunciados vários crimes de violação cometidos pelas forças russas, Venediktova garantiu que Moscovo está a utilizar deliberadamente este tipo de crimes como uma estratégia para "assustar a sociedade civil" e "forçar a Ucrânia a render-se".

Várias equipas de procuradores e investigadores têm estado no terreno a recolher provas destes crimes, disse a responsável, acrescentando que violações em grupo, assaltos à mão armada e violações cometidas à frente de crianças estão entre os testemunhos mais sombrios.

A comissária de direitos humanos do país, Lyudmila Denisova, reportou oficialmente os casos de 25 mulheres que foram mantidas em cativeiro e violadas sistematicamente em Bucha, região onde foram divulgadas imagens de crimes de guerra que chocaram a comunidade internacional. Os resultados das autópsias dos corpos encontrados em valas comuns naquela região indicam também que algumas destas mulheres foram violadas antes de serem mortas pelas forças russas.

A enviada especial da ONU, Pramila Patten, explicou que viajou para a Ucrânia devido às evidências "esmagadoras" de violência sexual generalizada e sistemática no país desde o início da guerra.

“Eu não podia simplesmente continuar no meu escritório em Nova Iorque enquanto recebia estes relatos tão angustiantes de violência sexual. Estou aqui porque não podemos deixar que estes crimes passem ao lado sem consequências consistentes”, disse Patten.

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