ONU documentou provas de violência sexual e detenção, maus-tratos, tortura e assassínio de civis e de prisioneiros de guerra por todas as partes em conflito na Ucrânia

22 abr 2022, 11:31

Gabinete da alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos descreveu esta sexta-feira a guerra na Ucrânia como uma "história de horror de violações contra civis", em que o respeito pela lei internacional foi "deixado de lado"

A missão da agência da ONU responsável pelos Direitos Humanos em Bucha, nos subúrbios de Kiev, documentou a morte ilegal de cerca de 50 pessoas, incluindo por execuções sumárias, avança a BBC, citando uma declaração do gabinete da alta comissária - que acrescenta que as investigações mostram que Bucha "não é um incidente isolado" e que estas mortes constituem crimes de guerra.

Recorde-se que, desde que as tropas russas saíram de Bucha, no início de abril, foram encontrados centenas de corpos de civis, nomeadamente enterrados em valas comuns. O Kremlin garante que se trata de uma "encenação monstruosa" do lado ucraniano com intenção de denegrir o exército russo. 

"Durante uma missão a Bucha a 9 de abril, responsáveis de direitos humanos da ONU documentaram a morte ilegal, incluindo por execução sumária, de cerca de 50 civis", disse Ravina Shamdasani, porta-voz da alta comissária para os Direitos Humanos da ONU, citada pela AFP.

A equipa de investigadores da ONU documentou ainda provas de violência sexual, bombardeamento indiscriminado de áreas e infraestruturas usadas por civis e a detenção, maus-tratos, tortura e assassínio de civis e prisioneiros de guerra por todas as partes em conflito. 

A alta comissária para os Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet, fez um apelo urgente a todos os envolvidos nos combates pedindo-lhes que respeitem a lei internacional e garantiu que todas as denúncias de alegadas violações ou crimes de guerra serão investigadas: o alto comissariado já recebeu mais de 300 denúncias de mortes de civis nas regiões de Kiev, Chernihiv, Kharkiv e Sumy, todas sob o controlo das tropas russas no fim de fevereiro e final de março. 

"Sabemos que os números atuais serão muito mais altos, à medida que os horrores infligidos em áreas de intensos combates, como Mariupol, venham à luz do dia", disse a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, citada pela Reuters. "A escala das execuções sumárias de civis em áreas antes ocupadas pelas forças russas está também a emergir. A preservação de provas e o tratamento decente dos restos mortais tem de ser assegurado, bem como ajuda psicológica e de outros tipos para as vítimas e os seus familiares", acrescentou Bachelet.

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