Ucrânia lança caça ao homem para capturar soldados que torturaram e mataram em Bucha: “Os dez desprezíveis”

3 mai 2022, 20:57
Corpos numa rua em Bucha, nos arredores de Kiev, depois de as forças russas se terem retirado das áreas do norte ao redor da capital, a 2 de abril

Suspeitos "são procurados" por “homicídio premeditado”, acusados de terem torturado civis e saqueado habitações. Autoridades ucranianas querem levar os militares russos à Justiça

A Ucrânia diz que identificou dez soldados russos envolvidos no massacre de Bucha e que pretende levá-los à Justiça. O Ministério da Defesa da Ucrânia partilhou imagens dos militares russos, nas redes sociais, descrevendo-os como “os dez desprezíveis”. De acordo com esta publicação, os homens do Kremlin estão de regresso ao território ucraniano, depois de terem estado na Rússia.

“Dez carniceiros russos da brigada número 64 foram identificados e nomeados suspeitos de terem cometido o massacre de Bucha. Esta unidade foi premiada por ter cometido atrocidades e regressou ao campo de batalha. A justiça para criminosos de guerra é inevitável”, sublinhou o Ministério da Defesa.

Por sua vez, a procuradora-geral ucraniana Iryna Venediktova anunciou que estes suspeitos "são procurados" por “homicídio premeditado”, acusados de terem torturado civis e saqueado habitações. “Os suspeitos devem ser detidos para serem levados à Justiça”, acrescentou a procuradora também num texto divulgado nas redes sociais.

Um dos suspeitos identificado pela procuradora foi Sergéi Kolotsei, comandante da Guarda Nacional Russa (Rosgvardyia). “A polícia estabeleceu que a 18 março ele matou quatro homens desarmados e depois torturou um civil, simulando uma execução", afirmou Venediktova, sublinhando que o suspeito foi apanhado por câmaras de vigilância a enviar produtos roubados para a cidade russa de Ulianovsk.

As imagens do massacre de Buchaque esteve sob o controlo da brigada 64 durante mais de um mês, chocaram o mundo: dezenas de corpos foram encontrados abandonados nas ruas, muitos com as mãos atadas atrás das costas. De acordo com as autoridades ucranianas, já foram recuperados mais de 1.200 corpos de civis em cidades nos arredores de Kiev.

Porém, Moscovo continua a negar que tenham sido cometidos crimes de guerra. O presidente Vladimir Putin atribuiu mesmo um titulo honorário aos militares da brigada 64 por “heroísmo e valor, tenacidade e coragem” quando estes regressaram à Rússia.

Agora que esta brigada russa parece estar de volta ao palco da guerra - há relatos de que estão a combater na região do Donbass, apesar de já terem sofrido muitas baixas - os militares identificados podem ter de enfrentar a justiça ucraniana. Isso já aconteceu em 2014, quando a Ucrânia capturou e acusou de terrorismo dois soldados russos, que acabaram depois por ser entregues ao regime russo numa troca de prisioneiros.

Stephen Wilkinson, diretor do Centro de Direito Internacional e Humanitário Diakonia, na Suécia, afirmou, em declarações à BBC, que o facto de os homens identificados serem "soldados rasos" e não comandantes pode tornar a acusação mais fácil e rápida. No entanto, o especialista levanta algumas questões em relação ao desenvolvimento do processo.

"Mesmo que haja muitas provas, a lei estabelece que os suspeitos são inocentes até serem considerados culpados. Será um julgamento livre e justo? Há muita emoção envolvida."

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